Na segunda de manhã, acordei com o barulho do meu despertador. E me lembrei: tenho que ir pra escola. Puff. Eu já estava esquecendo disso. E, amanhã, meus pais voltam de viagem, tenho que organizar a bagunça que eu fiz durante esses dias. Levantei da cama, tomei um banho rápido, e vesti minha calça jeans clara com um rasgo no joelho, uma blusa branca de calor e uma blusa de frio xadrez. Passei um pouco de rímel e fiz uma trança no meu cabelo. Coloquei meus anéis necessários de todo dia, e olhei pra minhas unhas. E percebi que uma mão estava pintada de bege, e a outra, de verde. Sorri. Como eu fui fazer isso?
Desci, tomei meu café e fui andando pra escola. No meio do caminho, encontrei Madison. Ela estava com uma calça jeans escura e com um moletom com um desenho de um alien. Quando ela me viu, abriu o melhor dos sorrisos.
-Bom diaaa - ela disse.
-Boa dia, Mad. - sorri. Durante o caminho, nós colocamos o papo em dia, contei pra ela a história toda desde o início, do João Pedro, do Victor, das nossas brigas, da Sara, do Will. De tudo. A Madison me entende e me compreende, e isso, é muito bom.
Chegando na escola, avisto João Pedro e Victor, conversando, sorrindo. Não consigo conter o meu sorriso também. Eu nunca os vi descontraídos assim. Eles dois me vêem e sorriem.
-Bom dia, meus meninos - eu digo, e eles sorriem. João Pedro vem até mim e me dá um beijo na testa e Victor, me dá um beijo na bochecha. Eu agarro o braço deles dois e entro com eles e com Madison dentro da escola.
A primeira aula, é de Português. O professor Hank pede pra nós formarmos grupos de quatro pessoas para fazermos uma redação. Sem pensar duas vezes, chamo João Pedro, Victor e Madison. Meus únicos e verdadeiros amigos no momento.
Chega a hora do intervalo e eu saio da sala, rumo a cantina. E ouço passos atrás de mim, eles vão ficando mais rápidos e logo as mãos de alguém alcançam meus olhos. Sorrio ao sentir o cheiro do perfume de João Pedro. Mas ele, não diz nada. Ouço o barulho de uma porta abrir, e ele me empurra pra dentro dessa sala, e fecha a porta. E tira os dedos dos meus olhos, sorrindo ao perceber minha confusão.
-Ué, por que você me trouxe aqui?
-Porque eu queria ficar um momento a sós com você, mas isso é quase impossível. Você é muito disputada, menina. - ele diz, e eu sorrio.
-Mas agora você conseguiu, baby.
-Já tava na hora. - ele diz, estendendo os braços e me envolvendo neles. Fecho os olhos e relaxo. Ele me deixa tão segura. Tão... feliz.
-O que você acha da gente dar uma volta hoje a tarde? - ele diz, depois de me soltar.
-Acho ótimo. Mas, eu tenho que arrumar minha casa hoje.. meus pais chegam amanhã de viagem.
-Se você quiser, eu te ajudo.
-Ui, vai dar uma de faxineiro? - eu digo, rindo.
-Eu sou o escravo do lar, baby.
-Ah é? Você usa avental também?
-Adoro! - ele diz, forçando a voz pra ficar fina, o que me arranca bons minutos de riso.
Na hora de ir embora, me despeço de Madison e Victor. Pois João Pedro vai me acompanhar até em casa pra me ajudar com a faxina. Quando digo isso pra Victor, ele faz biquinho e depois sorri. Madison assente e se despede. João Pedro me chama pra ir, e passa seu braço até o meu ombro, e nós vamos andando, conversando.
Ao chegar em casa, pego as coisas que vamos usar pra limpar. E coloco uma música eletrônica pra tocar, pra descontrair. Ao olhar pra João Pedro, vejo ele de avental, lavando as louças e limpando a pia, cantando e dançando. Pego um avental também e começo a sorrir e não é pouco. Pego um pano e vou tirar o pó das coisas, juntar as coisas espalhadas pelo chão e colocar tudo no lugar.
Após uma hora, nós enfim terminamos. A casa está impecável. Tudo está limpo, cheiroso e no lugar. Abraço João Pedro pra agradecer e ele me ergue do chão, me girando. Eu olho pra ele e seu nariz toca o meu. Esse toque me arrepia, mas eu apenas viro o rosto e dou um beijo na bochecha dele.-Que tal a gente ir comer alguma coisa? To com fome - ele diz, fazendo biquinho.
-Acho ótimo. Deixa eu só fazer uma coisa rapidinho lá em cima - eu digo e subo as escadas.
Entro no meu quarto e passo um pouco de perfume, solto meus cabelos e passo um batom bege claro.
-Vamos?! - ele diz, ao me ver descer.
-Vamos - eu digo e entrelaço minha mão na dele.
Chegando lá, nós pedimos nosso lanche e nos sentamos em um banco. Ele senta do meu lado, colando seu corpo no meu. De princípio, me sinto desconfortável, mas depois, relaxo. Nós pegamos nosso hambúrguer e comemos. João Pedro se atrapalha com o ketchup e suja toda a boca, parecendo uma criança. Sorrio, e com um dedo, limpo a sujeira ao redor de sua boca.
Depois de terminarmos de comer, continuamos sentados no banco, conversando.
-Sabe, ta sendo incrível passar esse tempo com você - eu digo, deitando minha cabeça no ombro dele.-Digo o mesmo - ele diz, acariciando meu cabelo. Ele coloca a outra mão dele perto dos meus joelhos, e eu, as seguro. Ele me faz tão bem.
-Sabe, eu me nunca senti tão feliz assim, como eu me sinto, quando estou com você - ele diz, e eu, o encaro. Encaro sua boca. Encaro cada traço do seu rosto. Encaro o menino por quem eu sou completamente encantada. Eu sinto ele chegando perto de mim, tão perto que posso sentir sua respiração ofegante. Nossos narizes se tocam. Eu viro o rosto pro lado, fazendo o rosto dele encostar no meu pescoço.
-Desculpa, João.. Eu não quero ir muito rápido.
-Tudo bem, Lice. O erro foi meu. Me desculpa.
-É claro, meu menino - eu digo, colocando minha mão sob a dele.
-Meu menino?
-É. Meu menino - eu digo e ele sorri. Um sorriso sincero e completamente encantador.
Depois de algumas horas, decidimos ir embora, e ele insiste em vir me deixar em casa. Por fim, eu concordo. Após alguns minutos de caminhada e conversa, chegamos.
-Obrigada por hoje. Foi incrível - eu digo, parando em frente a porta e pegando a chave pra abrir.
-Deveríamos sair mais vezes e também, fazer faxina mais vezes - ele diz, o que nos faz rir.
-Bom, até amanhã. - eu digo, dando um abraço apertado nele, que retribui. Dou um beijo suave na bochecha dele, e ele me dá um beijo na testa. Entro em casa e o observo. Ele olha pra trás e diz:
-Boa noite, minha menina. Se cuida - ele diz, e sorri. Eu sorrio também e faço um coração com as mãos pra ele.
Entro em casa e me lembro de uma coisa. Will. Ele ia embora hoje e eu esqueci completamente de ir ver ele no aeroporto pra me despedir. Ele deve ter ficado chateado. Ou não. Vou até a cozinha, e como um pouco de comida. Nada muito pesado.
Subo pro meu quarto, troco de roupa e coloco meu pijama de panda, faço as lições que tenho pra fazer e decido ler um pouco, pra me dar sono. Amanhã, quando eu chegar da escola, meus pais vão estar em casa. Estou sentindo muita saudade deles. Leio cinquenta páginas do livro, e logo o deixo de lado. E começo a pensar. Pensar no meu futuro. Pensar em faculdade, em casar, em ter filhos, em ser feliz do lado de alguém. E tanto penso, que adormeço.
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O Amor e a Escolha
RomansaAlice Whitman é uma adolescente de 16 anos que sonha com um final feliz. Ela é totalmente confusa, totalmente perdida em seus próprios sentimentos e mais ainda em suas ações. E pra completar isso, ela se encanta ao mesmo tempo por dois irmãos: João...