Décimo primeiro

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"O que aconteceu?" perguntei assim que lhe entreguei uma manta quentinha.

Sentei ao seu lado sem saber o que fazer, estava com o garoto mais inabalável de Dellwod sentado no meu sofá, encharcado e com lágrimas nos olhos.

"Eu faço tudo errado." David não conseguiu controlar as lágrimas de rolarem e as enxugou com raiva praticamente aranhando seu rosto.

"Não faz isso!" Segurei suas mãos fazendo com que ele olhasse pra mim. "Chorar vai aliviar a dor." Então diante dos meus olhos David Salvatore desabou, literalmente.

Sua cabeça se apoio no meu colo enquanto seus ombros desciam e subiam acompanhando os soluços incessantes.

"Não queria que você me visse assim." Disse tentando respirar fundo.

"Eu precisava te ver assim, ver que você não é perfeito." Acariciava seus cabelos molhados tentando acalmá-lo um pouco com o coração apertado por o ver chorando daquele jeito.

"Você achava que eu era perfeito?"

"De um jeito que chegava a ser extremamente irritante." Algo dentro de mim se iluminou assim que vi a sombra de um sorriso no rosto de David.

"Perfeito é a última coisa que eu sou. Não viu o que eu fiz com você?" Peguei uma de suas mãos fazendo com que desviasse seu olhar do teto pra mim.

"Isso já passou, eu não estou mais com raiva."

"Não, você está com pena." Não neguei porque seria mentira caso fizesse. Sim, naquele momento eu sentia pena dele mas não falaria isso seria demais pra qualquer pessoa ouvir da pessoa que lhe consola algo do tipo.

"Para com isso David." Voltei a acariciar seus cabelos que eram extremamente macios. "Eu não quero que você ache que eu te odeio, porque eu não odeio."

"Você é diferente das outras." Ouvir aquilo foi como um soco no estômago.

"Outras?" Respirei fundo tentando apagar da minha mente imagens de David com outra garota, lhe levando pra andar de moto, a beijando, tomando café com ela, escrevendo poemas pra ela. Só uma palavra: ECA.

"Eu já tive outras garotas, não chegavam a ser namoradas mas mexiam comigo." Assenti rapidamente querendo logo que ele mudasse de assunto.

"Mas de alguma forma eu sempre fazia besteira, sempre as decepcionava e elas acabavam comigo. Sempre acabava trancado no quarto revivendo os momentos em que as tratei mal, em que as fiz desistir de ver algo bom em mim."

"Só que dessa vez foi diferente, aquilo que você disse não saiu da minha cabeça." Tento lembrar o que foi que o afetou tanto e ao olhar em seus olhos tenho minha resposta.

"Você fez eu perceber que não aguento mais." Então foi nesse momento em que vi David dando adeus ao famoso bad boy de Dellwood.

"Eu finjo não sentir nada, não me afetar com nada mas todas as noites eu choro Amélia, eu choro como um garotinho."

"Você tem sorte, eu não consigo chorar." Não aguento mais a sensação de choro preso dentro de mim e sorrio da minha desgraça é como se eu estivesse enfeitiçada a sentir a dor cada vez mais forte dentro de mim.

"Você vai chorar, quando menos esperar vai sentir as lágrimas caindo e vai se sentir a pessoa mais feliz do mundo." Sorri observando seus olhos levemente avermelhados me encarando.

Quando dei conta de que estávamos com os dedos entrelaçados tentei desfazer mas David me impediu. E ele não precisou dizer mais nada, eu entendi que naquele momento ele queria apoio. Mas naquele momento não consegui me controlar, tive que desentrelaçar nossos dedos para poder tocar seu rosto. Contornei os traços do seu rosto vendo seu sorriso aumentar.

De Repente AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora