O Piano Branco

Capítulo 24 - Arthur

Mas que grande merda Sophie! Tinha que beijar o Felipe bem naquela hora!?

Olho em volta, buscando qualquer conhecido. Logo avisto o Hayato.

- Hey! Hayato! Aqui! – aceno e ele vem até mim. – Cadê todo mundo?

- A Lara estava dando entrevistas, tirando fotos e dando autógrafos. A imprensa nacional não de cima dela. A Sophie e o Felipe decidiram assistir o show no meio do "povão". Não ficaram confortáveis ficando nos bastidores, junto com o pessoal "famosinho". Palavras de Sophie. – Ele ergue as mãos como se estivesse se rendendo.

- Entendo. Sabe do meu irmão? Richard?

- A ultima vez que eu o vi, ele estava tendo uma conversa acalorada com a sua irmã. Logo após ele subiu as escadas e entrou em uma porta. Parece que alguém o estava esperando, a Lara me disse.

- Isso é estranho. Richard não conhece ninguém aqui. Mas tudo bem. Você pretende assistir o show daqui, ou vai ir para o "povão" também? – Hayto ri da expressão que eu fiz.

- Cara. É muito bom estar em um lugar onde ninguém faz ideia de quem você é. Ninguém quer saber de mim aqui. Ao mesmo tempo eu acabo chamando atenção. "Quem é o asiático?". Já ouvi várias pessoas comentando por ai. Então, sendo sincero, eu quero aproveitar o show como uma pessoa "normal e comum". Entende?

- Entendo sim. Entendo muito bem! – até demais. – Então vamos de "povão"?

- Com toda a certeza iremos de "povão"! – Trocamos um Highfive e fomos ao encontro de Sophie e Felipe.

- Hayato? Como você soube que a minha irmã era a mulher certa para você?

- Isso não existe Arthur. Nem mulher certa, nem homem certo, muito menos momento certo. Mas acho que sei o que você quer dizer. Eu e sua irmã demos certo desde que nos conhecemos.

- Deram certo? Como assim?

- Veja bem. Nós vivemos em mundo regido por regras, aparências, status, dinheiro e festas. Quando conhecemos alguém neste meio, sabemos que nem tudo que a pessoa aparenta, ela é. Ficamos sempre com um pé atrás. Eu e sua irmã nos falamos pela primeira vez na Comic Market, ou Comiket, como preferir. É um evento para otakus que ocorre no Japão.

- Desde que me entendo por gente, a Lara é obcecada por esses eventos.

- Sim, ela é. Eu também sou. Enfim. Naquela época eu não fazia ideia de quem era Lara Reviere. Só conhecia o nome. Ela também não me conhecia. É difícil quando se é artista não chamar a atenção das pessoas. Ainda mais quando o seu rosto está estampado na televisão e nos anúncios. Minha estratégia e a da Lara, para poder frequentar o evento sem ser "descobertos", era de ir vestido de cosplay. No ano que nos conhecemos, demos a sorte de termos formado um par.

- Que? Eu não entendo disso.

- Ela estava de Asuna e eu de Kirito. Não vou te explicar, depois você pesquisa. O que importa é que eles são um casal, com uma história linda. Você devia largar o seu preconceito e assistir, é sério. Tem na netflix, Sword Art Online.

- Hayato! Foco.

- Ah sim. Eles elegem o melhor cosplay do evento. Mas se você estiver em grupo ou em dupla, você tem mais chance de ganhar. O fato é que os organizadores do evento acharam que eu e ela estávamos juntos. Sendo que até subirmos naquele palco, nós nem tínhamos notado um ao outro. Ganhamos, e ficamos meio impressionados por isso. Nem eu e nem ela queria os holofotes na gente. Pra evitar sermos reconhecidos. Pegamos o prêmio, tiramos as fotos e saímos correndo. Foi muito engraçado. – o Hayato sorri abertamente com a lembrança daquele dia. – Quando já não havia mais nenhuma possibilidade de sermos reconhecidos, nós paramos e fomos comer onigiri, que são aqueles bolinhos de arroz. Passamos o resto do evento juntos. Não saímos do assunto animes, mangás, Japão.