Capítulo 20 - Sophie

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É claro que me arrastaram para o tal festival. E é óbvio que eu fui obrigada! Não me deram muita escolha. Depois da minha fugida no meio da madrugada, que acabou sendo reveladora no final, declararam que eu definitivamente deveria interagir mais com a sociedade. Se não fosse, me ameaçaram de me mandar para os "profissionais de jaleco branco". Aff!

Tomei uma decisão de última hora. Para mostrar que eu estava sim interagindo com pessoas diferentes das que moravam naquela casa, fui até a portaria do prédio á frente.

- Felipe. Ele é alto, até que atraente. Não sei o sobrenome dele. Sei que ele se formou em Medicina. Deve ajudar, não? – o porteiro me olhava por cima dos óculos de maneira intimidadora, como se eu fosse uma delinquente. – Olha, veja bem, eu não estou tentando te enganar. – por um impulso ergui minhas mãos para o alto. – Ele me deu carona esses dias atrás e eu acabei ficando com algo que é dele. Só quero devolver.

- Você não vai entrar. – ele respondeu.

- Não preciso entrar. Se você só chamar o Felipe para mim, já está de bom tamanho! C'est pas possible!

Eu já estava desistindo de chamar o Felipe para ir comigo neste festival, quando ele aparece na portaria com um sorriso cínico e me olhando de olhos semicerrados.

- Até que enfim! Estou aqui há quase meia hora tentando fazer esse seu porteiro chamar você!

- Oi para você também! – ele deu risinho e continuou me encarando daquele jeito estranho.

- Ah, oi. Por que está me olhando assim? Eu hein. – o Felipe caiu na gargalhada.

- "Ele é alto, até que atraente". – eu fechei os olhos no mesmo instante. Meu Deus que vergonha! - Eu estava pegando as correspondências e dai você soltou um "ele se formou em Medicina". Fiquei curioso em saber quem estava atrás de mim.

- Eu não tinha muita referência. Usei o que eu sabia. – dei de ombros.

- Tenho certeza que o meu porteiro tem uma referência de "atraente" bem diferente da sua. – ele cochichou no meu ouvido.

Depois de alguns segundos tentando me recuperar da atitude dele, ele passa a mão no meu rosto e diz:

- Você estava soando tão desesperada que até parecia que iria morrer se não conseguisse falar comigo.

Tirando a mão dele de mim eu respondi:

- Eu não vou morrer, mas vai ser como a morte ir naquele festival sem uma companhia. Então eu escolhi você.

- Que honra.

- Eu só vou deixar você continuar com essa cara de cinismo e presunção, se achando "O cara" só porque preciso que você aceite ir comigo no festival. – foi a minha vez de usar o sorrisinho carregado de presunção.

- Se a madame me quer de companhia, certamente farei as honras.

- Menos né. Eu passo aqui ás 20h. Mas espere aqui na portaria, o seu porteiro não gosta muito de mim. - Já estava me dirigindo para a saída quando ele segurou o meu ombro.

- Eles não vão vender ingressos na hora, até porque o show será feito no Instituto e até onde eu sei os ingressos já foram esgotados.

- Não se preocupe. Temos entrada VIP.

- Com direito a festa que ocorrera na casa Keller? – Felipe arregalou os olhos quando ouviu a palavra "VIP".

- Claro. Por isso passo aqui ás 20h. Depois agradeça a Lara. Ela que conseguiu as entradas. – a cara dele fez literalmente um "U". Ri muito com a cara dele.

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