Capítulo 20: Dias Ruins

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Se houve alguma coisa que seu treinamento na CAP a havia ensinado a respeito isso era como lidar com seus dias ruins. A lei de Murphy era simples e direta: se pode dar errado, dará. Por isso, aprenda a lidar com toda a merda da melhor maneira possível.

Literalmente, sua vida dependia de boas decisões, todos os dias, quando estava em campo e por esta razão era tão importante sempre estar no controle dos seus piores momentos. Aquela manhã, por exemplo, quando teve de sair da casa de Dinah e voltar com Lauren para o hotel, não era seu pior dia em campo, mas estava uma completa porcaria.

Camila se sentia péssima, com o nariz ardendo, a temperatura uma completa bagunça e sua cabeça desmoronando sobre seus ombros de tanta enxaqueca. Ainda assim, ela agiu como se nada estivesse acontecendo. Sorriu para o porteiro. Cumprimento a todos com um "bom dia" animado e segurou firme a mão de Lauren como uma esposa plenamente feliz faria no seu lugar.

Por dentro, claro, Camila mandava todo mundo para o inferno. Era um dia de merda.

E que dia.

Afinal, como diabos o dia poderia ser bom quando seu relógio biológico estava um lixo? Ela literalmente havia visto o dia amanhecer, após não ter conseguido pregar o olho sequer um maldito minuto na noite anterior.

Sua garganta ardia e a droga daqueles antibióticos a deviam ter afetado de alguma forma retardada. Insónia e todas aquelas dores só podiam trazer o pior de qualquer um.

Por isso ela precisava com tanta urgência da sua cama e de ninguém a enchendo o saco o resto do dia.

Camila quase desmaiou de exaustão ao perceber que sua enxaqueca havia se transformando em uma Nick Minaj fazendo twerk em cada maldito neurônio seu. E ela esperava só acordar no fim de semana se possível, mas claro, o mundo era uma droga, assim como as batidas enérgicas que esmagavam sua porta.

Era Lauren. E ela trazia consigo um buquê de flores brancas?

– Nossa, sempre achei que iria cair de amores por mim, em algum momento, Jauregui. Só não achei que seria tão rápido, apesar do meu charme ser algo que realmente precisa ser testado pela ciência e tudo mais.

Sua parceira bufou entrando no quarto sem pedir licença e empurrando o buquê no seu peito. Camila quase se desequilibrou, claramente ainda não acordada o suficiente.

Lauren tinha consigo, pelo que pode perceber ao se alinhar melhor, um cartão azul marinho em mãos, enquanto seguia até sua cama e sentava na borda. Uou, primeiro uma declaração e agora teriam algum sexo selvagem? Aquilo estava esquentando. Literalmente. Seu corpo estava mole e quente como uma sauna cheia de vapor d'agua. Camila sentou também, mas por mal se aguentar de pé.

– Realmente, você é a garota charmosa cheia de baba seca no rosto e um ótimo hálito fresco de cigarros vencidos. – respondeu com um sorriso irônico que logo se desmanchou em irritação. – E que acabou me contaminando com todo seu sarcasmo idiota.

Camila a olhou tentando pensar em algo para revidar, mas acabou se sentindo cada vez mais mole e apenas parou para olhar as flores em suas mãos. Elas cheiravam tão bem! Nada como as flores de plástico que ela tinha em cima da geladeira de casa. Aquilo era cheio de vida.

Camila amava o cheiro das flores e como elas a faziam querer dormir mais.

– Está um frio aqui dentro e você está suando nessa roupa. – observou Lauren levando imediatamente uma mão à sua testa. Camila estava queimando de febre. – Caramba, preciso medir sua temperatura. Volte pra cama.

– Do que você está falando? Eu me sinto ótima, Lauren.

Era mentira, mas admitir fraqueza era algo que não combinava com ela em nenhuma situação.

Agente Cabello ♔  camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora