Prólogo

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Hoje é dia treze de março, e é uma sexta-feira. Não é uma sexta-feira treze comum, é o meu aniversário.

Esse dia é marcado por surpresas que eu ganho, e eu não estou falando de festas e balões.

Ganho notícias que tendem a mudar minha vida completamente.

Ano passado meu pai partiu para uma viagem sem data de volta. Ele ainda não voltou e nem deu notícias de onde está.

Nessa viagem ele vai, basicamente, de país em país procurando jovens promissores com um "talento musical" nunca visto antes.

Minha mãe começou com essa ideia de montar uma orquestra, já fazia uns trinta anos, porém o projeto dela era ensinar crianças e adolescentes de orfanatos. Ela queria ver o crescimento deles como músicos, acompanhar de perto, como se fosse mãe deles.

Ela nunca conseguiu realizar esse desejo.

Meu pai, logo após o falecimento dela, abriu uma escola de música. Os que tinham um melhor desempenho ele convidava para morar em nossa casa.

Com tantos lucros, ele comprou um casarão antigo que acomoda confortavelmente mais de quarenta pessoas, fora os visitantes temporários. Hoje em dia ela é conhecida como a "mansão musical".

Então á exatamente um ano, ele se decidiu a me deixar aqui com esses músicos barulhentos, que se acham os "astros do rock".

Nem se despediu de mim naquele dia. A única coisa que ele deixou foi um bilhete dizendo:

"Sophie, minha filha, conto com você para me representar enquanto estiver fora. Peça para o motorista te levar ao aeroporto, pois hoje o Andryl chegará de Oxford. Eu espero que você o receba com carinho e atenção, porque ele é a minha mais nova estrela.

PS: Não seja tão rigorosa com os garotos. Lembrem-se, vocês tem a musica em comum, então vocês tem que se entenderem, para o bem da reputação de nosso instituto."

Ultimamente é só com isso que ele se preocupa, a reputação do Instituto Suzane Keller, a casa que homenageia a minha mãe.

Ele nem se lembrou de que era meu aniversario. Que tipo de pai não se lembraria do dia em que sua filha nasceu?

Provavelmente o meu.

Junto ao bilhete tinha uma lista das características de Andryl. Fico me imaginando, porque esse garoto não mandou uma foto para podermos reconhecê-lo?

Naquele momento achei que seria pelo motivo dele não ter beleza alguma.

Como eu me equivoquei.

O menino ruivo, alto e magro que eu imaginei era sem duvidas a imagem de um nerdzinho qualquer estudante da Universidade de Oxford.

Andryl era o oposto de tudo aquilo. Apesar da magreza excessiva ele parecia bem confiante e passava uma imagem de respeito e boa educação.

Ele era elegante como todo inglês. Seus cabelos encaracolado, vermelho meio alaranjado, tinha um caimento perfeito em seu rosto pálido com algumas sardas marrons avermelhadas. Seus olhos grandes, verde claro. Seu sorriso, o mais encantador dos sorrisos que eu já vi.

Não tive como evitar me apaixonar por Andryl.

Em pouco tempo Andy já tinha muitos amigos. Não demorou muito para ele entrar em alguma banda iniciante do Instituto. A The Four Snakes triplicou a quantidade de fãs.

Eles eram muito bons tocando juntos.

A publicidade foi rápida e o sucesso surpreendente.

Andy era tão fofo e bonito que custou a eu acreditar que ele era real.

E eu já estava apaixonada por ele, o único que me dava atenção, que era carinhoso e gentil comigo.

Eu admirava isso, nem meu próprio pai me tratava tão bem assim. Estava carente de um pouco de atenção e não pude resistir.

No dia do primeiro show da banda, ele foi cedinho deixar os ingressos na minha cabeceira, no meu quarto. Junto tinha uma rosa branca e vários folders de restaurantes que ficavam nas redondezas de onde ia ser o show.

De qualquer forma eu não perderia esse show por nada, mas pelo jeito Andryl tinha planos para depois dele.

Naquela noite, depois de finalmente a The Four Snakes estrear nos palcos, ele me levou para um restaurante francês, um bem acima até para os padrões Keller.

Entendi que ele estava querendo ser romântico, algo bem cômico tendo em vista que ele usava coturnos velhos e roupas rasgadas dentro de um dos restaurantes mais caros da cidade.

As pessoas nos olhavam estranho, mas nada disso importava.

Estávamos apaixonados um pelo outro.

Ele até compôs uma musica para o Festival de Primavera dedicada a mim, comemorando cinco meses de namoro. Foi a coisa mais brega que alguém fez por mim.

Hoje é a primeira vez que a The Four Snakes vai voltar ao palco do primeiro show.

Andy disse que tem uma surpresa para mim, para depois do show. Igual a primeira vez.

Não sei bem o que esperar de hoje à noite, mascertamente sei que Andryl Evans irá me surpreender.    

O Piano BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora