De Repente Amélia

Vigésimo quinto

Há três anos eu jamais imaginaria que a minha vida estivesse desse jeito. Andava pela calçada da cidade das luzes ainda sem acreditar em tudo que acontecia. Não estava acostumada com os paparrazis que me fotografavam na rua, nem em ver meu rosto num outdoor. Mas calma, antes disso muita coisa aconteceu.

Foi uma decisão que me pareceu tão simples e desimportante mas mudou minha vida inteira. Decidi fazer teatro em Los Angeles  depois da formatura e não coloquei nenhuma expectativa naquilo, eu só queria parar de tremer e suar tanto falando em público. Mas acontece que tudo mudou quando eu subi num palco pela primeira vez. A minha vida inteira estive determinada a fugir dos holofotes, mas quando finalmente fiquei sobe um, sendo eu mesma, me senti no lugar certo. Foram questões de meses pra eu conseguir de fato me soltar e quando isso aconteceu meu diretor não sossegou até me fazer começar testes pra projetos de verdade. Meu primeiro teste foi pra uma nova série americana e novamente estava indo mais por mim mesma. Queria muito conseguir o papel mas não era caso de vida ou morte, me sentia até mal por estar tão tranquila em relação a isso. Pessoas morriam pra conseguir um teste e um bom papel e eu estava fazendo por diversão. Na verdade desde que eu mudei de Dellwood fazia as coisas mais pra mim, pra minha diversão e realização. O que me fez pensar que as vezes o problema é o lugar.Definitivamente me sentia bem em ser eu mesma em Los Angeles onde nenhum olhar de julgamento e censura poderia me atingir. Sair de Dellwood foi um sopro de ar fresco com certeza.

Mas claro que haviam pontos negativos, um deles era Chloe. Passamos um ano sem nos ver e só trocando algumas mensagens. Ela me atualizava sobre as novidades e eu contava toda a aventura que estava vivendo. Naquela época Nicolas estava namorando, ela e Brandon estavam brigando por conta da decoração da nova casa deles e bem, eu estava participando de tudo aquilo mesmo a quilômetros de distância. Estávamos feliz uma pela outra apesar da distância e era bom saber que eu tinha um porto seguro nesse mundo.

Me lembro exatamente do dia em que recebi a resposta do meu teste, estava falando com Chloe pelo telefone quando recebi o e-mail da diretora de elenco dizendo que eu estava aprovada. Só quem já conquistou algo muito inimaginável sabe como me senti. Era uma felicidade e supersa que não cabiam em mim, eu tinha tanta energia de repente e tanta alegria. Chorava, gritava, pulava e tentava responder minha melhor amiga no telefone.

"Eu passei!!" Gritava pulando pela sala do pequeno apartamento alugado.

"Ai meu Deus!!" Os gritos de Chloe eram ainda mais histéricos e sabia que ela também surtava como eu.

As coisas no início foram assim, incrivelmente maravilhosas. Mas ao longo do tempo percebi que Hollywood não era como parecia ser. O dia a dia como atriz era frenético mesmo que eu ainda fosse uma personagem secundária na série. Chegava em casa morta e sem energia nem pra ir pras minhas aulas de teatro. Meu diretor simplesmente surtou quando eu lhe contei e parecia que mais pessoas acreditavam em mim do que eu pensava. Will soube por Chloe e veio até Los Angeles pra me ver e foi um loucura! Ele era bem mais famoso do que eu imaginava, foi a primeira vez que eu vi paparazzis na minha vida e eles me fotografaram também. Lembro bem da noite em que eu e William saímos juntos e a partir voltamos a nos falar com força total, agora acho que por fazermos a mesma profissão nosso elo se tornou ainda mais forte. E ao longo dos meses William se tornou bem mais um amigo do que qualquer outra coisa, houve uma vez numa boate que não vou negar  tive vontade de beija-lo. Mas agora tudo estava tão diferente e eu definitivamente precisava mais de um amigo do que um amante e acredito que o sentimento era recíproco. Outra coisa que se tem que aprender em Hollywood é que é muito difícil se fazer bons amigos, eu tinha sorte de todos do elenco serem simpáticos e legais comigo. Mas quanto mais conhecia as pessoas daquela mais via como as coisas eram nojentas, o quanto as pessoas são cruéis pra conseguirem o que querem. Uma menina que fazia teatro comigo diversas vezes tentou me sacanear, colocando coisas no meu figurino, jogando fora minhas falas ou derrubando "acidentalmente" coisas nele. Hoje em dia nem lembro o nome, é como dizem pessoas desimportantes apenas passam.