Capítulo vinte e três.

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Demi sentiu seu coração parar de bater por dois segundos, observando um Nate cabisbaixo, com o semblante sério, de uma forma que nunca esteve antes. Ele olhava o chão, mesmo sabendo que sua melhor amiga estava ali. Olhando daquele ângulo, Demi não conseguia ver se seu amigo estava ferido, mas quando Paul pegou nos cabelos loiros de Nate e ergueu seu rosto, Demi fechou os olhos assim que viu o nariz ensanguentado do amigo. Josh parou ao lado dela e arrancou a fita da boca dela, fazendo-a gemer de dor.

- Que bom que se juntou a nós, Demetria. –Paul falou sorridente e fez sinal para Josh que chutou as pernas de Demi, fazendo-a se ajoelhar há cerca de dois metros de distância de Paul e Nate- Pensou que seu amiguinho estava morto? –ele perguntou colocando as duas mãos nos ombros de Nate que fechou os olhos, sentindo repulsa e fúria-

Demi tinha a mandíbula trincada, com os olhos fixos em Nate que desviava o olhar. Queria gritar, se levantar e matar todos ali, mas sabia que naquele momento suas mãos estavam atadas.

- Eu ia mata-lo, sabe, Demi? –Paul continuou, mas Demi continuou o ignorando- Mas então nós paramos para conversar, e ele me falou algumas coisas que eu acho que você precisava saber.

- Por favor, não. –Nate sussurrou fechando os olhos e Paul sorriu-

- O que foi, Nathaniel? –ele perguntou e Nate balançou a cabeça-

- Ela não precisa saber. –ele murmurou com a voz rouca de tanta raiva-

- Eu acho que precisa. –Paul falou e olhou Demi que ainda encarava Nate-

- Que coisas? –ela perguntou com a voz embargada e Nate balançou a cabeça-

- Demi... –ele murmurou e Paul estourou em uma risada alta-

- Oh, eu não sou tão mal assim, garoto. Não vou obriga-lo a contar. –ele falou e olhou Demi- Eu mesmo vou contar. –ele sorriu-

Demi estava confusa. Se lembrava de Nate ter comentado no dia anterior que ele tinha descoberto coisas sobre seu pai, mas não fazia ideia de que Paul gostaria tanto dessa descoberta.

- Lembra de seu pai, Demetria? –Paul perguntou e Demi se encolheu, assentindo- Sabia que eu o conheci? –ele perguntou e viu Demi arregalar os olhos- Oh, sim, querida, eu e Patrick fomos grandes amigos. E Matthew, claro. –ele falou e Demi franziu o cenho- Nós três abrimos a empresa em que vocês aqui trabalham. Ou trabalharam... –ele falou e riu de leve- E então você nasceu, seu pai matou sua mãe e te colocou em um orfanato. –ele falou e Demi abriu a boca, incrédula-

- Patrick matou minha mãe? –ela perguntou tentando se levantar, mas Josh a segurou no chão-

- Sim, matou. –Paul deu de ombros- Ela era apenas uma prostituta, não teria sido uma boa mãe. –ele falou e riu de leve- E então os anos passaram, eu larguei a empresa na mão dos dois e me mudei para cá. Anos depois, seu pai morreu. –ele falou e Demi assentiu, sentindo todo seu corpo tremer- Você sabe como ele morreu? –ele perguntou-

- Foi no Japão. Ele e Matthew foram matar uma quadrilha inteira, mas eles pegaram meu pai. –ela falou e Paul riu de leve. Nate gemeu, balançando a cabeça e Demi franziu o cenho- Não foi? –ela perguntou e Paul balançou a cabeça, rindo ainda-

- Foi no Japão, Demetria. –ele falou- Mas não foi ninguém da quadrilha que matou seu pai. Mathew matou seu pai. –ele falou e viu Demi empalidecer-

- Não. –ela sussurrou, balançando a cabeça- Ele era melhor amigo do meu pai. –ela falou e Paul riu de leve-

- Sim, ele era, mas matou. –ele deu de ombros- Não me pergunte porque. Eu realmente não sei. –ele falou e Demi fechou os olhos, balançando a cabeça-

Paul sorriu, satisfeito por finalmente ter dito aquilo para ela. Já Demi, parecia transtornada, querendo administrar toda aquela informação, e ainda tendo perguntas. Perguntas que ela não faria para Paul, pois odiou aquele olhar satisfeito em seu rosto.

- Bom, agora porque não vem até aqui com seu amigo? –ele perguntou e ela se encolheu, franzindo o cenho-

Ela sentiu Josh soltar seu ombro, e mesmo temendo sua vida, ela se levantou, cambaleando e correu até Nate, se atirando em seus braços. Nate a abraçou fortemente, mesmo sentindo dor por todo o corpo pelos chutes que levou de todos naquele galpão. Demi queria chorar, queria gritar e matar todos ali para que ela e Nate fossem embora, mas sabia que suas chances eram nulas.

- Todos vocês podem sair. –Paul informou para seus capangas-

Não tinha perigo em ficar sozinho com Nate e Demi. Paul sabia que os dois estavam realmente machucados e fracos para poderem fazer algo, por isso fechou a porta assim que todos saíram.

Demi soltou Nate e parou ao seu lado, pegando sua mão e entrelaçando seus dedos nos dedos do amigo. Paul sorriu para os dois, parecendo realmente inofensivo.

- É uma linda amizade que vocês dois têm. –ele comentou caminhando pelo galpão- Se conheceram no orfanato? –ele perguntou e Nate assentiu- Interessante. –ele comentou e então observou Demetria- Quem fez isso no seu pescoço? –ele perguntou e Demi passou a mão pelo pescoço, onde tinha as marcas dos dedos de Joseph-

- Seu filho. –ela respondeu e viu Paul arquear as sobrancelhas, surpreso-

- Sabem o que dizem, certo? A fruta não cai longe do pé. –ele deu de ombros e Demi fez uma careta-

- Joseph não é como você. Ele tem um coração. –ela falou e Paul sorriu-

- É mesmo? –ele perguntou, dando corda-

- Sim. Ele não é um monstro. –ela respondeu, cuspindo toda sua raiva, mas Paul sorria-

- Eu não teria usado esse tom comigo. –ele comentou e Demi se encolheu, sentindo Nate apertar sua mão-

- Porque não? –ela perguntou e ele riu de leve, pegando sua arma de dentro da calça-

- Porque eu posso fazer isso. –ele falou-

Tudo aconteceu muito rápido. De um segundo para o outro ele apontou a arma para Nate, apertando o gatilho e tirando a vida do melhor amigo de Demi. O tiro foi na testa, e o sangue espirrou no rosto de Demi que tinha o rosto pálido e a mente vazia. Seu melhor amigo estava morto, com o corpo caído no chão, os olhos abertos e sem brilho, e a mão ainda entrelaçada na mão de Demi. Nate estava morto, e Demi estava sozinha.


Behind Enemy Lines. [JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora