Capítulo 29

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Me remexi na cama sem a mínima vontade de acordar, eu me sentia tão bem com aqueles braços em volta do meu corpo... Pe-pe-pera aí que eu me perdi na história... Abri meus olhos assustada e girei meu pescoço devagar para ver quem dormia agarrado comigo. Depois dos últimos acontecimentos, eu iria tomar cuidado até com o vento.

Respirei aliviada quando vi os cabelos loiros do Aaron e imagens da noite anterior vieram a minha cabeça, sorri e me aconcheguei ainda mais no seu abraço.

Flashback on

- Quer falar sobre isso? - neguei com a cabeça encostada no seu peito e ele me apertou mãos forte. Deveria está estranhando meu comportamento, até eu estava. Já tinha recusado seu beijo, desisti de ir a uma festa no andar de baixo, além de parecer uma garotinha assustada. E era assim que eu estava.

Quando o Aaron tentou me beijar, eu não consegui retribuir. Não por falta de vontade, óbvio, mas as cenas do Dylan e do brutamontes me agarrando a força estavam passando na minha cabeça repetidas vezes e eu senti medo. Não quis ir à festa porque devia estar cheia de gente desconhecida e além disso eu não queria olhar para o Dylan nem tão cedo.

- Tire essa roupa. - Meu corpo congelou ao ouvir sua frase e eu tentei me afastar dele, na minha cabeça ele seria o próximo da lista dos caras que eu mais odeio na vida.

- E vá vestir outra mais confortável, Mel. - Completou a frase e eu me xinguei por tê-lo interpretado mal. Acho que agora eu que precisava de tratamento psicológico. Ele tocou meu rosto e ergueu minha cabeça me fazendo olhar nos seus olhos.

- Sabe que pode confiar em mim e contar o que está acontecendo, não é? - Seu tom preocupado me deram a certeza que eu estava agindo como uma louca neurótica. Respirei fundo e tentei sorrir, mamãe puxaria minha orelha se me visse sendo fraca.

- Tô com saudades dos meus pais, queria estar com eles. - Contei uma meia verdade, se eu contasse a alguém o que o Dylan tinha feito poderia dar adeus a paz e ao amor na nossa família, tia Luna teria um ataque cardíaco se soubesse e o tio Ian iria ajudar meu pai a matar o Dylan e minha mãe arrancaria suas bolas.

- Sobre isso... Quando as férias terminarem o que a gente tem termina também? - O olhei para saber se estava falando sério, eu ainda não tinha pensado sobre isso, tínhamos vidas totalmente diferentes em Los Angeles e naquele momento meus problemas eram outros. Mas a ideia de continuamos com aquilo por um bom tempo era tentadora.

- Depois pensamos nisso. - Beijei sua bochecha e me levantei. - Eu já estou melhor, pode ir pra festa, eu vou dormir. - Falei indo em direção ao guarda roupa pegar uma mais confortável pra eu dormir.

- O que eu vou fazer numa festa sem ter uma garota pra salvar das encrencas? - Disse no meu ouvido colando seu corpo por trás do meu. Ele afastou meu cabelo para o lado e inspirou o perfume do meu pescoço, meu corpo arrepiou com a suavidade do seu gesto, a ponta dos seus dedos tocaram minha nuca e desceram até encontrar o fecho nas costas do meu vestido, meu corpo ficou rígido.

- Aaron, para. - Pedi com a voz fraca e diferente do Dylan, ele me obedeceu.

- Tem algo muito errado com você, prometo não fazer nada. - Deu um beijo suave no meu pescoço e se afastou. Obriguei meu corpo a se mover e peguei um short e uma blusa de algodão no guarda roupa, me tranquei no banheiro, por garantia, e passei quase dez minutos tentando apenas soltar o fecho do meu vestido. Em outra ocasião, eu já teria chamado o Aaron e me aproveitado da oportunidade, mas fiquei tentando até finalmente conseguir.

Voltei para o quarto e ao contrário do que eu imaginava o Aaron ainda estava lá, caminhei até a cama e me joguei nela, eu queira dormir, nem o barulho da música alta no andar de baixo me incomodariam, o lado da minha cama afundou e vi o Aaron se deitar, ele continuou de calça e camisa, agradeci mentalmente por ele ter entendido que hoje eu estava frágil.

- Vou ficar te olhando até você dormir, depois eu saio. - Ele garantiu.

- Me abraça. - Pedi baixinho e seus braços me puxaram pra próximo do seu corpo, apoiei minha cabeça no seu peito e fechei os olhos. Ele beijou minha testa e ficou acariciando meu braço com as pontas dos dedos até o sono me vencer.

Flashback off

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Flashback off

Passei longos minutos olhando os traços angelicais do rosto do Aaron, os lábios carnudos, as sobrancelhas claras, os fios rebeldes do cabelo caindo sobre sua face, a respiração controlada. Ele era lindo até dormindo. Tive a estranha sensação de estar sendo observada e quando olhei ao redor do meu quarto, gritei:

- AI... - Levei as mãos a boca pra tentar abafar o grito e não acordar o Aaron. Ali parado em pé de braços cruzados próximo a minha cama estava a pessoa que eu menos queria ver no momento, esfreguei meus olhos pra saber se não era um pesadelo, mas ele continuou lá. Seu olho esquerdo possuía uma mancha roxa, havia um machucado no supercilio e outro perto da sua boca. Não pude negar que fiquei feliz ao vê-lo daquela maneira, embora eu não soubesse o motivo pelo qual ele apanhou.

- Saía do meu quarto, Dylan! - Falei em um sussurro para não acordar o Aaron.

- Pode continuar seu momento romântico, juro que não vou atrapalhar. - Disse com ironia mas sem olhar nos meus olhos.

- O que veio fazer aqui? - Perguntei me levantando. - Pedir desculpas? - Usei a ironia também e ele revirou os olhos.

- Duvido muito que você vá me desculpar. - Respondeu olhando para o Aaron que dormia alheio aquilo tudo. Ficamos alguns segundos em silêncio até ele olhar pra mim, tentei não mostrar que eu estava com medo dele.

- Eu vim saber como você estava, mas já vi que nem se importou com o que aconteceu. - Ele olhou mais uma vez para o Aaron e depois lançou um olhar acusatório pra mim. Olhei pra ele incrédula, não precisava ser um gênio para entender suas palavras.

- Você está insinuando que eu transei com o Aaron depois de você quase... - Ele ergueu uma mão me mandando parar de falar e eu só obedeci para não correr o risco do Aaron ouvir.

- Eu não me importo com o que você faz ou deixa de fazer, Mel. - Disse ficando de costas pra mim e indo em direção a porta. - Esqueça as merdas que eu falei ontem.

Saiu do quarto e eu o xinguei centenas de vezes na minha cabeça. Senti a necessidade de ficar longe de todos por algumas horas e decidir ir caminhar na praia. Escovei os dentes, vesti um biquíni, um vestido fino por cima, óculos de sol e saí. O Aaron ainda não tinha acordado e o deixei lá, eu precisava de um tempo só meu.

Ao sair do quarto, encontrei um corpo sarado apenas de cueca box branca jogado no corredor. Estava deitado de bruços e não soube distinguir se era o Ethan ou Austin. Desci as escadas e me assustei com a bagunça na sala. Havia copos, garrafas e até algumas peças de roupas espalhadas pelo chão. Vi o corpo do outro gêmeo jogado no lugar onde deveria estar o sofá, se eu não estivesse vendo errado tinha um sutiã vermelho na sua cabeça, o corpo do Liam e do Léo também estavam largados lá e ambos dormiam com sorrisos enormes nos rostos. Fiz uma careta de nojo e saí de casa. Do lado de fora parecia ainda pior, avistei o corpo do Jack jogado no jardim e ri ao ve-lo se cueca, seu corpo era magrelo e não tão másculo como os outros. Suas costas tinham marcas de arranhões. Saí dali antes que visse algo pior. Fiz bem de não ter ido à festa.

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