De Repente Amélia

Nono

David: terminei o trabalho, caso queira revisar estarei na cafeteria hoje a tarde. 

Nic: precisamos conversar.

Will: jantar hoje as sete? O que acha?

Mal havia acordado e já tinha milhares de mensagens no meu celular metade só de Chloe. Tomava o café da manhã rindo das mensagens da minha melhor amiga contando como foi o primeiro dia de trabalho com Brando minha frase preferida foi definitivamente esta: "Ele é tão gostoso e irritante, eu odeio ele Ames." Nessas situações eu tentava ser uma boa amiga e dar os melhore conselhos mas por dentro estava achando tão engraço Chloe fingir que ainda não se afeta, que não sente nada.

Não sei se é por ser sábado mas eu estou extremamente animada e disposta a mover céu e a terra pra que tudo dê certo. Percebi que meu problema estava justamente em planejar sempre o que faria no dia seguinte, no próximo mês e acabava esquecendo o que estava vivendo agora. Sei que parte dessa minha reflexão é graças a Will que ontem me mostrou que eu posso sim aproveitar tudo o que eu sinto e eu estaria disposta a seguir seu conselho e canalizar toda a minha confusão escrevendo. Mas não agora, hoje eu tinha outros planos...

Saí de casa e fui caminhando pelas ruas ensolaradas de Dellwood até chegar ao prédio com o portão enferrujado. Peguei a chave em baixo do tapete e girei abrindo a porta calmamente, não tinha certeza se os irmãos Clark já tinham acordado então de qualquer forma era melhor prevenir.

"Bom dia." A voz de Nícolas me assustou tanto que tive que me encostar na porta pra recuperar o fôlego. "Chloe já saiu pro escritório, você sabia que aquele babaca do Brandon ofereceu um emprego pra ela?" Assenti observando ele tomar um gole de café me encarando.

"Você disse que queria falar comigo." Observei sua língua molhando seus lábios lentamente. Aí meu deus ele só podia estar querendo me enlouquecer.

"Só queria conversar com você...Coisas bestas sabe?" Sorri segurando minha vontade de jogar aquela xícara das suas mãos e puxar seu pescoço pra colar meus lábios nos seus. Mas que droga! Não deveria ter esse tipo de pensamento, eu tenho vinte e um anos e estou agindo como uma adolescente. Respirei fundo me afastando um pouco dele, era só uma questão de espaço.

"Vai terminar de pintar a sala?" Perguntei apontando pras latas e pinceis na sala.

"Vou, você podia me ajudar." Largou a xícara e colocou as mãos no bolso do jeans.

"Claro, é só me dizer o que fazer." Me pediu para colocar jornal em todo o piso da sala, abri as latas de tinta as despejar nos recipientes. Depois de fazer tudo isso fiz um rabo de cavalo esperando o próximo comando.

"Agora é só pintar." Antes de pintar observei como ele fazia, suas mãos segurando firme o longo bastão, suas costas se flexionavam, seu olhar concentrado na parede e eu claro babando pela cena que se desenrolava na minha frente.

"Consegui um emprego." Sorri e comecei a comemorar de fato animada com a novidade. "É na loja de dvd e cd."

"Meu deus é a sua cara, você ama música e arte!" Ele assentiu sorrindo e me observando pela primeira vez desde que começamos a pintar.

"E como vai o trabalho?" Engoli em seco e evitei ao máximo seu olhar enquanto respondia.

"Você ainda vai se encontrar com ele?"

"Nós estudamos juntos, então sim." Estava tão focada em não olhar pra Nícolas que não percebi quando ele ficou mais próximo com seu corpo praticamente colado no meu.