Capítulo 24

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Abro os olhos rapidamente e deparo-me com Emmaline a bater com a testa no meu armário, novamente. Suspiro e levanto-me, caminhando até ela. Coloco a mão entre a porta e a sua testa.

"Vamos para a cama." Digo num sussurro e caminho para o seu quarto, ajudando-a a deitar na cama. Puxo os lençóis para cima de si e volto para o meu quarto. Deito-me na cama e o mesmo barulho surge.

Como é que ela voltou tão rápido?

Ergo o meu tronco e não há sinal de Emmaline, mas a porta do armário é pressionada contra o mesmo, causando exatamente o mesmo barulho. Engulo em seco e fico a olhar para o armário com esperança de que aquilo pare. Mas não para. Levanto-me e caminho lentamente até ao armário.

Com as mãos a tremer, abro-o mas nada acontece.

Naquele momento

De repente, as portas fecham de forma bruta, fazendo-me saltar de susto.

"Caroline..." Oiço uma voz chamar e olho rapidamente para trás. Eu conheço esta voz, conheço muito bem esta voz.

A mesma voz da árvore

"Caroline..." Volta a chamar e eu olho para todos os lados. Não vejo nada suspeito.

E então uma gargalhada soa, o que me faz repetir os meus movimentos.

"Aqui em cima." A mesma voz diz e eu paro de me mexer, virando-me lentamente para a frente e erguendo lentamente a minha cabeça para encontrar uma mulher em cima do armário revestida por uma camisa de noite. O seu rosto é marcado por diversas cicatrizes mas uma delas atravessa o seu rosto desde a testa ao queixo. Também conheço este rosto do meu desenho da árvore. Ela salta para cima de mim e tudo o que faço é gritar o mais alto que consigo.

"Caroline!" Oiço gritarem e rapidamente sinto que me agarram, mas eu continuo a gritar. Sou envolvida por uns braços fortes que os reconheço como serem os do meu pai.

Mas ainda sinto a mulher em cima de mim e por isso não paro de gritar.

"Caroline, está tudo bem, estás a salvo!" A voz do meu pai assegura e paro de gritar. Mas o que se segue é choro.

"O que é que aconteceu?" Gemma pergunta e eu aperto o corpo do meu pai.

"Eu vi." Digo entre soluços.

"Viste o quê?" É a vez do meu irmão perguntar.

"Vi uma mulher." Respondo e desta vez, não vejo os entre-olhares que denunciavam a desconfiança das minhas palavras.

"Como é que ela era?" A minha mãe pergunta e vejo as suas lágrimas deslizarem pelo seu rosto.

"Tinha uma camisa de noite e um rosto horrível." Respondo e ela pega na minha mão.

"Com cicatrizes?" Pergunta e a minha respiração prende.

Como é que ela sabe? Já a viu?

"Muitas." Respondo e mais lágrimas rolam pelo seu rosto.

"Uma delas atravessava a cara dela desde..." Ela começa e a minha respiração prende novamente.

"A testa ao queixo." Dizemos em uníssono.

"O quê? Mas que raio está a acontecer?" Emmaline pergunta.

"Como é que sabes?" Pergunto à minha mãe.

"Eu acordei com os teus gritos, estava a sonhar com ela." Responde. "Pela primeira vez." Acrescenta.

"O que é que aconteceu no sonho?" O meu pai pergunta e o choro da minha mãe intensifica-se.

"Ela disse que eu não gostava da Caroline, disse que eu não lhe dava o valor que ela merecia." Conta e eu fico bastante confusa.

Porque haveria aquela mulher de dizer tal coisa?

"Isso é impossível." O meu irmão defende.

"Tu estás sempre a dizer-nos que a Caroline é a mais responsável e dedicada." É a vez de Gemma falar.

"Pois é, mãe, essa coisa não tem razão nenhuma." Emmaline diz e mal acaba a sua opinião, o seu corpo é atirado para o chão, o que nos faz gritar.

"Emmaline!" Grito e tento alcançá-la mas esta é arrastada para fora do quarto, o que nos faz levantar e correr atrás dela.

"Ajudem-me!" Ela grita e vejo o meu irmão esticar o seu braço para agarrar no de Emmaline. Mas era tarde demais. Emmaline tinha sido atirada pelas escadas abaixo.

"Em!" A minha mãe grita e corremos pelas escadas em direção ao corpo de Emmaline. "Em!" A minha mãe exclama e vira o corpo de Emmaline de barriga para cima, mostrando uma enorme marca de uma dentada no seu pescoço.

"Morderam-na outra vez!" Gemma grita.

"Eu vou chamar uma ambulância." Harry diz e pega no telemóvel da minha mãe que tinha ficado na mesa da entrada a carregar, marcando o 112.

"Emmaline, acorda." O meu pai pede e abana-a.

"Temos de a levar ao hospital." Gemma diz.

"O teu irmão está a tratar do assunto." O meu pai assegura e eu pego na mão da minha irmã mais nova.

"Em, aguenta." Peço.

"Estão a caminho." O meu irmão diz.

"Vão vestir alguma coisa quente, eu fico aqui com a Emmaline." O meu pai diz e eu levanto-me mas hesito ao aproximar-me das escadas.

"Vá, Caroline, temos de nos despachar." Gemma diz e eu respiro fundo, começando a subir as escadas com Gemma, a minha mãe e o meu irmão atrás de mim.

Entro no meu quarto e dispo o meu pijama rapidamente, vestindo um soutien e umas calças de ganga escura. Deslizo uma camisola de manga comprida cinzenta que me está enorme, o que me faz pensar que pertence a Harry. Não me preocupo em mudar de camisola. Calço umas meias e em seguida os meus all star pretos.

Visto um casaco e pego no meu telemóvel, saindo do quarto. Vejo Harry sair do seu ainda a vestir uma sweat-shirt e Gemma a puxar o fecho do seu casaco.

"Mãe?" Chamo e ela sai do quarto já pronta e com o casaco do meu pai na mão.

"Vamos." Diz e descemos as escadas.

O meu pai veste o casaco que a minha mãe lhe deu para as mãos e oiço ao longe o som da ambulância, o que me faz correr para a porta e abri-la. A ambulância para e os paramédicos saem do veículo com uma maca. Entram em casa e colocam a maca no chão, colocando Emmaline em cima da mesma.

"Vamos, vamos." O meu pai apressa-nos e saem de casa. Quando estou prestes a sair, olho para o relógio. Este está parado novamente, marcando as quatro e vinte e duas da manhã.

"Caroline, vamos!" Gemma capta a minha atenção e eu assinto, saindo de casa e fechando a porta. Emmaline está a ser colocada no interior da ambulância e a minha mãe entra para a mesma.

"Meninos, para o carro." O meu pai diz e eu entro para os bancos do meio juntamente com Harry enquanto que Gemma entra para o lugar do pendura. O meu pai arranca, seguindo a ambulância até ao hospital. Clico no botão do meu telemóvel, vendo que o relógio deste marca as quatro e quarenta e cinco, o que me faz pensar no relógio parado às quatro e vinte e duas.

Porque é que para sempre àquela hora?


Olá!! Estão a gostar?

Espero que sim!!

Beijinhos

Xx

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