#5: Surprise
Afastei-me lentamente da mulher, indo em direção à varanda onde o meu marido já se encontrava sentado, com a mesmo expressão que a minha- confusa. Muito confusa.
Ao sentar-me, cruzei as pernas e pousei calmamente a minha mão na minha coxa, mantendo os meus olhos no seu colo. Esperando que ele fizesse algum tipo de movimento, qualquer um. Infelizmente, ele permaneceu quieto, por isso a quebra do silêncio e o facto de fazer progressos nesta situação inesperada cabia-me a mim.
"Então." Clareei a voz, mordendo o lábio enquanto ele continuava em silêncio. Nem parecia que eramos casados, parecíamos apenas miúdos que ficaram sentados lado a lado no castigo. "Isto é... interessante no entanto, não achas?"
"Mhm." Ele murmurou, calmo por mais uns segundos até se ter inclinado para trás, ate se encostar à parede. Eu não chamaria isto de um progresso dado o momento anterior considerando que ele continuava a encarar o vazio.
"Lou? Vá lá, diz alguma coisa."
"Não sei o que dizer." Ele abanou a cabeça, deixando as palavras e pondo um sorriso seco. "É... definitivamente não é algo mau mas mesmo assim..."
"Ok, eu sei que não era o que tínhamos planeado." Assenti às minhas próprias palavras, assim como ele. "Mas... pensa nisto, quão mau pode ser?"
"Não seria mau, Lorena, seria bastante difícil." Ele disse calmo, levantando a mão para enfatizar o que estava a dizer. "Quando nos inscrevemos para a adoção, eu esperava que eles nos apresentassem a uma mulher que estivesse gravida de alguns meses e que nos daria o bebe quando ele nascesse."
Ele passou uma mão pelo cabelo, claramente frustrado. "Não... não dois irmãos com 4 e 7 anos. Cristo, eu sabia que adotar pela assistência social era uma má ideia."
Cerrei os olhos para ele. "Então o que é isto, é inconveniente para ti? Estás a falar a sério?"
"Pensa nisto!" Elevou-me a voz, passou de meio morto para vivo em um segundo. "Sim, eles são queridos, e sim, eles tiveram uma vida difícil, mas-mas- tu não podes adotar crianças por elas serem queridas e terem sofrido!"
"E eu não o estou a fazer." Cortei-o antes que ele pudesse continuar. "Louis, maior parte das crianças que estão na assistência social estão la pela mesma razão- tanto tiveram pais de merda ou os perderam. Toda a gente se vai sentir mal por cada criança que la conheça mas não é por isso que as pessoas as adotam. Elas não são cães, por amor de deus!"
"Mesmo assim." Ele interrompeu-me mas eu sabia que ele concordava comigo. "Apenas... apenas não é para nós."
"Co-como é que chegaste a essa conclusão?" Certo, eu percebo que ele esteja chocado- obviamente que eu também o estou, quero dizer, quem poderia estar à espera que nós adotássemos duas crianças de uma só vez? Irmãos biológicos. "Nos temos ao nossa própria casa, estamos a 3 anos dos 30, nos podemos dispor-nos a isto, somos professores- trabalhamos com crianças, por amor de deus."
"Sim, deve ter sido por isso que eles nos escolheram para o pacote duplo."
Sorri-lhe, aliviada por ele se ter acalmado. Pelo menos assim eu poderia fazer com que ele pensasse no assunto. "Pensa nisto." Dei-lhe uma cotovelada levemente. "Sem comprar leite e fraldas e-"
"-e todas as outras coisas para as quais estávamos preparados!" Louis terminou por mim, apoiando os cotovelos nas suas pernas e pondo a cara nas mãos. Ri-me um pouco da sua reação, batendo-lhe nas costas algumas vezes.
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You again? (DC sequel) | Português
Teen FictionQuais são as possibilidades de encontrares um antigo amor depois de dois anos? Não tão pequenas, de facto. Mas e se tiveres de partilhar o mesmo local de trabalho que ele?