Capítulo 15 - Sophie

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Depois de ter prometido para Arthur de que daria mais uma chance para os profissionais do jaleco branco, tive que cumprir minha promessa. Agora frequento o Hospital Paulus Patrem três dias por semana, para fazer fisioterapia.

A parte boa é que não preciso mais de psicólogo e nem psiquiatra. A parte ruim é que eles não podem fazer mais nada por mim, então eu ainda tenho que visitar periodicamente o meu neurocirurgião, que está louco pra abrir minha cabeça de volta, por que acha que mexendo no meu cérebro vai conseguir resolver o problema da memória.

O pior é que o Arthur também acredita nisso, e me pressiona pra ceder e aceitar a cirurgia.

Só que é muito assustador! A cirurgia tem que ser feita comigo acordada! Isso tem tudo para ser muito traumatizante.

Ando pelos corredores deste hospital há tanto tempo, que parece que eu sempre estive aqui.

Não demoro pra chegar até o andar da fisioterapia.

- Oi Ana!

- Chegou cedo hoje.

- Pra poder ir embora mais cedo.

- Ah, pensei que ia dizer que estava ansiosa para o que temos hoje.

- Ansiosa? Lógico, eu mal podia esperar pra chegar aqui e sentir a pior dor do mundo.

- Não diga que gosta? A maioria aqui detesta.

Ela começa a rir da nossa ironia e sarcasmo, e eu a acompanho.

- Você tem uma personalidade estranha pra trabalhar com algo tão sério.

- Você acha?

- Desde que cheguei aqui, não vi muitas pessoas autenticas por esses corredores. Você é uma exceção.

- Claro minha querida. Eu sou A exceção. Fico surpresa de ter constatado isso só agora.

- Na verdade, desde o principio eu desconfiei. – Ana nem escuta o que eu falo, está distraída com a papelada, pra ser mais exata, a minha papelada.

- O Arthur passou aqui mais cedo, disse que viu você tentando se levantar. A Jessica também, ela notou que você tem se esforçado bastante. Isso é bom.

- Eles querem que eu me livre da cadeira de rodas. No começo era até divertido, mas cansei de depender dos outros. Quero minha privacidade e minha independência novamente. O que significa que farei o máximo que eu puder para se livrar dessas rodinhas.

- Jura? Divertido? Meu Deus! Você deve ser de outro planeta Sophie! – ela ri e relê a papelada toda. – antes de iniciarmos a próxima seção, gostaria que você fizesse um relatório do seu progresso.

- Antes eu não sentia nada, era como se meus membros inferiores não existissem. Depois de um tempo comecei a sentir um incomodo. Uma dorzinha, não bem dor, estava mais para uma dormência que subia da sola dos meus pés até a coxa, e depois descia. Foi quando o Arthur recomendou que eu viesse pra fisioterapia. Foi constatado que eu não perdi os movimentos para sempre, era só uma questão de tempo. – paro e reflito no que acabei de dizer, uma questão de tempo. – Na primeira semana aqui já senti os efeitos, meus membros inferiores doem como nunca. O que é bom sinal aparentemente. A partir da segunda semana eu já conseguia sentir minhas pernas normalmente, porém não tenho força suficiente para me manter em pé, ainda. Todos os envolvidos não sabem se essa progressão rápida demais é um bom sinal ou um mau sinal. Mas o que eu sei é que espero andar logo, sem precisar dessa cadeira.

- Ótimo. Não esqueça que a nossa preocupação é que você pode estar forçando demais o seu corpo. Só isso. Então não tente apressar as coisas garota. Fechado?

O Piano BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora