Parte 8

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Uma estadia relativamente longa naquela universidade e naquele curso me dera a capacidade esquisita de contar como uma máquina, além das pessoas em geral. Quero dizer que conseguia contar em números binários quase tão bem como em decimais e não precisei de esforço para saber que 110 e 11 poderiam querer dizer na verdade 6 e 3, respectivamente, na linguagem usada pelos computadores.

Desanimada com o fato de saber onde possivelmente estava o código, mas sem conseguir lê-lo, me forcei a pensar que aquilo poderia afinal ser outra coisa... quem disse que aquele era o código? Ainda faltavam duas salas para olhar e tentei então abrir a porta da sala 105.

Nada. A porta parecia bloqueada como a da sala 101. Só restava uma sala e eu estava muito nervosa. E se não tivesse nada ali? Já não tinha esperanças de que alguém viesse abrir a porta do prédio ao amanhecer, aquela situação toda era impossível!

Tentando conter o nervosismo, segurei com firmeza a maçaneta da porta da sala 104 que, para minha alegria, se abriu facilmente. Lá dentro estava escuro feito breu e a luz da lanterna mais parecia um feixe tímido e amarelado que pouco ajudava, mesmo contando com a luminosidade pálida vinda do corredor.

Ouvi um estrondo e fui engolida pela escuridão. A porta batera sozinha atrás de mim...! Ou não? Comecei a ouvir sussurros, tinha alguém ali, alguém cochichava nas sombras!!! Girei descontrolada, apontando a lanterna para todos os lados. A sala estava ficando fria, minha respiração começava a se condensar na frente do meu rosto e então o ruído mudou.

Algo como papel rasgando, mas mais úmido... Algo descolando...? Vinha das paredes, de dentro delas. A lâmpada, muito fraca, começou a piscar em cima da minha cabeça, alucinadamente, me permitindo ver flashes do que acontecia na sala e me deixando ainda mais nervosa.

Vi, como em câmera lenta, que alguma coisa saía das paredes! Era humanoide e fazia força para libertar seu corpo de aparência pegajosa, braços forçando a saída de um tronco e finalmente pernas até que desabaram no chão cinco ou seis criaturas, todas de uma vez e então começaram a rir. Risos e sussurros encheram a sala e a luz piscando me deixava confusa. Desesperada, me joguei contra a porta mas tanto faria se tivesse me jogado contra uma parede, estava muito bem fechada.

Senti um puxão violento nos cabelos e fui jogada para o meio da sala onde caí, gritando, os cabelos ofuscando a visão por um momento antes que me levantasse, desajeitada, suando frio.

Subconsciente: A origem do medoOnde histórias criam vida. Descubra agora