O meu pai afasta-nos e acende a luz. Eu tento ver o que acontecera e, com muito esforço, reparo que a parede tem um buraco. O meu pai dá pontapés na madeira para esta sair e descobrimos umas escadas. Ele pega numa lanterna e desce enquanto eu, a minha mãe e os meus irmãos permanecemos cá em cima. Provavelmente aquilo está cheio de aranhas e eu detesto aranhas.
"Isto é uma cave, tem aqui imensa coisa mas vejo isto melhor amanhã." A voz do meu pai soa e ele volta a subir as escadas. "Caroline, aquilo tem algumas aranhas e não quero que vás para lá." Eu assinto freneticamente, começando a sentir-me enjoada. "Meninas, o mesmo serve para vocês. Falei especificamente para a Caroline porque ela tem fobia de aranhas." Elas assentem e o meu pai olha para o Harry. "Tu vais ajudar-me amanhã lá em baixo." O Harry olha para as escadas e abana a cabeça.
"Eu acho que também tenho fobia de aranhas." Diz e nós rimos, saindo dali.
Fomos para a sala ver televisão e depois de vermos dois filmes, acabámos por nos irmos deitar. A Gemma resmungava com a Emmaline por esta se pendurar nela devido ao sono e eu só me ria e bocejava ao mesmo tempo. O meu pai pegou na Emmaline e levou-a para a cama. Sinto uns braços agarrarem-me e pegarem-me ao colo. Sinto o perfume forte mas agradável do meu irmão e agarro-me mais a ele.
"Caroline, eu não te vou despir portanto não adormeças." A sua voz rouca diz e eu rio-me baixinho.
"Está bem, Hazz." Digo baixo e ele abana-me, fazendo-me despertar um pouco.
"Quarto, doce quarto. " Harry brinca e eu abro os olhos. Ele põe-me no chão e deixa um beijo na minha testa. "Até amanhã, maninha."
"Até amanhã, maninho." Digo e ele sai. Tiro a minha roupa e deslizo o meu pijama improvisado pelo meu corpo. Deito-me na cama e fecho os olhos, partindo para o inconsciente.
***
O sol bate na janela e eu sinto os meus olhos manifestarem-se devido à luz no quarto. Pisco-os para se habituarem e encaro o teto. Espreguiço-me e levanto-me da cama, caminhando até à porta e abrindo-a. Coço a minha cabeça e bocejo. Oiço a Gemma refilar e desço as escadas rapidamente até à cozinha.
"Cheirava a morto ou algo assim." Ela diz.
"Tu sabes qual é o cheiro a morto?" Harry pergunta e ela rola-lhe os olhos.
"Emmaline, também sentiste o cheiro?" A minha mãe pergunta enquanto Emmaline se concentra no seu pequeno almoço.
"Senti mas agora já não cheira." Ela diz e eu sento-me na única cadeira livre.
"Bom dia." Digo.
"Bom dia." Dizem em uníssono.
Começo por tirar torradas para o meu prato e pego na pequena faca da manteiga para barrar no pão. A Gemma continua a resmungar por causa do cheiro a morto mas eu simplesmente ignoro. Ela quer arranjar desculpas para sair daqui mas bem pode esquecer porque nós gastámos imenso dinheiro nesta casa e portanto não vamos conseguir voltar para Holmes Chapel.
Que horas são? Gostava de ir explorar o terreno. Olho para o relógio e estranho os ponteiros. O ponteiro das horas aponta para o quatro e o ponteiro dos minutos aponta para um pouco mais do quatro. O relógio parou às quatro e vinte e dois da manhã. Estranho, nós pusemos pilhas novas em todos os relógios.
"Hum, mãe?" Chamo e ela olha-me.
"Diz, Caroline." Eu olho para ela e volto a olhar para o relógio.
"O relógio parou." Digo e ela olha para trás.
"Estranho, nós pusemos pilha neste." Ela diz e encolhe os ombros. "Se calhar a pilha estava quase gasta."
Encolho os ombros e despacho-me a comer para sair. Arrumo a minha loiça e saio da cozinha para ir para as escadas. Porém, o meu corpo pára quando os meus olhos atingem o relógio à entrada. Também está parado e marca as quatro e vinte e dois da manhã. Mas o que é que se passa com os relógios? Encolho os ombros e subo as escadas até à casa de banho.
Ligo a água e dispo o meu pijama, entrando na banheira. Deixo a água escorrer pelo meu corpo e relaxar cada músculo. Ponho o champô e massajo a cabeça para que o produto se espalhe bem. Tiro e coloco o amaciador, penteando o cabelo com os dedos para que apressasse o efeito do mesmo nos meus cabelos loiros.
Passo o gel de duche pelo meu corpo enquanto o amaciador fazia o seu devido efeito e tiro tudo. Desligo a água e puxo a cortina. Enrolo uma toalha pequena à volta do meu cabelo e uma maior à volta do meu corpo. Saio da banheira e em seguida, da casa de banho. Entro no quarto e deixo cair a toalha. Visto umas cuecas e ponho creme hidratante pela minha pele quente branca.
Visto o soutien e deslizo uns calções encarnados pelas minhas pernas e uma t-shirt branca larga pelo meu tronco. Calço umas meias e, seguidamente, os meus all star brancos. Peguei na toalha e voltei para a casa de banho. Pendurei a mesma e tirei o pequeno tecido à volta do meu cabelo, pendurando-o também.
Penteei os meus cabelos loiros e lavei os dentes. Sequei o cabelo e estava pronta para ir explorar cada canto deste terreno à volta da casa. Talvez até vá à cidade. Saí da casa de banho e fui até ao quarto para pegar no meu telemóvel. Quando vou a sair, paro e olho para trás, reparando na cama por fazer. Faço num instante e saio, descendo as escadas.
"Vou sair!" Grito e a minha mãe aparece à porta da cozinha no momento em que estou a abrir a porta de casa.
"Vais onde?" Pergunta.
"Vou andar por aí." Respondo e dou-lhe um beijo na bochecha.
"Fazer o quê?" Pergunta de sobrancelha erguida.
"Explorar, mãe." Respondo e saio de casa.
Caminho livremente, sentindo a brisa fresca para cortar um pouco o calor do campo e olho em volta. Isto é calmo, tão calmo que posso ouvir a minha própria respiração. Se calhar até posso voltar atrás quando disse que isto era um fim do mundo. Há algo aqui que me acalma. Será a natureza? Em Holmes Chapel também tinha muitos campos mas acho que o facto de aqui ser mais quente ganha uns pontos.
Olá! Espero que gostem e talvez o Niall apareça no próximo capítulo! Beijinhos!
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Spirits |N.H|
FanfictionCaroline é uma rapariga de dezanove anos que se muda para uma casa nova no campo com os pais e com os irmãos. "Mãe, temos mesmo de ir?" A sua vida muda, ela deixa tudo para viver com a sua família naquele campo. "Eu só estou aqui por vocês." E é nes...