9 de Abril de 2016 - Faltam quatro dias
O dia de ontem correu bem, o almoço correu às mil maravilhas, entre risos, conversas profundas, conversas desinteressantes e momentos românticos onde trocámos algumas carícias. Já estava em casa desde manhã. Megan e Daniel quiseram vir ter comigo, mas eu recusei, não queria que eles corressem o risco de experienciar alguma coisa.
"Para de mudar os canais, estou a ficar mal disposta." Gemma resmunga para o meu irmão, que está sentado ao meu lado, com o braço apoiado nas costas do sofá por trás de mim.
"Mesmo, podias parar num canal qualquer." Emmaline concorda com a minha irmã mais velha.
"Se eu o fizesse, vocês iriam resmungar comigo porque não estava a dar nada de jeito." Harry defende.
"E então?" Gemma questiona. "Comes e calas." Acrescenta e eu rio-me, balançando a cabeça.
Esta minha irmã vai ser sempre a mesma coisa...
"Mulheres." O meu irmão grunhe e para num canal onde estava a dar um programa sobre reprodução de insetos. Mais precisamente, do louva-a-deus.
"Que nojo, muda isso!" Emmaline exclama enojada.
"O que é que eu disse?!" Harry pergunta chateado e eu rio-me, deitando a cabeça no seu ombro.
"O que é que estão a ver?" O meu pai entra na sala e senta-se no cadeirão, concentrando-se de imediato na televisão. "Jesus Cristo, desde quando é que vocês se interessam pela reprodução do louva-a-deus?" Pergunta.
"Pelos vistos, o Harry é que se interessa." Gemma atira.
"Eu simplesmente parei num canal qualquer, sua idiota." O meu irmão defende e eu engasgo-me ao ver a cara furibunda de Gemma.
"Não esperavas ser só tu a agressora aqui, pois não, Gem?" Pergunto e ela rola os olhos.
"Ele sabe lá o que é ser agressor." Diz num encolher de ombros. "Quando ele entrou nesta vida, já eu tinha feito bullying às miudinhas riquinhas e mimadas que tinham a mania que eram melhor que toda a gente." Argumenta.
"A mãe não era, mais ou menos, esse tipo de miúda?" Emmaline pergunta e eu faço uma expressão pensativa, negando com a cabeça.
"Não, achas?" Gemma é rápida a responder e começa-se logo a rir. "A mãe era a croma da turma que tinha as notas mais altas quase da escola inteira e tinha a sorte de ser linda de morrer, senão era vítima de bullying à força toda." Esclarece.
"Diz-me que a mãe não era a agressora." Harry implora e eu rio-me, balançando a cabeça.
A nossa mãe já nos contou esta história no mínimo quatrocentas e trinta e cinco vezes e, mesmo assim, o Harry ainda não a sabe de trás para a frente e de frente para trás.
"A mãe está farta de contar esta história, burro." Emmaline insulta.
"Aposto que tu também não te lembras." Defendo o meu irmão, como faço sempre.
"Claro que me lembro!" Emmaline defende e eu rio-me por saber que ela está a mentir com todos os dentes que tem na boca.
"Não, não te lembras." O meu pai aponta e o meu irmão ri-se.
"Até o pai te apanha nas mentiras, estás a perder qualidades." Provoca e a minha irmã mais nova cruza os braços.
"Oh maninho, não te esqueças que eu te fiz acreditar que era adotada." Relembra e eu desato a rir ao lembrar-me do momento.
"Pois foi!" Guincho e Gemma junta-se a mim.
"Era uma coisa fácil de se acreditar, já olharam bem para a Emmaline? Não tem nada a ver connosco." Harry defende e eu balanço a cabeça, rindo.
"Tens de comprar uns óculos." Aconselho.
"É verdade." O meu irmão insiste.
"Ela só parece diferente porque tem o cabelo cor de laranja, não te esqueças disso." Gemma explica.
"É ruivo, estúpida!" Emmaline resmunga.
"Estúpida?" Gemma questiona indignada. "Não estás a falar com o Harry." Acrescenta e eu encolho os ombros, tentando disfarçar o sorriso e a vontade de rir.
"Pronto, tinha que ser." O meu irmão grunhe.
"Está na hora do almoço, vá, levantem esse rabo e ajudem a vossa irmã." A minha mãe ordena à medida que entra na sala. "Meu Deus, o que é que vocês estão a ver?!" Questiona com nojo.
"Reprodução do louva-a-deus, é bastante interessante." O meu pai brinca e todos começamos a rir.
"Venham mas é para a mesa, vá!" A minha mãe manda e todos se levantam. Eu agarro nas minhas duas moletas e levanto-me com a ajuda de Harry. Caminhamos todos para a cozinha, onde já estava Jane a mexer algo no tacho e Jeremy a falar ao telefone.
"Como te sentes, Caroline?" Pergunta-me Jane e eu sorrio-lhe.
"Bem." Respondo.
Por agora
"Acabei de falar com o padre da igreja." Jeremy chama a nossa atenção.
"E então?" A minha mãe questiona.
"Ele diz que faz um exorcismo se lhe dermos provas." Diz e eu uno as sobrancelhas.
"O que raio quer isso dizer?" Pergunta o meu irmão, tirando-me as palavras da boca.
"Quer dizer que vamos ter de arranjar provas, algo que mostre que esta casa tem uma presença demoníaca." Responde e eu engulo em seco.
"E como é que vamos arranjar provas?" Pergunta Emmaline.
"Temos de filmar ou gravar alguns acontecimentos." Esclarece Jeremy e eu volto a engolir em seco.
"Isso significa que..." Começo.
"Vai ter de acontecer alguma coisa." Gemma completa-me.
"Exato." Desta vez, é Jane que nos esclarece.
"Então, isso quer dizer que vamos provocar ou vamos simplesmente esperar que aconteça alguma coisa?" Pergunto e Jane e Jeremy entreolham-se.
"Caroline, visto que enquanto estiveste fora não aconteceu nada-" Jane começa.
"Aqui, não aconteceu nada aqui, porque no hospital aconteceu, aquilo esteve lá." Interrompo.
"Sim, pois. Agora que estás aqui, é quase certo de que vai acontecer alguma coisa." Jane continua.
"E faltam quatro dias." Jeremy acrescenta e eu engulo em seco.
Mais isso
"Pois, mais isso, estou farto." O meu irmão diz. "Estou farto de ver a minha irmã ser a que mais sofre com isto e não poder fazer nada em relação a isso." Desvio o olhar para o chão.
Afinal, alguém reparou.
"Nós temos de fazer isto." Digo e todos olham para mim. "Por isso, vamos todos ajudar a preparar tudo, quero que isto acabe. E se esta é a única maneira, então que seja." Acrescento.
E, por mais que não queira acreditar, eu sei que tenho razão.
Olá!! Espero que tenham gostado!
Beijinhos
Xx
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Spirits |N.H|
Fiksi PenggemarCaroline é uma rapariga de dezanove anos que se muda para uma casa nova no campo com os pais e com os irmãos. "Mãe, temos mesmo de ir?" A sua vida muda, ela deixa tudo para viver com a sua família naquele campo. "Eu só estou aqui por vocês." E é nes...