Andava devagar, como se carregasse o peso do mundo nas costas.
Olhar pro céu muito azul me doía o coração, era como se o bom tempo estivesse caçoando do meu estado de espírito.- Os pássaros estão voando mais alto que os prédios, só para provar que podem...
Tudo ao meu redor parecia tão estranho, me sentia intimidada e deslocada... Em resumo? Era só mais um dia comum... Nem era verão, mas o Sol estava impossível! Sentia-me presa numa armadilha de gente e documentos... Não é assim que a vida é? Conviver com as pessoas, se tornar uma delas e então lhe dão um número...Talvez dois...Três? Perdi as contas. Vários cartões de plástico na minha carteira. Não significam nada para mim.
Todos os dias eram sempre iguais: pegava um ônibus lotado e detestável para ir trabalhar de manhã em algo pouco significativo, depois corria para a universidade, tendo menos de uma hora de almoço. Eu nem queria estar ali. Não queria ser notada.
Horas e horas se passaram, estava escuro lá fora e minha cabeça doía no ritmo do falatório monótono e incessante do professor. Apertei as mãos contra o rosto. Frias. Minhas mãos estão sempre frias. Pressionei meus olhos cansados, queria dormir... Ouvi ao longe o som de uma sirene, provavelmente da escola ao lado... É normal tocar assim tão tarde?
Tentei acordar, só para lembrar que nem ao menos estava dormindo. Levantei a cabeça com força e abri os olhos, tentando afastar o cansaço, e tentei fixar o olhar no quadro negro a minha frente, mas...Que quadro? Não via nada! Por um minuto fiquei parada, confusa, encarando a escuridão.
- Mas que diabos...?
Escuro, muito escuro, não conseguia enxergar minhas próprias mãos. Talvez eu tivesse adormecido, as aulas terminaram e todos foram embora... Mas como não me viram aqui? Ora, talvez apenas não tenham se importado.
Tateei no escuro para encontrar minha bolsa e logo tive sucesso, pois, felizmente, estava ao meu lado como sempre. Com a bolsa pendurada no ombro, levantei-me aborrecida, estranhando o som metálico que meus passos faziam ecoar pela sala.
Encontrei às cegas meu celular na bolsa e abri o flip para ganhar um pouco de luz. Reparei que ele estava fora do ar, que porcaria de companhia telefônica...! Mas pelo menos a luz que emitia iluminava levemente a sala ao meu redor.
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Subconsciente: A origem do medo
HorrorA narradora possui uma rotina estressante fazendo-a desejar sumir, até que um acontecimento muda sua vida e faz com que a moça tenha o desejo profundo de voltar ao mundo real.