David Lodge, em A arte da ficção, tem uma distinção primorosa entre cena e sumário:
Sumário
"A forma mais pura de se dizer é o resumo autoral (sumario) em que a concisão e a abstração da linguagem do narrador apagam o caráter particular e individual dos personagens e suas ações. Um romance escrito do início ao fim na forma de sumário seria, portanto, quase ilegível. Mas o recurso tem seus usos: é capaz, por exemplo, de acelerar o ritmo de uma narrativa, fazendo-nos passar mais depressa por acontecimentos desinteressantes."
Cena
"O Discurso ficcional alterna o tempo inteiro entre mostrar e dizer o que aconteceu. A forma mais pura de se mostrar são as falas dos personagens, em que a linguagem espelha com precisão o acontecimento (uma vez que o acontecimento é linguístico)".
Lembre-se: sumarizar acontecimentos não é fazer um resumo, e sim acelerar a narrativa em partes em que isso é possível e até desejado.
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Dicas para o seu Primeiro Livro
Non-FictionAqui estão alguns ensinamentos que absorvi durante alguns anos estudando sobre como contar boas histórias. Alguns textos são frutos de minhas anotações sobre vários conhecimentos que encontrei durante minhas pesquisas, outros apenas reproduções (co...