Capítulo 47

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"Eu tenho de lhe contar." Digo e Emmaline abana a cabeça.

"Não podes contar, Caroline, vais pô-lo em perigo!" Justifica.

"Eu estou a perdê-lo, Em, e eu preciso dele para aguentar isto." Defendo.

"Eu percebo, mas e se ele não acreditar?" Pergunta. "As coisas podem correr mal para o lado dele se ele se envolver nisto." Acrescenta.

"Ele é tudo para mim, eu não posso perdê-lo." Defendo.

"E tu, o que achas, Gem?" Emmaline pergunta para a minha irmã mais velha, que permanece em pé, de costas para nós.

"Gemma?" Chamo.

"Estão a ver aquilo?" Pergunta.

"Onde?" Emmaline pergunta.

"No quarto do Harry." Responde e eu olho para a porta do quarto do meu irmão, que estava aberta.

"Eu não vejo nada." Digo.

"É uma miúda pequena, eu conheço-a, eu já a vi nalgum lado." Gemma diz e eu uno as sobrancelhas.

"Eu também não vejo nada." Emmaline defende e a porta do quarto da Gemma começa a fechar e eu engulo em seco. Fico assustada ao ouvir passos, como se alguém estivesse a correr.

Outra vez não

"A miúda está a correr para aqui!" Gemma diz e a porta é empurrada com força, abrindo-se e só oiço a minha irmã gritar.

"Gemma!" Emmaline aproxima-se dela e agarra nos seus ombros, abanando-a e fazendo com que a minha irmã mais velha parasse de gritar.

"Ela não era mais uma miúda." Gemma diz e eu engulo em seco.

"Como assim?" Pergunto.

"Quando a porta abriu bruscamente, era uma mulher com uma camisa de noite branca suja de sangue." Responde e eu sinto o meu coração bater fortemente contra o meu peito.

"Tu sabes quem é?" Emmaline pergunta e vejo os meus pais, o meu irmão, Jane e Jeremy entrarem no quarto.

"O que é que aconteceu?" Harry pergunta.

"Foi a Veronica." Gemma responde e eu perco a respiração.

"O quê?" A minha mãe pergunta num sopro.

"Eu vi uma miúda no quarto do Harry e reconheci-a, era a Veronica em criança que eu vi no meu sonho. Depois ela começou a correr em direção a mim ao mesmo tempo que a porta do quarto começou a fechar. Quando abriu a porta para entrar no quarto, já não era uma criança, já estava crescida e com a roupa suja de sangue." Gemma conta.

"Isto está a piorar, nós temos de fazer um exorcismo." Jeremy diz e só a palavra causa-me calafrios.

"Um quê?" Harry guincha.

"Apenas façam-no." Emmaline diz.

"Eu não aguento mais." Deixo escapar ao pensar na minha briga com Niall há poucas horas.

"Não é algo que possamos fazer assim, precisamos de provas." Jane explica e eu olho-os incrédula.

"Provas?" Pergunto, indignação bem presente na minha voz. "Vocês sabem tudo, vocês já viram o que este demónio é capaz de fazer!" Não controlo o meu tom de voz.

E com as minhas palavras, todos os olhos estão postos em mim. Estes revelam espanto e até algum medo.

"O que é que se passa com o teu cabelo?" Emmaline pergunta e eu uno as sobrancelhas, virando ligeiramente a cabeça para poder olhar para o meu cabelo.

Parte deste estava a ser erguido, como se alguém o tivesse agarrado e puxado levemente para cima. De repente, o cabelo é puxado com força e sou erguida do chão. E tudo o que faço é gritar enquanto as lágrimas borram a minha visão.

"Ajudem-me!" Grito em aflição enquanto os vejo a todos caminharem até mim. Mas no instante em que esticam os braços para me agarrarem, sou atirada para o lado contrário do quarto, batendo no espelho e fazendo este despedaçar-se. Grito de agonia quando sinto algo espetar-se na minha perna e caio no chão como se me tivessem largado.

"Caroline!" A minha mãe grita e eu começo a ver tudo desfocado. Levo a mão à perna que sinto latejar e quando olho para esta, vejo os meus dedos encherem-se de sangue. Gemo e vejo cada vez mais desfocado.

"Liguem para o 112!" Oiço o meu pai gritar e vejo que estão todos à minha volta.

"Caroline, aguenta!" Jeremy pede e eu sinto os meus olhos pesarem.

"Não, não, fica connosco!" Jane grita e eu tento abrir mais os olhos, mas não consigo, estão muito pesados.

"Caroline!" Oiço chamarem repetidamente e fecho os olhos, não ouvindo mais nada.

Não sei se morri, será que morri? Devia sentir alguma coisa? Devia ver alguma coisa? Será que o céu existe mesmo? Será que vou para o céu? Ou será que vou para o inferno?

Niall's P.O.V

Bufo e atiro o lápis para a secretária. Entrelaço os dedos nos cabelos e puxo-os. Não percebo, simplesmente não percebo. Sempre confiei na Caroline e nunca lhe dei motivos para desconfiar de mim. Porque raio é que ela não me conta o que se passa? Isto mata-me o juízo, deixa-me completamente louco.

Mas para além de louco, deixa-me chateado, porque a Caroline só me mostra que não confia em mim para me contar o que se está a passar. E ainda fico mais furibundo por não conseguir estar chateado com ela. Pelo contrário, já tenho saudades dela e estou profundamente arrependido por ter dito o que disse. Mas, caramba, eu sou o namorado dela, é suposto confiarmos um no outro e não termos quaisquer segredos, é assim que eu acho que uma relação deve ser.

Namorado

Nunca pensei que esta palavra fosse soar tão bem e apanho-me a sorrir que nem um idiota apaixonado ao ouvir na minha mente que sou o namorado da Caroline. Sou o namorado daquela... Nem há palavras. A Care é uma visão do céu, tem uma beleza tão simples e, ao mesmo tempo, tão complexa, tão fascinante e deslumbrante.

E eu amo-a, nunca senti nada assim por ninguém. Porque a Care é diferente, mostrou-me isso desde o primeiro segundo em que a vi.

O meu telemóvel interrompe os meus pensamentos sobre a beleza da Care e quando olho para o ecrã sorrio ao ver que quem me está a ligar é, nada mais nada menos, que ela. Deslizo o meu dedo pelo ecrã e atendo a chamada, encostando o aparelho ao meu ouvido.

"Eu peço tanta desculpa por ter dito o que disse, Care, não devia ter sido tão radical." Sou rápido a desculpar-me e fico nervoso pelo pequeno momento de silêncio entre nós.

"Hum, bem, não é a Caroline." A voz feminina que reconheci ser da Emmaline ecoa nos meus ouvidos e eu sinto a alma cair-me aos pés.

Aconteceu alguma coisa, eu consigo senti-lo.

"Emmaline?" Chamo.

"Sim, sou eu. Ouve, Niall-" Começa.

"O que é que aconteceu com a Caroline?" Pergunto, interrompendo-a.

"Como é que sabes que-"

"Apenas sei." Interrompo novamente e fecho os olhos por estar a ser meio mal educado. "O que é que aconteceu?" Pergunto.

"Hum, é que..." Ela suspira, nervosismo presente na sua voz.

Fico mais nervoso do que já estava e pensei que tal não fosse possível.

"A Caroline... Ela está no hospital." Assim que as palavras soam nos meus ouvidos, eu sinto-me ficar tonto e, se não estivesse sentado, tinha caído redondo no chão.

"O quê?"








Olá!! Espero que tenham gostado do capítulo!

Beijinhos

Xx

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