Estava errado, o código estava errado. Parece que havia um preço a se pagar afinal, por cada erro. Mas onde foi que eu errei? Revi as figuras e repensei nos números colocados. Para mim estava certo... talvez a ordem fosse de baixo para cima?
Mancando agora, me aproximei do cofre para tentar a combinação na ordem contrária. Me lamentei profundamente ao ouvir o mesmo ruído anterior, e lá estava, vermelho vivo, mais um corte profundo no tornozelo.
Me deixei cair no chão, já estava formando uma pequena poça de sangue ali... Pense, pense... os luxuriosos, o herege, o violento, a gulosa, o não batizado e o traidor...Não é possível, ninguém está fora do lugar! A resposta tem que estar em outro lugar que não nas figuras... O que perguntou mesmo Minos no texto?
Me arrastei de modo a poder ler o que estava na lateral do cofre e reli o começo do que estava escrito ali. "Responda, você que ainda vive, e o faça sem hesitar: quantas vezes minha cauda torci para cada um aqui julgar?".
Me senti desanimar... Eu tinha que estar certa! Minos torcia a cauda para apontar o número do círculo em que cairiam os condenados... cair... Ah, espere!!! Minos ficava guardando a segunda porta, a porta do círculo de número 2! Assim sendo, como poderia ele torcer a cauda para o bebê no primeiro círculo?! Ele não torceu, não é 1 e sim 0!
Levantei-me com dificuldade e repeti o código, de cima para baixo, trocando o 1 pelo 0. Ouvi um suave "clic" e a porta se abriu. Até que enfim!
Dentro do cofre tinha um pequeno embrulho de papel que peguei e abri apressada. Lá havia uma chave e o papel era nada mais nada menos que outra folha do meu diário. Dizia:
"Eu sou veneno. Tudo que eu toco apodrece e morre. Eu sei que não sou uma pessoa muito feliz... mas eu não queria machucar ninguém. Todos tem problemas o bastante sem ter de lidar comigo.
Me sinto cada vez mais desinteressada nesse mundo. Esse lugar é um FRACASSO! Uma experiência fracassada, ponto. Quero parar tudo e ir para casa agora...por favor..."
Engoli em seco, certamente tinha outra coisa escrita atrás da folha, mais uma mensagem para mim. Virei a folha devagar, tentando focalizar minha vista cansada. Lá estava aquela escrita rebuscada em vermelho:
"... e a noiva, por puro horror, disse SIM."
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Subconsciente: A origem do medo
HorrorA narradora possui uma rotina estressante fazendo-a desejar sumir, até que um acontecimento muda sua vida e faz com que a moça tenha o desejo profundo de voltar ao mundo real.