Parte 4

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Sangue! Eu estava pisando numa poça de sangue que escorria por baixo da porta do box. Entrei em desespero! Será que a pressão fora demais para a caloura afinal?!

- Camila! CAMILA! ABRE A PORTA!!!

Estava esmurrando a porta, mas não obtive reposta. Corri, então, para o box ao lado e subi no vaso sanitário, me agarrando na borda da divisória e,de um fôlego só, ergui a cabeça para ver o que acontecia do outro lado.

Nada. Não havia nada lá. Nem sangue, nem caloura. Apenas uma cadeira de rodas velha com uma pequena lanterna de bolso em cima, que estava acesa.

Fiquei perplexa. Não só eu tinha certeza de ter ouvido o choro e visto sangue, mas também, já que ninguém tinha problemas de locomoção naquele prédio, não era nada comum ver uma cadeira de rodas por lá, que dirá uma abandonada pelo dono.

Passados bem uns dois minutos, nos quais não mudei sequer de posição, desci trêmula do vaso sanitário e saí do box, constatando que, afinal, a porta ao lado estava aberta. Entrei por ela, disposta a agarrar a lanterninha e sair correndo, mas ao me virar para sair em minha fuga desajeitada vi algo que fez meu coração congelar e minha voz falhar totalmente!

Uma criatura alta e esquálida estava parada à porta do box onde eu estava. Parecia não ter juntas ou ligações de qualquer tipo pelo corpo que brilhava sob a luz da lanterna de bolso como se estivesse inteiramente molhada, desde a cabeça pequena e tosca até os pés que eu não me atrevia a examinar, tendo os olhos fixos no que era supostamente o rosto da criatura, onde não existia nariz nem boca mas um buraco ensanguentado no lugar os olhos.

Fiquei absolutamente paralisada, como se meu cérebro não conseguisse decidir o que fazer ou quisesse fazer tudo ao mesmo tempo. O som do choro voltou a encher o banheiro e a criatura estendeu os braços em minha direção, vi que sua pele se descamava e soltava enquanto ela se movia, como se fosse algo que tivesse apodrecido na água.

Vi os dedos da criatura a centímetros do meu rosto e eram longuíssimos e finos. Minha mão apertava a lanterna a ponto de quase quebrá-la, mas minhas pernas pareciam ter se esquecido de como se mover, estavam bambas!

Subconsciente: A origem do medoOnde histórias criam vida. Descubra agora