Capítulo 02

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Dois dias depois foram de carro até o prédio onde morava a família Brooke. Camila havia visto tudo àquilo pela TV, mas ao vivo era bem mais interessante. E confuso.

Havia carros no asfalto verde, como o que estavam, e no céu aladinhos. Aprendeu com Lucy que eram carros que voavam, embora ninguém os pudesse guiar, eram todos monitorados via satélite.

- Para que não ocorram acidentes! - Lucy lhe explicara ainda no hospital - Sabe Mila, nunca acontecem acidentes aqui. Nunca. E todos os aladinhos são idênticos, são fornecidos pelo governo. Assim ninguém teria inveja do outro. Ninguém os compra, mas todos os possuem. 

Agora ao estacionar em frente ao prédio, Camila nota uma chuva forte, não quer descer do carro por não suportar chuva e não ter um guarda-chuva. Vê espantada quando vê Lucy correr para a chuva com alegria e dançar na calçada do prédio. O engraçado é que outras pessoas também estavam na chuva. Adultos, crianças. Todos felizes.

- Olha que sorte Camila -disse a senhora Marília - está chovendo!

- Porque tanto alvoroço? Aqui não chove nunca?

- Sim chove. Olhe pra cima, vê aqueles objetos como discos mais acima dos aladinhos?

- Oh sim, agora noto. O que tem? O que são?

- Esses objetos se chamam Milacres. São destiladores de água. Uma equipe trabalha para que fique no céu funcionando. As vezes chove do Milacres, água pura e limpa. As pessoas ficam felizes e saem pra brincar. A chuva que temos é puro ácido. Por isso as solas de todos os calçados são preparadas para proteger os pés.

- Ácido?

- Sim, chuva de ácido. É um liquido viscoso e vermelho. Ocorrem com frequência, umas quatro vezes por semana, às vezes por dias seguidos.

- Oh meu deus! E o que fazem?

- Temos alto falantes. Onde há vida há mensagem. Casas, carros, ruas. E também há os noticiários da TV. Informam dia, hora e duração. Então a chuva dos Milacres purifica o ar e limpa as ruas.

- Por isso tanta felicidade com chuva.

- Vem Mila! Vamos brincar! - chamava Lucy a essa altura toda molhada.

E Camila experimentou. Curtiu o banho na chuva como se fosse a primeira chuva que via.

O prédio era todo de um novo tipo de metal que Camila depois descobriu que era para proteger do ácido. Embora houvesse muitos vidros, também tipos de vidro muito mais resistentes. Dentro do apartamento era tudo muito diferente, mas dava pra sentir certo aconchego. Poltronas brancas, diferentes, mas confortáveis. Estavam no 178° andar. Camila tinha medo de altura, porém a vista a fascinava. Prédios tão altos quanto e aladinhos voavam alinhados cortando o céu em três níveis diferentes de altura. Eram como ruas. 

A descrição do que viria a ser sua nova casa podia se definir em uma só palavra: Exótica! Camila sabia, no entanto, que era bem mais que isso, muito mais complexo e sua mentalidade geração anos 80 não estava processando muita informação no momento. 

Alguns dias depois Ally a convidou para ir a uma festa.

- Vamos Mila! Você vai se divertir! Tem uns carinhas lindos! Um tesão! 

- É! Acho que vou sim! Afinal, não estou morta! Hahahaha...

- Não acho que seja uma boa idéia. - Interveio Marília

- Mãe! Deixa de ser chata! Não deixarei Camila sozinha na festa. E prometo apresenta-la a rapazes bonitos e atraentes... Quem sabe não termina a noite com sexo quente?! Hum?! Hahahaha...

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