Capítulo 50

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Fartei-me de rir com a quantidade de comida que Niall trouxe só para ele. E quase chorei com a comida do hospital. Almoçámos ao som de um disco que Niall comprou do Ed Sheeran. Não vamos sequer referir o facto de o Niall ter trazido um saco quase cheio de CD's. Segundo ele, era para eu ter mais opções de escolha, mesmo sabendo que eu ia escolher o Ed Sheeran.

Pedi à minha mãe que me trouxesse o livro que eu ando a ler, mas que há algum tempo que não lia. Dados os acontecimentos, vontade para ler não existia. Estou, neste momento, à espera que ela apareça com o livro. Sempre vai servir para me distrair. Niall foi para casa, estudar. Quase o espanquei para ele ir embora. Para minha surpresa, pedi-lhe para deixar a árvore de cartão e o peluche aqui.

Um batuque na porta soa e eu olho para a mesma.

"Entre." Permito e a porta abre, revelando a minha mãe com o meu livro na mão. Sorrio de imediato.

"Como te sentes?" Pergunta e eu sorrio ao ver o meu pai entrar atrás dela.

"Melhor, e vocês estão bem?" Pergunto e eles aproximam-se de mim. Porém, os seus olhos alcançam a árvore encostada à parede.

"O que é isto?" Pergunta o meu pai.

"O Niall trouxe para eu me sentir no meio da natureza." Respondo com um encolher de ombros e um sorriso. A minha mãe senta-se ao meu lado e o meu pai dá a volta à cama, sentando-se do outro lado.

"Gosto muito de te ver com ele, querida." A minha mãe desabafa e eu sorrio-lhe.

Bem, eu também gosto muito de me ver com ele

"É verdade, ele é muito bom rapaz." O meu pai diz e eu sorrio novamente.

"Mas respondendo à tua pergunta." A minha mãe desvia a minha atenção para si. "Nós estamos bem." Sorri. "Não aconteceu nada, nada mesmo." Diz e eu uno as sobrancelhas, percebendo o assunto.

"Nada de nada?" Pergunto e ela assente.

"Nada, a Jane e o Jeremy não sentem nada sequer." Diz e eu encolho a cabeça confusa.

"Isso é estranho." Aponto ao lembrar-me do que aconteceu de madrugada.

"Talvez tenha acabado." O meu pai diz, tentando convencer-se a si próprio. Sou rápida a abanar a cabeça.

"Não, isso é impossível." Nego.

"Porque é que dizes isso?" Ele pergunta.

"Porque algo aconteceu, às quatro e vinte e duas da manhã." Respondo.

"O quê?!" A minha mãe guincha.

"Esteve aqui, eu pude senti-lo, ouvi as quatro pancadas. Mas a enfermeira disse-me que eu estava a ter um pesadelo." Conto. "Eu não sei se entrou na minha cabeça ou se foi real, mas eu sinto que aconteceu alguma coisa. Eu sinto que foi real, isto está a dar cabo de mim." Desabafo e a minha mãe suspira.

"Eu estou tão cansada de tudo isto." A minha mãe leva uma das mãos ao rosto.

"Eu também, mãe." Concordo. "Os manos?" Pergunto.

"Estão bem, eles têm saudades tuas." O meu pai responde e eu sorrio. "A Gemma diz que tu és a alma da nossa família porque sem ti, ela tem de aturar a Emmaline e o Harry." Rio-me com as palavras do meu pai. "E a Emmaline diz que tem saudades de te ouvir defender o Harry, porque mais ninguém o faz."

"Isso é verdade." Concordo e o meu pai ri-se.

"Que dramáticos." Aponta com um rolar de olhos e eu rio-me.

"Eu defendo o Harry quando ele tem razão." A minha mãe justifica.

"Ou seja, raramente." Eu concluo e eles riem-se. "Eu defendo o Harry porque ele é meu irmão e a Gemma está sempre a chateá-lo." Acrescento, não dando grande importância ao assunto.

"Ainda bem, querida, alguém tem de o defender de vocês as três." A minha mãe diz e eu rio-me, assentindo.

A Emmaline a defender o Harry é algo inimaginável e a Gemma a defender o Harry é algo ainda mais inimaginável, porque é dela que ele tem de ser defendido.

"Mudando de assunto, trouxe-te o livro que pediste." A minha mãe entrega-mo para as mãos e eu sorrio.

"Obrigada, mãe, isto vai ser a minha sobrevivência para o resto do dia de hoje e para parte do dia de amanhã." Agradeço e ela coloca uma mecha de cabelos atrás da sua orelha.

"Isto é assim tão secante?" Pergunta o meu pai e eu assinto.

"Não dá nada de jeito na televisão, quando esta funciona e as redes sociais estão às moscas porque está tudo nas aulas e não me respondem às mensagens." Exagero e o meu pai ri-se.

"Como se na universidade os professores te repreendessem por usares o telemóvel." O meu pai diz e eu encolho os ombros.

"Ouvi dizer que a professora de Matemática 1 nem deixa os alunos conversarem entre si." Digo, lembrando-me de ouvir algumas conversas de Niall.

"Pois, Des, perdeste uma oportunidade para estares calado." A minha mãe diz e eu solto uma gargalhada ao olhar para o meu pai, que separa os lábios e volta a juntá-los diversas vezes.

"Vocês são terríveis." O meu pai grunhe e eu sorrio inocentemente, inclinando a cabeça para um lado, assim como a minha mãe. Começam-se a ouvir vozes do exterior do quarto e eu endireito-me, fazendo uma expressão concentrada para distinguir as vozes.

"Não, não, nós não podemos ser muitos dentro do quarto, o médico abriu-nos uma exceção ontem só porque sim." Distingo a voz da Gemma.

"Eu vou primeiro, tenham paciência." A voz de Emmaline soa.

"Desculpa lá, Em, mas eu sou mais velha, eu é que vou." Gemma riposta.

"Com licença, eu é que vou porque eu sou o irmão fofo e giro." Harry defende e eu rio-me, balançando a cabeça.

"Claramente, a tua definição de fofo e giro é bastante diferente da minha." Gemma atira.

"Subscrevo." Emmaline acrescenta e eu solto uma gargalhada, sendo seguida pelos meus pais.

"Só por essa, eu vou primeiro." Harry diz e ouve-se uma pancada na porta. "Au, Gemma!" Pragueja.

"É para aprenderes." Cospe a Gemma.

"Tu és diabólica, Gemma Styles." Harry insulta. "Pior, tu és um monstro." Reformula.

"Sabes que diabólica é um insulto pior do que monstro?" Gemma pergunta num tom irónico e eu solto uma gargalhada. "És tão burro que dói, Jesus."

A porta abre e vejo Emmaline entrar com um sorriso vitorioso no rosto.

"Sabes que mais?" Pergunta o Harry e mexe os dedos como se estivesse à procura das palavras certas.

"Vá, vá, diz!" Gemma insiste e Harry puxa os seus cabelos.

"Ugh, tu és tão-" Harry começa.

"Olhem, olhem!" Emmaline chama as atenções dos meus irmãos e estes olham para ela. "Ganhei." Diz e fecha a porta do quarto, virando-se para nós e sorrindo. "Olá, família." Cumprimenta e todos nos rimos.


Olá! Espero que tenham gostado!

Beijinhos

Xx

Spirits |N.H|Onde histórias criam vida. Descubra agora