Décimo sétimo

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Seria mais fácil se todos os meus pensamentos saíssem logo pela minha boca mas não era assim que funcionava, eu tinha Nícolas esperando as palavras que eu queria dizer mas não conseguia. Mordi o lábio respirando fundo, soltei o ar fechando os olhos.

"Tudo bem se você não consegue falar, eu falo." Fui surpreendida por sua voz grave e seu corpo mais próximo do meu.

"Eu quero você Amélia, mais do qualquer outra garota que eu tenha visto na vida." Encarar seus olhos eram algo que ao mesmo tempo que me machucava me bem. "Acho que sempre quis na verdade. Todas as vezes que você vinha pra nossa casa passar a noite com Chloe eu sentia como se fosse um feriado inesperado. Era sempre mais divertido, mais feliz estar perto de você. Quando era menor achava que todo o nervosismo que sentia quando você se aproximava era besteira, que todas as vezes que meu coração acelerava era apenas porque você era minha melhor amiga. Mas acabei descobrindo que era maior que isso."

"Eu realmente descobri que te amava quando te perdi. Quando tive que me mudar pra Milão e me contentar que não poderia te ver sempre que quisesse. Então nenhuma ligação, nenhuma mensagem foi suficiente. Nós perdemos o contato e ainda assim eu senti sua falta" Nícolas dizia isso com os olhos cheios d'água e eu não consegui mais me controlar, o abracei sentindo tudo girar a minha volta.

"Então quando te vi na cafeteria eu soube o que tinha que fazer. Tinha que demonstrar que queria mais, fiz isso com cautela e medo de estar fazendo a maior besteira da minha vida mas parece que funcionou. E quando nos beijamos Ames eu...eu..." Interrompi sua fala grudando seus lábios nos meus. O nó na minha garganta me impediu de aprofundar o beijo então tive que me afastar minimamente.

"Eu senti o mesmo Nic." Fazia tempo que não lhe chamava pelo apelido e ambos sorrimos ao notar isso. "Eu quero você, quero mais do que é sensato."

"Não tem que ser desse jeito." Sua testa grudou na minha e nossas respirações se misturaram me deixando um pouco sufocada.

"Nunca quis te magoar." Disse me afastando. "Nunca quis que fosse assim, mas acabei perdendo o controle das coisas."

"Então como é que vai ser Amélia? Eu preciso saber o que você quer..." Ele respeitou meu espaço apenas me olhando enquanto eu me afastava.

"Quem você quer." Concluiu colocando a mão no bolso dos jeans.

"Eu não sei." Coloquei a mão na cabeça como se aquilo ajudasse meus pensamentos a se organizarem. "Mas eu não posso mais continuar com isso, também me sinto esgotada."

"Então escolha." Suas palavras saíram firmes, sua postura ereta e suas mãos nos bolsos complementavam seu ar maduro. Ele era tão mais adulto que eu em diversos sentidos.

"Eu vou." Afirmei mais pra mim mesma.

"Eu quero uma confirmação Amélia. Não sou um brinquedo que você usa e joga fora quando já está satisfeita."

"Você nunca foi assim pra mim, meus Deus." Senti suas mãos em meus braços mas não queria olhar pra ele. Nícolas realmente achava que eu me divertia com o sofrimento dele? Que tudo aquilo era uma brincadeira?

"Desculpe, eu me expressei mal." Suas mãos grandes cobriam toda a lateral do meu rosto me fazendo encarar seus olhos. "O que estou querendo dizer é que não é justo comigo, entende?" Assenti encarando atentamente seus traços e sentindo meu coração bater forte contra o peito.

"Dois dias. Me dê mais dois dias."

"Então eu tenho minha confirmação?" Assenti encostando seu nariz no meu.

De Repente AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora