Quinto

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Acredito em pressentimento, quando você sente que tudo vai dar certo ou que algo muito bom vai acontecer. Eu costumava acordar acreditando que o meu dia seria incrível porque só dependia de mim para que isso acontecesse. Mas hoje isso parece difícil de acontecer. Hoje acordei com um mau pressentimento, como se soubesse que um raio está prestes a me atingir ou que vou morrer atropelada assim que atravessar a rua. Sei lá, é só um sentimento que domina minha mente e meu corpo.

A manhã na faculdade foi torturante, não prestei atenção em nenhuma aula, minha mente estava distante e por mas que eu forçasse não consegui. Sabia que algo estava estranho comigo mas não conseguia saber o que. Talvez fosse ainda por causa do sonho com o irmão da minha melhor amiga, pela ansiedade de almoçar com David Salvatore ou até mesmo por saber que hoje Chloe faria sua primeira entrevista de trabalho. Eu não costumava ser distraída desse jeito, ansiosa e tão neurótica. Mas seja lá o que esteja acontecendo acho que prefiro não saber, tenho medo de saber o significado dos meus sentimentos, dos meus pensamentos, dos meus sonhos. Só espero que isso passe logo, que seja uma fase e que eu volte ao normal.

Como sempre fui a primeira a sair da sala e caminhar pelo longo corredor da faculdade, já ia pra casa quando lembrei do almoço com David. Parei na entrada da faculdade esperando ele aparecer e não demorou muito, felizmente. Andava pelo corredor calmamente com uma mão no bolso da calça e outra nos cabelos, ele parecia estar dentro de um filme, naquelas cenas em câmera lenta. Era engraçado ver que a maioria das pessoas em volta estavam tão hipnotizadas nele quanto eu. Naquele momento ele era praticamente um deus e sei que vou me arrepender de ter pensado isso, mas foda-se era a verdade.

Mais engraçado que as pessoas olhando para David era ele olhando pra mim. Sorria de lado enquanto se aproximava cada vez mais, me surpreendi ao observar que em suas mãos não tinha nenhum cigarro e sorri ao constatar que esse fato era por minha causa.

"Amélia Barrow." Disse parando na minha frente e puxou um cigarro do bolso.

Balanceia a cabeça rindo ironicamente da minha idiotice. Qual é Amélia, sério mesmo que você achou que tinha mudado David Salvatore em apenas um dia?

"O que é tão engraçado?"

"Nada." Respondi simplesmente querendo sair correndo dali antes que o cheiro do cigarro me atingisse. Soltei o ar lentamente querendo muito falar para ele apagar aquela merda e irmos logo almoçar mas ao invés disso fiquei ali parada esperando David dar a primeira tragada.

Ele me encarava segurando o cigarro entre o dedo indicador e o do meio, tragando e soltando a fumaça lentamente pelos seus lábios. Podia odiar o cheiro daquela coisa mas não podia negar que o ver fumando era maravilhoso. Já tive outras oportunidades de ver, mas simplesmente me neguei, parecia muito vulgar e errado encarar David fumando no meio da entrada da faculdade mas naquele momento estava pouco me importando com o que parecia ser, a verdade é que a única coisa que se passava na minha cabeça era que aquilo era muito sexy, ele era muito sexy.

Ora ou outra ele me lançava uns sorrisinhos de lado e olhadas pelo meu corpo, acho que esperava alguma reação minha. Mas desde que o vi continuei com a mesma expressão: braços cruzados e minha melhor cara de tédio. Não queria que ele soubesse que eu estava gostando da cena à minha frente.

"Já acabou o showzinho?" Assentiu e jogou o cigarro fora. Em seguida foi em direção a sua moto.

"Vamos." Franzi as sobrancelhas olhando ele subir na moto.

"Eu não vou andar nessa coisa." Engoli em seco me afastando.

"Por que ? Tem medo? "Assenti fechando os olhos, eu não podia chorar, não na frente dele.

De Repente AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora