Parte 7

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A maçaneta girava, mas a porta não abria, parecia trancada. Mirei um belíssimo chute de frustração na porta e, embora com isso tenha apenas ganhado um pé dolorido, o chaveiro do professor tilintou na minha bolsa com o movimento.

- Ah, até parece que eu tenho sorte assim... Bom... Por que não?

Puxei o chaveiro da bolsa e encaixei a pequena chave na fechadura. Com um ruído quase imperceptível a porta estava destrancada e tão logo isso aconteceu, comecei a ouvir um zumbido estranho de dentro da sala, um barulho que estava me deixando muito nervosa, por algum motivo.

Prendendo a respiração, abri a porta de uma vez só. O zumbido encheu o corredor inteiro e eu apontei minha lanterna pro interior da sala.

Foi a vez do meu grito encher o corredor. A sala estava cheia, cheia, do que pareciam marimbondos ou abelhas pretas! Uma nuvem de insetos que reluzia sob a luz da lanterna como uma onda negra no ar.

Para muitos aquela cena fosse perturbadora ou nojenta. Mas para mim quase nada poderia ser pior. Desde criança tinha um medo irracional, pavor, a insetos. Sabia que era entomofóbica e não conseguia controlar isso.

Percebi que meus braços haviam agido sozinhos e a porta estava muito bem fechada. Eu tinha ido, sem perceber, parar na parede oposta à sala 103 e me sentado no chão. Meu coração estava acelerado, estava com taquicardia e suava frio, minhas mãos tremiam e eu tinha lágrimas no rosto. Pensei, envergonhada, que nem a criatura no banheiro tinha me deixado em tal estado.

Respirando fundo para me recompor, pensei no que havia visto na sala. Não só a medonha nuvem de insetos, mas o que vislumbrei enquanto eles se mexiam. Alguma coisa... tinha alguma coisa escrita na parede mais afastada da porta, por trás da nuvem de insetos, em vermelho vivo. Uma sequência de números, pelo que parecia. Tinha lido 110 e 11 na parede, por acaso, mas sabia que não tinha lido tudo e nem em sequência, e não queria abrir a porta de novo... não abriria, não poderia...!

Aqueles números... 110 e 11... será que eu poderia tentar algo com eles? Mas a tranca da porta de saída era de 6 dígitos, e eu só tinha 5... Além do mais, quem escolheria um código com tantos números repetidos?

Fui até a porta da saída e tentei combinações com os números que tinha. Ao ver os dígitos lado a lado no display da tranca, me ocorreu que eram apenas 0s e 1s e podiam não ser os números que eu estava pensando.

Subconsciente: A origem do medoOnde histórias criam vida. Descubra agora