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Mikayla P.O.V

    Quando abri a porta da casa do meu pai pensei que seria recebida com gritos do meu pai perguntando onde eu estava em blá blá blá mas não, ele não estava em casa. Nem ele, nem a nojenta da Susan.
    Entrei no meu quarto, tranquei a porta e fiquei sentada olhando pela janela a rua. Não demorou muito até eu ver o carro do meu pai entrar na garagem. No mesmo instante eu corri para a cama e fiquei deitada com o cobertor por cima da cabeça.
    Ouvi passos pesados vindo pelo corredor seguido de batidas apressadas na porta.

  - abre a porta Mikayla! - ele gritou - Abre isso agora! Sei que está aí, os empregados viram você chegar!

    Olhei pela fresta debaixo da porta a sombra do meu pai se afastar mas logo voltou e a maçaneta começou a ser girada. Viro para o outro lado da cama e me cubro até a cabeça. Ouço a porta ser aberta, os passos do meu pai rondam minha cama, posso ouvir ele respira pesado e caminhar para longe.

  - sério, eu não consigo entender você! - ele diz e ouço o barulho da minha poltrona que fica nos pés da minha cama, ele sentou ali. - Você é uma caixinha de surpresas! Você quer ir à um psiquiatra? Porque, sinceramente, eu não te entendo! - suspira frustrado - Eu errei como pai é isso? Filha seu problema é achar que será sempre você o alvo das coisas, mas não é, o mundo não gira ao seu redor!

    Ele está colocando a culpa em cima de mim? Só por eu ter fugido e não ficar até o final do jantar de Michael? Certo, eu fugi porque eu quis mas nada disso teria acontecido se ele não quisesse sugar a fama de Michael e ele sabe muito bem que eu vi isso.

  - Não pai, eu não quero ir ao psiquiatra. - respondo firme e me sento na cama, olho ele nos olhos. - Sim pai, você errou como pai e não, eu não acho que o mundo gira em torno de mim, muito pelo contrário, você acha que o mundo gira em torno de si mesmo!

    Posso ver a cara de surpresa e raiva do meu pai, tudo misturado em um só rosto.

  - Mikayla Martins Gomes, você é uma garota com problemas, você deve estar perturbada para pensar que eu acho que o mundo gira em torno de mim
  - na verdade eu acho que você acha que o mundo é seu! Pai... Eu tenho nojo e vergonha de você e de ser sua filha! - fico de pé na cama no mesmo momento que ele fica de pé e começo a falar mais alto - Você passa por cima dos outros para se sentir melhor e maior que alguém mais no final você é apenas um...

    Estalo. Esse foi o barulho que eu ouvi quando a mão dele se chocou no meu rosto. Ele me bateu.
    Olho para ele incrédula e o mesmo parece preocupado agora que viu o que fez.

  - Mikayla eu...
  - monstro! - grito alto o suficiente para sentir todas as veias do meu pescoço e fazer com que uma das empregadas aparecesse na porta.
  - filha...

    Passo para o corredor com raiva e vontade de mata-lo. Durante o percurso até a escada eu quebro vasos e tiro quadros do lugar, uma pessoa me faz parar no corredor, Susan.

  - o que está acontecendo Mikayla? - ela pergunta

    Levanto a mão e bato na cara dela, nos dois lados de seu rosto, empurro ela contra uma parede fazendo a mesma cair no chão.

  - eu odeio você, vadia! - digo, continuo andando
  - Mikayla! - meu pai grita e vejo ele sair do meu quarto e começar a andar pelo corredor - Você está descontrolada!
  - Fica longe de mim seu monstro! - ele para no meio do corredor - Você é horrível, por dentro e por fora!

    Não sei como mas eu tropecei nos próprios pés e caí da escada, rolei até o meio da escada, senti minha cabeça molhada e logo depois tudo ficando escuro.

...

    Um barulho chato e uma claridade absurda. Abro os olhos, estou em uma sala azul clara e branca, tem uma máquina indicando meus batimentos cardíacos e uma bolsa de soro ligada na minha veia. Olho para meu lado direito e vejo uma poltrona de couro marrom abaixo da janela, tem um casaco por cima dela.
    Não me lembro de muita coisa, só de estar na escada e cair, o sangue na minha testa. Imediatamente ponho a mão na testa, tem um curativo ali. A porta se abre revelando um Michael sorridente com um copo de café na mão.

  - você acordou! - ele diz, beija minha testa e depois meus lábios.
  - por quanto tempo eu dormi?
  - duas semanas. - respondeu sentando na poltrona
  - e como eu vim parar aqui?
  - bom... Seu pai trouxe você pra cá depois de cair da escada, ele ligou para a sua mãe e ela disse para a sua amiga Danielle que me contou quando eu fui louco o suficiente para te procurar na escola e... Sua mãe, agora, sabe da gente.
  - hum... - murmurei
  - mas você se sente bem?
  - dor de cabeça e cansaço.
  - vou avisar o médico que você acordou.

    Pouco tempo depois o médico entrou com Michael e disse que eu teria alta a tarde. Fiquei o tempo todo passando os canais da TV, Michael já estava até cansado de me ver fazer esse movimento. A porta abriu revelando uma garota morena com cabelos cacheados e um garoto um pouco mais alto de cabelos castanhos.

  - Mika! - Danielle vem correndo e quase se joga em cima de mim
  - ai sua gorda! - reclamo dando tapas nas costas dela
  - finalmente acordou hein. - ela diz se levantando e dando um beijo no meu rosto.

    Ivan aproximou de mim e deu um beijo na minha testa passando a mão no meu cabelo logo em seguida.

  - e você amor, está bem? - disse
  - estou sim. - sorrio
  - eu trouxe um ursinho pra você. - ele me entrega a pequena pelúcia marrom
  - obrigada.

    Percebo Ivan e Michael se encarando, não entendi muito mas resolvi cortar isso.

  - então Ivan, este é o Michael que eu e a Dani falamos tanto.
  - vocês só não me disseram que era Michael Jackson. - ele dá um sorriso mas percebo ser forçado.
  - nós já nos conhecemos. - Michael respondeu e olha no seu relógio - Kayla eu preciso ir.
  - mas já?
  - te vejo amanhã? - ele chega perto de onde estou e eu concordo com a cabeça - Tchau Kayla.

    Ele beijou meu rosto e saiu. Olhei para Danielle mas a mesma apenas abaixou o olhar. Alguma merda aconteceu enquanto estava aqui, e eu vou descobrir.

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