Capítulo 10: Yes, Drunk!

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Era a vigésima vez que Camila bufava apenas nos últimos dez minutos. Dizer que ela estava descontente era eufemismo. Ela estava, literalmente, puta da vida.

– Você poderia ao menos ter me dito que eu precisaria trazer um casaco. E um travesseiro. Ou sei lá, qualquer merda de suprimento para me ajudar a passar a noite acordada.

– Eu disse para você estar pronta em 30 minutos, não é culpa minha se você não se preparou adequadamente. Apesar de toda a paciência valiosa que gasto com você eu não sou sua babá, Cabello.

Camila quis bater a própria cabeça no porta-luvas até abrir uma fissura. Mal havia dado 19 horas e elas já estavam o que parecia dias, estacionadas ao lado de um prédio industrial velho construído nas proximidades do Porto de Embarcações de Havana. Ou seja, elas estavam estacionadas ao lado de um canal que cheirava a lama e peixe podre.

Em outras ocasiões Camila não se importaria com aquele mau-cheiro, até porque Miami tinha o mesmo cheiro nojento nos dias muito quentes, mas ela não podia apenas sentar ali e ficar calada. Era contra todos os seus princípios como vadia incurável não reclamar de alguma coisa. Além do que Lauren Jauregui ainda não havia tido sua dose de importunação desde que saíram do hotel, algumas horas atrás.

– Você pode ao menos me lembrar porque temos de ficar nesse criadouro de ratos por tanto tempo? Eu prefiro quando vamos investigar puteiros e coisas mais divertidas, você sabe.

Lauren tirou os olhos do par de binóculos que tinha nas mãos para observar a expressão sarcástica de sempre de Camila, para então voltar à olhar pelo binoculo, sem respondê-la de imediato.

– Porque estamos em uma ilha gerida por um traficante, gênio, por onde mais você acha que as drogas vão chegar?

Camila dá uma risada muda querendo, mesmo sem poder, tirá-la do sério. Ela não podia fazer nada se ela havia acordado mais escorpiana do que nunca aquela manhã.

– Entendi, nós estamos naquela fase chata da missão onde não tem realmente algo de importante para fazer então ficamos de tocaia até alguma merda acontecer. 

– Porque tudo que você fala parece ter saído de uma serie ruim do Universal Chanel? – rebateu Lauren tomando da mão de Camila o cigarro que ela havia acabado de acender para apaga-lo no painel do carro. Oh, elas tinham tanto em comum. Harry iria amá-la.

– A minha língua é um dom, querida, se você já tivesse dormido comigo saberia do que estou falando.

– Esse tipo de cantada realmente funciona com alguma mulher? Ou você só dorme com as desesperadas? – respondeu Lauren tomando um pouco de chá da garrafa térmica que trouxe consigo. Camila a olhou com um ar de reprovação.

Idiota.

– O único desespero que eu já vi foi das garotas que não querem sair da minha cama de manhã. Quase amolece meu coração.

– Estou surpresa que você tenha um. – comenta Lauren puxando seu celular em seguida. Ela mandou uma mensagem para alguém e voltou para seu par de binóculos idiota sem lhe dar mais qualquer atenção. Já havia passado das 19:30 e o total de zero coisas relevantes haviam acontecido, mas Camila inesperadamente parou de reclamar.

A agente da CAP, apesar de não parecer, sabia que deveria ter alguma consciência e se conter. Encher o saco da Jauregui era divertido, mas não podia fazer isso se fosse atrapalhar de alguma forma as investigações. E já que ficar ali naquele porto cheio de peixe podre era importante para conseguir alguma pista, então, teria de se contentar em fazer seu trabalho calada. Camila podia ser uma vadia, mas não era estupida. Qualquer movimento errado para fora do disfarce e estariam boiando nas aguas salgas embaixo do porto tão rápido quanto conseguia pensar em um apelido novo para Lauren.

Agente Cabello ♔  camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora