Capítulo 57

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12 de Abril de 2016 - Falta um dia

Faltam poucas horas para a meia noite. Seis horas, mais precisamente. São seis da tarde, eu não fiz nada o dia todo para além de atender as chamadas da Megan e do Daniel e esperar impacientemente pela chamada de Niall a dizer que já chegou a casa.

Embora eu soubesse perfeitamente que isso iria demorar, visto que ele me disse ontem à noite que o voo dele chegava à uma e meia e que só estaria em casa cerca de uma hora e meia depois. Por isso, às três da manhã, eu podia vê-lo. De qualquer das maneiras, ninguém vai dormir aqui em casa, temos um exorcismo para fazer.

Jane disse que o exorcismo teria de ser feito às quatro e vinte e duas da manhã, visto que é a hora em que tudo acontece e terá mais impacto. A mim soa-me arriscado, porque sinto que a minha vida está a chegar ao fim. Ao menos Niall pode falar comigo até às onze da noite. Um pouco antes, pois o seu voo parte a essa hora. Posso sempre despedir-me dele, caso isto corra mal.

"Estou morto, estes ténis já estão um pouco velhos." O meu irmão aponta e senta-se ao pé de mim, arrancando-me dos meus pensamentos mais mórbidos que sei lá o quê.

"Velhos?" Questiono e ele coloca os pés em cima da pequena mesa em frente ao sofá, olhando para os ténis que foram brancos em tempos. Faço o mesmo.

"Sim, olha aquela sola, já não é a mesma e eu acho que se vão romper ali de lado." O meu irmão explica, apontando para a zona um pouco abaixo dos dedos.

"Mas não és tu que compras os ténis e vais raspá-los no alcatrão?" Pergunto e ele assente.

"Sim, porque não gosto dos ténis cem por cento novos. Mas estes já estão num estado deprimente." Responde e eu assinto, concordando plenamente com ele.

"Eu espero que isso não seja o teu argumento para pedires uns ténis ao pai." Gemma aparece na sala e senta-se no cadeirão, começando a mexer no telemóvel.

"Antes de mais, eu nunca peço ténis ao pai, só peço à mãe." Harry defende e eu olho para a minha irmã, que rola os olhos.

"Eles são casados com comunhão total de bens, por isso, o que é de um é de outro." Gemma diz. "Logo, se a mãe gastar o dinheiro dela nuns ténis para ti, também gasta dinheiro do pai." Conclui.

"Ou seja, pedes indiretamente ao pai." Emmaline acrescenta e eu ergo as sobrancelhas para ela, vendo-a sentar-se ao lado de Harry. "Oh sim, eu ouvi tudo." Esclarece.

"Claro que ouviste, sabias que escutar atrás das portas é falta de educação?" Gemma provoca e eu rio-me.

"Contigo a falar dessa forma, é impossível não ouvir do outro lado da casa." Emmaline aumenta o seu tom de voz.

"Eu não falo nesse tom!" Gemma defende indignada.

"Falas sim." Emmaline insiste.

"Cala a boca." A minha irmã mais velha manda e eu sorrio levemente por saber que isso irrita profundamente Emmaline.

"A boca não se cala, fecha-se." A minha irmã mais nova defende e a Gemma encolhe os ombros.

"Então fecha-a." Diz naturalmente e eu desato a rir com a cara que Emmaline faz.

"Sua-" Começa.

"Olha que ainda não me esqueci que tu mandaste vir um sofá horrível roxo para o nosso quarto." Gemma interrompe-a e Emmaline bufa.

"Eu gosto de roxo." Cruza os braços amuada e encosta-se ao sofá.

"Não tens nada para estudar, Emmaline?" A minha mãe aparece à porta da sala e Emmaline grunhe.

"Que inferno!" Grita e eu rio-me, vendo-a levantar-se e caminhar para fora da sala. Logo a seguir, oiço passos fortes e barulhentos nas escadas, o que me faz rir mais.

"Tão brutinha." Brinco e Gemma ri-se.

"Eu adoro chateá-la." Diz.

"Pois, tu só não adoras chatear a Caroline." Harry atira ao meu lado.

"A Caroline é a minha maninha." Defende e eu rio-me.

"A Emmaline também." Riposto.

"Mas tu foste a primeira, é diferente." Gemma argumenta e eu rio-me, assentindo.

"Sorte a tua, se fosses a Emmaline ou eu estavas bem fo-" O meu irmão começa.

"Harry Edward Styles." A minha mãe avisa e ele morde o lábio.

"Lixada, estavas bem lixada." Reformula e eu rio-me, sorrindo para a minha mãe enquanto esta me ajeita a almofada por baixo do pé.

"Não foi assim que te eduquei." Gemma imita na perfeição a voz da minha mãe.

"E não foi mesmo." A minha mãe coloca as mãos nas ancas. "E já agora, eu não falo assim." Acrescenta e todos desatamos a rir.

"Falas sim, mãe, desculpa." Harry insiste.

"Pois falas, a Gemma foi perfeita." Concordo e Gemma atira uma pequena parte de cabelo para trás das costas num gesto convencido que me faz rir.

"Obrigada, obrigada." Agradece e a minha mãe ri-se.

"Vocês são umas pestes, quem quer lanchar?" Pergunta e Harry põe os dois braços no ar, fazendo um pequeno cheiro a suor invadir os meus sentidos.

"Eu quero!" Guincha e eu olho-o.

"Tu queres é ir tomar banho, seu porco badalhoco e mal cheiroso." Brinco e oiço a minha mãe e a Gemma desatarem a rir com as minhas palavras. E a seguir sou eu a desatar a rir com a cara de ofendido do meu irmão, que qualquer um pagava para ver.

E, naquele momento, eu senti-me bem, senti-me livre. Se havia coisa que mais adorava era dar umas boas gargalhadas com a minha família. Podíamos só estar quatro, mas fazíamos a festa toda. A minha família sempre foi bem disposta e eu sempre fui a primeira a berrá-lo ao mundo. E gostava do facto de viver estes momentos que me fazem esquecer qualquer coisa que me atormente, tanto a mim, como a eles. Neste momento, estávamos todos atormentados pelo mesmo, mas o tormento desapareceu por minutos, e nunca nada me soube tão bem.

Porque naquele momento, nós parecíamos a família perfeita, com a vida perfeita.

Olá!!!!!! ISTO ESTÁ MESMO NO FIM, VOCÊS NÃO ESTÃO A PERCEBER O MEU EXCITAMENTO!!!!

Espero que tenham gostado!

Beijinhos

Xx

Spirits |N.H|Onde histórias criam vida. Descubra agora