Agora depois de todas as cenas organizadas esta na hora de você decidir quais Técnicas Narrativas você vai usar em cada cena, quanto mais dessas técnicas você usar no seu romance, mais você vai causar aderência do seu leitor no seu texto, mais você vai deixar o leitor grudado na sua história até o final.
Vou apresentar agora as ferramentas narrativas usadas em séries de tv, filmes, e livros.
Lógica da Ação Reação
Recordo que o mecanismo de progressão dramática depende das escolhas do protagonista. Para cada escolha, e consequente ação, do herói há uma reação oposta das forças antagônicas. Esta reação normalmente frustra as intenções do protagonista, obrigando-o a tomar novas decisões e empreender novas ações, numa cadeia de eventos que conduz a estória até ao seu desenlace. Também neste caso se mantém a lógica de ações e reações já referidas. A cada movimento de uma das partes segue-se a resposta contrária, criando uma nova situação, que leva a novos movimentos, sempre num crescendo de tensão e conflito.
Protagonistas com Objetivos Iguais
Vimos que uma das formas de garantir o crescendo do conflito é fazendo com que protagonistas e antagonistas tenham o mesmo objetivo: querem o mesmo dinheiro, o mesmo objeto, a mesma recompensa e isso coloca-os em trajetória de choque. Em O Senhor dos Anéis todos querem O Anel, embora para fins diferentes.
Protagonistas com Objetivos Diferentes
Outra estratégia para aumentar o conflito é fazer exatamente o oposto. O que protagonistas e antagonistas querem, nesse caso, é contraditório entre si. Se os vilões querem fazer explodir uma bomba, compete aos heróis impedi-lo.
Unidades dos Opostos
"Da mesma forma que em alguns combates de gladiadores os adversários eram acorrentados um ao outro, para não se poderem afastar, os nossos protagonistas e antagonistas devem ter uma ""corrente"" invisível que os impeça de se afastarem. Esta força de atração pode ser física, geográfica, emocional, psicológica, social, mas tem de existir. Se protagonistas ou antagonistas tiverem a opção de evitar o conflito e conseguir na mesma os seus objetivos, porque razão não o hão de fazer? É o caso de alguns maus filmes de terror em que nós nos interrogamos porque é que os personagens não se limitam a pegar no carro e fugir da casa assombrada... Em filmes como The Shinning ou The Thing os personagens estão confinados num espaço físico de que não podem sair, por questões meteorológicas. No recente The Hunger Games a protagonista é fechada numa ""reserva de caça"" em que ela é simultaneamente caçadora e presa. Em A Vila todos os habitantes estão presos nos limites definidos pela tradição dos seus antepassados.
Já em Billy Elliot ou Precious são os laços familiares que mantém protagonistas e antagonistas juntos; em Platoon é a hierarquia militar; em A Lista de Schindler é a guerra.
Plantar/Colher
Diz-se que estamos a "plantar" quando introduzimos na história (e quanto mais discretamente o fizermos, melhor) alguma informação ou elemento que mais tarde terá uma importância inesperada. A essa revelação imprevista chamaremos então o "colher". Como em um filme em que o personagem aparece usando uma habilidade incrível em uma cena prévia, e depois a usa contra o protagonista no final. Alguém falando de algo que aconteceu em sua infância e depois isso é invocado no final do filme para justificar que o personagem vira a casaca.
Lançar uma Sombra: Quando alguém está a fazer a mala decide, quase sem pensar, levar consigo uma pistola. Como sabemos que a pistola vai inevitavelmente ser usada, percebemos instintivamente que a estória há-de rumar para territórios mais sombrios.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dicas para o seu Primeiro Livro
NonfiksiAqui estão alguns ensinamentos que absorvi durante alguns anos estudando sobre como contar boas histórias. Alguns textos são frutos de minhas anotações sobre vários conhecimentos que encontrei durante minhas pesquisas, outros apenas reproduções (co...