Capítulo 25 - Richard

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É estranha essa sensação. Ver alguém que você amou tanto, depois de tanto tempo. Respiro umas dez vezes antes de finalmente criar coragem para subir aquelas escadas.

- Não vai rolar! Não vou conseguir fazer isso Lara.

- Você vai conseguir sim! Eu prometi para ela. Disse que você daria a ela uma chance de explicar o ocorrido. Vocês precisam se resolver. Não podem ficar nessa de não saberem nem o que são um do outro.

- Você sabe que essa decisão não cabia a você. Porque prometeu algo por outra pessoa?

- Porque você também me prometeu que iria tentar.

- Você esta vendo. Estou tentando. Tentei. Tentativa falida. Promessa cumprida. – Tento me afastar, mas suas mãos são mais fortes. – Credo. Anda fazendo musculação?

- UFC. Uma garota precisa saber se proteger.

- Está certo. Vou subir lá. Mas não garanto que a conversa irá durar muito.

-Tente. De verdade. Você precisa dar uma chance. Pelo menos escute tudo o que ela tem a dizer.

- Okay. Mas isso vai depender de quem vai estar lá em cima, me esperando. Carol, Krystal ou Karin?

Subo as escadas correndo e dou o meu nome para os seguranças. Eles não demoram a me deixar passar. Bato duas vezes na porta, até que finalmente ela abre. Parece clichê dizer isso, mas meu coração parou naquele momento. O suficiente para eu sentir que o sangue não estava circulando.

- Você está bem? Empalideceu de repente. – ela pega em minhas mãos enquanto eu continuava imóvel. – Está gelado. – ela faz uma carinha de quem está preocupada. Aquilo me tira daquele transe, e eu finalmente sinto meu sangue correr.

- Você se importa mesmo se eu estou bem? – entro no cômodo, antes que eu desistisse dessa ideia ridícula. – Estou aqui para te escutar. Tudo que você tiver que falar, fale agora. Pois não haverá outra chance.

- Eu me importo tá legal! – ela ergue o tom da voz. – Eu tentei entrar em contato. Você é quem não se importou nem um pouco! – ela aponta o dedo na minha cara.

- Ótimo. Já começamos bem. Gritaria, acusações. Se for assim eu vou e retirar, porque não vale o meu tempo.

- Você vai ficar aqui. – ela inspira. – Me desculpa. Me perdoa. Sério.

- Eu já te perdoei. Apesar de não saber exatamente o motivo de ter que te perdoar.

- Você sabe Richard.

- Sei? Quero ouvir da tua boca. – falo baixo. Ela se senta em um sofá de couro preto e eu a sigo e sento em um sofá igual ao dela, mas em sua frente.

Nossos olhares se cruzam. Nenhum de nós hesita. Ficamos tentando desvendar os segredos um do outro, tentando nadar na profundidade do olhar um do outro. Não sei ela, mas eu encontrei só tristeza, mágoa, arrependimento e solidão.

- Você está machucado. Mais do que eu pensei que estaria. Me perdoa. Me perdoa por não ter voltado para você depois da minha turnê de lançamento. Eu queria muito te ver. Foram os meses mais longos da minha vida. Na verdade tem sido um dos piores anos da minha vida.

- Eu só quero saber o porquê. Porque não deu noticias? Porque não avisou antes, que não iria poder me encontrar? Eu fiquei igual um trouxa te esperando!

- Eu ia, mas...

- Mas o que? Era a sua fantasia de Irene Adler não é? Ela fugiu com o amante, mas antes seduziu o coração indomável de Sherlock, o fez acreditar e se encantar com ela, só para depois fugir com outro. Sem dar satisfações, porque ela é uma mulher livre e faz o que quer, não é? – minha voz sai com muita mágoa, me seguro para não chorar.

O Piano BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora