Capítulo 56

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11 de Abril de 2016 - Faltam dois dias

Não suporto a ideia de estar a perder aulas, já quando faltava no secundário andava uma barata tonta a recuperar matéria. Agora imaginem na faculdade.

"Caroline?" A voz de Jane chama e eu olho para ela. "O Niall não voltava hoje?" Pergunta e eu sinto-me ficar ainda mais triste e deprimida do que anteriormente.

"Na verdade, era suposto ele ter voltado ontem." Corrijo educadamente.

"Então?" Pergunta.

"Ele vai ficar mais tempo, fazia parte da surpresa dos pais." Esclareço.

"Não pareces muito feliz." Jane aponta.

"Pois, claro que não, eu estou perto de ser possuída e o meu namorado não só não sabe de nada, como não está cá para..." Começo, mas não encontro algo que soe normal para dizer. "Não sei bem." Acabo por dizer.

"Caroline, tu não vais ser possuída, nós não vamos deixar." Jane assegura.

"Tenho cada vez mais medo de tudo isto, e o facto de o Niall estar longe piora ainda mais as coisas."

Ontem à noite esperei que Niall me ligasse a dizer que já estava em casa. E ele de facto ligou, mas não foi para dizer que estava em casa. Niall ligou-me eufórico a dizer que ia ficar mais três dias, ou seja, só voltava dia 13. Nesse dia eu já não seria eu mesma. Ou talvez não. Ou talvez sim.

O meu telemóvel toca e eu pego no mesmo ao meu lado no sofá, vendo que Niall me está a ligar. Atendo a chamada e coloco o aparelho junto ao meu ouvido.

"Estou?" Chamo.

"Tenho saudades tuas." Diz e eu sorrio levemente.

"Como não ter?" Brinco e ele ri-se.

"Como te sentes?" Pergunta.

"Bem." Respondo.

"O que é que se passa?" Pergunta.

"Nada." Minto e sinto os meus olhos tremerem e encherem-se de água.

"Estás estranha, babe." Diz e eu encolho os ombros apesar de ele não ver, vendo Jane afagar-me o braço e sair da sala, deixando-me sozinha.

"Eu queria que estivesses aqui." Digo, a minha voz a falhar.

"Amanhã à noite estou de volta, babe." Diz-me e eu uno as sobrancelhas.

"Tu disseste-me que voltavas dia 13." Digo-lhe.

"Eu volto amanhã muito à noite, já é dia 13." Esclarece. "Se quiseres, assim que chegar ligo-te." Propõe.

"Boa ideia!" Elogio.

"Ou melhor, fazemos uma chamada de Skype!" A ideia de vê-lo agrada-me, mas a ideia de ser à mesma hora, ou a poucas horas das quatro e vinte e duas, a hora do meu suicídio.

"Quem cala consente, por isso, depois de jantares, liga o Skype e fica à espera da minha chamada." Instrui e eu penso melhor no assunto.

Talvez não seja boa ideia, mas talvez seja. Eu tenho tantas saudades dele, estes dias têm sido mais assustadores sem Niall.

"Care?" Niall chama e eu abano a cabeça para afastar os meus pensamentos.

"Está combinado!" Digo e Niall liberta um som de festejo que é interrompido por alguma coisa. "Niall?" Chamo, mas não oiço absolutamente nada.

Afasto o telemóvel do meu ouvido e reparo que este está com o ecrã preto. Pressiono o botão principal, mas nada. Deve ter ficado sem bateria. Mas era capaz de jurar que tinha a bateria no máximo há cerca de uma hora. Como é que seria possível o telemóvel ter-se desligado?

"Mãe?" Chamo, mas não oiço um único som dentro de casa para além do da televisão. "Jane? Jeremy?" Chamo, mas não obtenho resposta. "Pai?" Chamo a última pessoa que está cá em casa, mas lembro-me que o meu pai saiu há algum tempo para ir trabalhar. "Ótimo." Ironizo e pego nas minhas moletas, levantando-me com alguma dificuldade. Não sei andar com isto e tenho pena de quem anda.

"Queres ajuda?" Perguntam e eu olho em volta para ver quem é a pessoa generosa que me está a oferecer ajuda. Porém, aquela voz não é da minha mãe nem da Jane. E muito menos do Jeremy.

"Quem está aí?" Pergunto assustada e, se conseguisse, ter-me-ia espancado no momento a seguir.

Não se pergunta quem é, Caroline Ella!

"Eu... Tu... Nós..." E o que vem a seguir é uma gargalhada que eu rapidamente conheci.

Volto a olhar em volta, o medo a consumir-me. Guardo o telemóvel no bolso das calças e começo a caminhar para fora da sala com o objetivo de atravessar o corredor e ir para as traseiras. Porém, quando passo ao pé das escadas, uma das minhas moletas fica presa nalgum lado, mas quando tento mexê-la, nada acontece.

Quando desvio os meus olhos para a moleta, esta permanece a meu lado sem nenhum obstáculo. Tento erguê-la do chão, mas nada acontece. Engulo em seco e, lentamente, tiro o meu braço da moleta, vendo esta ficar direita. De repente, a moleta voa para trás, fazendo-me gritar de susto. Coloco a moleta do outro lado e tento caminhar o mais depressa que consigo para fora de casa, mas a moleta é puxada para trás, fazendo-me cambalear para trás e quase cair. Agarro-me ao pequeno móvel ao meu lado e largo a moleta, que logo voa para trás.

"Mãe!" Berro e tento saltar ao pé coxinho sem bater com o gesso no chão, mas parece um bocado impossível. "Jane!" Berro novamente. "Alguém me ajude!" Volto a berrar e a tentar caminhar para o exterior. Dou graças a Deus quando vejo a minha mãe entrar com Jane e Jeremy.

"O que é que aconteceu, Caroline?" A minha mãe pergunta preocupada e eu limpo as lágrimas com uma mão, sentindo o meu corpo a tremer.

"Tiraram-me as moletas." Digo e assusto-me ao ver as moletas caírem mesmo à minha frente, assim como a minha mãe, Jane e Jeremy.

"Oh Deus!" A minha mãe leva a mão ao peito e respira fundo.

Não quero olhar para cima.

"Por favor, digam-me que não está nada no teto." Imploro e vejo os três olharem para cima.

"Não, está tudo bem." Jane assegura e a minha mãe aproxima-se de mim para me ajudar.

"Isto ficou filmado, não se preocupem, vai ser uma boa prova para a igreja." Jeremy diz e aproxima-se de mim, assim como Jane.

"Nós vamos poder fazer o exorcismo." Ela diz e eu sinto-me um pouco mais aliviada.

Olá!!!!! Espero que tenham gostado e AAaaaHHHHhhh, está quase no fim!

Beijinhos

Xx

Spirits |N.H|Onde histórias criam vida. Descubra agora