Capítulo 15: Origens

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"O passado não reconhece o seu lugar; está sempre presente" – Mario Quintana.

No instante em que Lauren precisou cruzar o gigantesco saguão de jogos do Iate de Lemon Bishop, sem que ninguém a notasse, automaticamente seu modo agente veio à tona em alerta total. Ela precisava estar pronta para saltar daquela embarcação em movimento se fosse necessário, por isso, todo o seu corpo começou a produzir adrenalina como um louco.

Aquele momento ideal para agir havia surgido entre uma taça e outra de champanhe com a agradável (até demais) Alexa Ferrer. Não que a mulher não fosse um poço de educação – talvez, para compensar seu esposo inconveniente, e ainda por cima contasse, com todo aquele entusiasmo genuíno, sobre seu trabalho voluntário com crianças periféricas no Brasil, contudo, havia algo de errado nela, o que fazia Lauren não conseguir realmente engoli-la.

Sim, algo nela parecia ensaiado demais. O que Lauren precisaria investigar depois, já que as prioridades no presente momento, envolviam peixes muito maiores para se observar e analisar. Principalmente quando dois dos capangas de Bishop faziam a segurança das entradas que levavam ao andar de cima. Talvez, fosse o caso de o próprio estar ali aquela noite.

Mas ela não precisou subir. Sua sorte parecia estar algo como acima da média aquela noite, já que, a recém descoberta filha de Lemon Bishop, Verônica Iglesias, caminhava distraidamente a sua frente mexendo ao celular. Lucy Vives não parecia a vista, o que não fazia de Verônica um alvo de investigações menos visado. Na realidade, ela era o tipo de pista anzol que poderia trazer todo o resto à tona. Lauren só precisaria realizar o procedimento correto.

Aquele havia sido o motivo para a agente do FBI seguir até um dos banheiros femininos do cassino tão sorrateiramente. A outra mulher havia acabado de entrar e deixado sua bolsa de mão, onde Lauren apostava estar o celular, sobre uma das pias de marfim, enquanto usava um dos boxers privados. Lauren deveria ter algo como dois minutos para instalar o grampo mais rápido de sua vida.

Os acessórios que ela tinha a mão deveriam ser suficientes e assim que Lauren conseguiu remover o chip, usando a haste do brinco para abrir um dos compartimentos do aparelho da Apple, instalou a microplaca de transmissão, que receptaria todos os dados daquele aparelho para um ramal que Normani pudesse acessar. O celular foi reiniciado enquanto Lauren o colocava de volta a bolsa e a fechava, tudo eficientemente a tempo de não ser vista por Verônica.

A partir dali ela só precisou saber como puxar assunto e fingir suficientemente bem ser a pessoa que ela deveria ser. Funcionou. Verônica Iglesias não percebeu que a partir dali teria todas as suas comunicações e localização monitoradas pelo governo americano.

Quando ela viu Camila se aproximar comentou que iria ao encontro de sua esposa, o que fez Verônica sorrir com animação e comentar sobre como elas faziam um belo casal. Lauren também sorriu, apenas não entendendo bem o porquê do comentário a tê-la deixado orgulhosa de certa forma. Sentir aquele tipo de sensação em relação à Camila não era um bom sinal.

– Não acredito que você conseguiu grampeá-la.

Por sua vez Camila Cabello estava um tanto atônita.

Que Lauren não brincava em serviço, Camila já sabia, mas aquela manobra havia sido fodidamente precisa e as ajudariam a obter informações milhares de vezes mais rápido do que com as escutas no Iate. Afinal, além de ser a misteriosa filha de Lemon Bishop, aquela mulher ainda namorava a tão procurada Lucy Vives, o que deveria leva-las a algumas pistas importantes. Encontrar respostas para os dilemas daquela missão, a partir daquele grampo, parecia ser tão certo quanto o monte de mato fervido que Lauren fatalmente prepararia ao retornarem ao hotel.

Agente Cabello ♔  camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora