Parte 10

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Acordei com o som de água pingando e mantive os olhos fechados. Não precisei de nem um momento para me lembrar de tudo que tinha acontecido, até por que a dor em meu corpo, que se irradiava de determinados pontos feridos, era um lembrete por demais eficiente.

Eu deveria estar morta... Aquilo era a morte? Abri os olhos lentamente, e notei que estava encarando uma lâmpada que piscava. Estava ainda na mesma sala, nua e caída no chão. Deus, como estava frio! Meu corpo estava úmido e exposto, meus dentes batiam. Senti que estava descalça, deviam ter tirado minhas sandálias depois que desmaiei.

Sentei sentindo-me suja e desamparada. Minhas mãos bateram em algo duro... a lanterna. Estava jogada em um emaranhado de cabelos castanhos e cacheados... os meus! Passei a mão pela cabeça e constatei que meus cabelos, antes tão longos, haviam sido cortados pouco abaixo dos ombros e de forma pouco cuidadosa, mas isso agora não importava.

Levantei, abraçando meu próprio tronco com um braço e segurando a lanterna com o outro. Reparei que eu estivera deitada dentro de um desenho circular e vermelho no chão onde havia símbolos os quais não pude entender.

Olhei ao redor, apurando os ouvidos, esperando escutar ou ver talvez mais algum monstro, mas a sala estava silenciosa. Logo a frente estava uma manequim sem pernas, que trajava uma espécie de vestido esfarrapado. Com certeza não estava ali antes, mas afinal... um trapo era melhor do que nada.

Coloquei o vestido e tive uma vontade louca de chorar, embora já me escorressem lágrimas. Estava me sentindo perder a sanidade e imaginei que estava agora bastante parecida com o professor no laboratório: o rosto molhado, os cabelos emaranhados, tremendo e vestida em farrapos.

Tentei abrir a porta e tive imediato sucesso. Que irritante, por que não abriu antes?! Andei devagar pelo corredor, desanimada, o chão gradeado machucando meus pés descalços. Parei em frente à sala 103... Não tinha escolha... Tinha de entrar.

Colei o ouvido na porta, procurando ouvir o zumbido nauseante dos insetos, mas não consegui ouvir nada. Desconfiada, dirigi a mão para a maçaneta, mas antes que pudesse abrir a porta uma dor me gelou o corpo e caí no chão, gritando e me contorcendo.

Estava sem ar, suando tanto que o vestido colava em meu corpo. Meu coração palpitava e minhas pernas estavam meio dormentes. Não precisei pensar muito para concluir que eu estava envenenada, afinal seis serpentes haviam me mordido... Eu estava morrendo...!?

Subconsciente: A origem do medoOnde histórias criam vida. Descubra agora