Capítulo dezessete.

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Joe deu banho em Demi, que estava fraca demais para pôr-se em pé. Quando terminou, ele a secou e vestiu uma camiseta larga nela, e uma cueca boxer. Demi parecia anestesiada, com a cabeça deitada no ombro do moreno enquanto ele passava os dedos pelos cabelos dela, tentando desembaraça-los.

Joe a deitou novamente na cama e se levantou, vestindo a camisa que havia tirado para dar banho nela, e calçando uns chinelos.

- Eu vou pegar algo para você comer. –ele sussurrou e ela assentiu- Vou trancar a porta, ok? –ele murmurou e ela assentiu novamente-

Joe saiu do quarto e fechou a porta, passando a chave na mesma. Enquanto descia as escadas, ele ouviu passos, e se virou assustado, suspirando de alivio ao encontrar Nicholas.

- Como ela está? –Nick perguntou, ao lado do irmão, descendo as escadas junto com ele-

- Mal. –Joe respondeu e balançou a cabeça- Como ele pôde fazer isso, Nick? –ele perguntou com um olhar perdido-

Ambos entraram na cozinha e Joe logo começou a preparar uns sanduiches para Demi.

- E ele ainda teve a cara de pau de falar que estava fazendo isso porque ela queria me matar. – Joe continuou, vendo que o irmão não falaria nada- Eu tenho nojo dele. –ele murmurou e Nick suspirou-

- Eu entendo, mas... É estranho você fazer isso. –Nick deu de ombros- Como você mesmo falou, ela queria te matar. –ele lembrou e Joe o olhou- Porque se importa com ela? Ela queria matar você. –ele sussurrou-

- Ela não matou. –ele deu de ombros- Ela teve inúmeras chances de me matar, mas não matou. Nem tentou, Nick. –ele explicou e Nick passou a mão pelo cabelo, com o semblante confuso- E eu sou humano. Não posso deixar Paul tortura-la. –ele falou e pegou um copo, servindo suco- Há alguns dias eu bati nela, Nick. –ele falou e Nick ergueu as sobrancelhas- Mesmo tendo sido criado vendo nossa mãe sofrer apanhando de Paul, eu bati em Demetria. Ela me bateu também, mas... Mas nem se compara, entende? Eu me senti um monstro. –ele balançou a cabeça-

- Só tome cuidado, Joe. –Nick falou e saiu da cozinha-

Joe demorou mais alguns minutos, juntando coisas para Demetria comer, e depois ele subiu, abrindo a porta de seu quarto e entrando. Demi estava deitada na cama ainda, chorando fracamente, mas assim que viu Joe entrar ela limpou as lágrimas, disfarçando.

- Trouxe sanduiches e frutas. –ele sussurrou sentando na beirada da cama e colocando a bandeja com as coisas em cima do criado-mudo-

- Eu preciso de um remédio para dor. –ela murmurou sem voz e ele assentiu, caminhando até o banheiro e pegando uma caixinha com remédios- Joe. –ela chamou e ele a olhou- Desculpa. –ela sussurrou e ele franziu o cenho- Por quase ter te matado. –ela falou fazendo força para sentar na cama-

- Tudo bem. –ele deu de ombros, lhe entregando um comprimido e o copo com suco-

Demi tomou o remédio, tomando metade do suco logo depois, e entregou o copo para Joe.

- Eu sou uma pessoa muito ruim. –ela falou passando a mão pelos cabelos molhados- Já matei muita gente, Joe. –ela falou, sentindo sua voz ficar tremula- Já matei crianças, sabia? –ela sussurrou e ele ergueu as sobrancelhas- Uma vez eu tive como trabalho matar um traficante mexicano, eu me infiltrei na casa dele, e ele tentou fugir, mas eu explodi a casa dele, e... E as trigêmeas dele, de seis anos, estavam na casa. –ela falou passando a mão pelo rosto- E eu nunca parei para me arrepender. Depois de tanto tempo fazendo a mesma coisa, a gente deixa de sentir, entende? –ela falou e Joe pegou a mãe dela-

- É passado. –ele falou e ela riu, torturada-

- Um passado que vai me perseguir para sempre, Joe. –ela falou e se virou, pegando um sanduiche-

Ela comeu rapidamente, tamanha a fome que sentia. Joe se levantou e caminhou até a janela, acendendo um cigarro e fumando-o para tentar quebrar a tensão que sentia. Depois de minutos, ele se virou, depois de esmagar o resto do cigarro no cinzeiro na janela, e viu Demi ainda sentada na cama. Ela já havia comido os dois sanduiches, e agora tinha uma maçã mordida na mão, enquanto lia cada cartela de remédio na caixinha em cima da cama.

- O que está fazendo? –Joe perguntou se aproximando e ela o olhou-

- Preciso de um remédio mais forte. –ela sussurrou e ele suspirou pegando a caixinha de suas mãos-

- O que eu te dei já era forte o suficiente, Demi. –ele falou e ela mordeu o lábio inferior, fazendo uma careta de dor logo em seguida-

- O que vamos fazer amanhã? –ela perguntou e ele franziu o cenho- Eu vou ter que voltar para aquele lugar lá embaixo, e vou continuar indo para a cama do seu pai todas as noites até ele se cansar de mim e me matar. –ela explicou- Porque não evitamos tudo isso? –ela perguntou-

- Eu não vou matar você. –ele falou e ela bufou-

- Porque não? –ela perguntou e ele sentou ao lado dela-

- Porque eu não quero que você morra. –ele falou e ela balançou a cabeça, agoniada-

- Eu mereço morrer, Joe. –ela falou com a voz embargada de choro- Eu não quero passar por aquilo novamente. –ela falou e ele negou com a cabeça-

- Não vai passar. –ele falou e Demi franziu o cenho- Apenas deita, e descansa. A gente dá um jeito amanhã. –ele pediu e ela assentiu-

- Eu quero escovar meus dentes. –ela murmurou e ele assentiu-

- Tem uma escova de dente sem uso no armário da pia. –ele falou e ela assentiu, levantando devagar- Quer ajuda? –ele perguntou-

- Não precisa, eu estou bem. –ela falou e caminhou lentamente até o banheiro, sentindo todo seu corpo doer fortemente-

Joe permaneceu sentado na cama, esperando-a voltar. Quando voltou, Demi se deitou na cama e Joe a cobriu com um edredom.

- O que seu irmão fez foi bem legal. –ela sussurrou se encolhendo no canto da cama-

- Sim, foi. –Joe murmurou e deitou ao lado dela- Posso dormir aqui na cama com você? –ele perguntou e ela sorriu de canto-

- Pode. –ela murmurou e ele sorriu, passando a mão pelo rosto dela- O que houve com sua mãe, Joe? –ela perguntou de repente e viu Joe hesitar- Não precisa contar se não quiser. –ela sussurrou e viu Joe pegar sua mão, entrelaçando seus dedos-

- Ela se matou, há três anos. –ele murmurou com a voz mais rouca, desviando o olhar. Demi arregalou os olhos, não esperando ouvir aquela resposta- Acho que ela se cansou de ser o saco de pancadas do meu pai, e de tolerar todas as traições, e as merdas inúmeras que ele fazia. –ele deu de ombros e voltou a olha-la- E eu realmente não quero mais falar sobre isso. –ele sussurrou e ela assentiu- Descansa, Demi. –ele pediu e elase aproximou dele-

- Sei que não tenho muito direito, mas... –ela murmurou e ele sorriu tristemente, passando um braço pelos ombros dela, fazendo-a deitar em seu peito-

Demi gemeu de dor, mas logo se ajeitou e fechou os olhos, sentindo Joe passar seus dedos pelos cabelos dela. E por incrível que pareça, ela dormiu tranquilamente, mesmo sabendo que essa tranquilidade não duraria muito. 

Behind Enemy Lines. [JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora