Agente Cabello ♔ camren

Capítulo 23: Não Significa Nada

NA: A única coisa que digo pra vocês são duas palavras: post duplo. E que a @kordeiemnarnia é a melhor pessoa do mundo e agora beta os capítulos pra mim <3

Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto.- William Shakespeare

– Isso é uma parceria, mas eu nunca conseguiria confiar integralmente em você, mesmo já tendo salvado a minha pele, sabendo pra quem você trabalha. Não é você o problema, são eles. – declarou Camila deixando de lado a laranja que pretendia comer.
Camila podia lembrar nitidamente de nunca ter tido grandes filtros na hora de dizer algo. Algo que eventualmente só piorou conforme ela crescia e tomava consciência do quão poderosas as palavras eram.

Seu apetite pareceu trancar ao relembrar aquele assunto, contudo, ela prosseguiu nele. Não que pretendesse contar exatamente toda aquela parte complicada do seu passado à Lauren, pois já estava mais do que ciente como não seria necessário. Ela só ouviria o suficiente para fazer como todas as pessoas que não a conheciam, e se manter longe.

Ninguém quer realmente se envolver em traumas passados que não são seus.

Contudo, naquela noite, ela descobriu como havia sido burra o suficiente ao ponto de achar que suas regras se aplicavam à Lauren. Como se todas as pistas já não estivessem ali no meio da convivência maluca delas desde o começo, apontando, para como Lauren não era como todas as outras. Ela não recuava.

– Eu já detestava todo mundo que fosse do FBI muito antes de entrar na agência, por isso, apesar de te achar chata pra caralho com diversas coisas, não é exatamente você que me dá raiva e sim a droga daquela organização toda.

– Então você não me detesta, só o fato de eu trabalhar para o mesmo governo que você?

Lauren não escondeu sua confusão com aquela sentença e, enquanto franzia a testa, mantinha o silêncio trazido por sua pergunta.

Não que daquela forma ela quisesse arruinar todo o seu plano interno de se manter indiferente, mas havia algo no tom da sua voz e na forma que ela a olhou antes de voltar a falar, que demonstrava coisas antes nunca vistas por Lauren em Camila. Fragilidade era uma delas.

– Sim, e ainda te detesto um pouco mais que a média, por você ser aquele tipo de pessoa que realmente acredita que o FBI é um pólo de decência e moral, onde os mocinhos heróis seguem a lei, salvam cidadãos em perigo e nunca querem nada em troca, quando na verdade é tudo uma grande besteira.

O tipo de besteira que arruína vidas. Havia arruinado a dela de diversas formas diferentes.

– Olha, eu até concordo com você que nem tudo é perfeito lá dentro, mas não é tão diferente do que acontece na CAP, por exemplo. Nenhum lugar está isento de ter péssimos profissionais que só estão ali pelo dinheiro, o que não significa que seja tudo uma besteira. Eu conheci pessoas que acabaram mortas salvando a vida de alguém dentro e fora de uma missão, e que mesmo sabendo dos riscos, foram até o fim sem pensar duas vezes. – retrucou Lauren claramente na defensiva.

Camila estava fazendo uma generalização cruel!

– Me diga uma instituição que seja perfeita e eu calo a boca, pois o lugar que você acha uma besteira é a única coisa que muita gente tem.

A de olhos verdes tentava manter seu ponto, deixando a xicara que agora tinha leite e canela, de lado. Camila por sua vez, apenas tamborinava os dedos no balcão, talvez, tentando buscar a resposta que não tinha.

– Você claramente não está entendendo meu ponto aqui. – retrucou Camila quase a deixando para trás falando sozinha quando lembrou que ainda tinha alguns cigarros na bolsa. Parecia que uma carga gigante de estresse tinha se instalado sobre os seus ombros e precisava da droga para relaxar. – Enquanto pra gente como você o FBI é a droga do paraíso, pra um monte de gente foi um verdadeiro inferno ver o que corrupção a impunidade faz com as pessoas.