Capítulo 53

24.7K 2.2K 1.8K
                                    

- EU NÃO ESPERO O CARNAVAL PRA SER VADIA
SOU TODO DIA
SOU TODO DIA ♪

Eu cantava a plenos pulmões a música que acabara de lembrar enquanto estava em baixo do chuveiro. Demorei quase uma hora no banho, achando que a demora faria o ogro cansar de me esperar e me deixaria em paz. Desde minha conversa com o Aaron, eu tinha parado um pouco para pensar na vida, ou o pouco que vinha lembrando dela. As memórias que eu recordei durante a tarde eram totalmente aleatórias e algumas sem nexo. Por que caralho meu cérebro tinha considerado importante eu lembrar o nome do cara que pisou na Lua? Ou pior, que eu perseguia o Dylan quando era criança? Era o tipo de coisa que não tinha importância ser lembrada.

Além dessas coisas insignificantes, lembrei de alguns parentes após ver suas fotos no instagram. Tia Bella e tio Matt, o casal mais safado que eu lembrava, tinham postado uma foto deles pelados, escondendo apenas o necessário e fizeram check in em um lugar chamado Praia do Nudismo. Comentei que eu queria ir lá qualquer dia e um tal de Chris Thompson surgiu nos comentários brigando com o tio Matt.

O que me levou a lembrar do homem mais incrível do mundo, exceto quando o assunto eram meus namoradinhos. Fisicamente, ele parecia bastante comigo e meus irmãos, sem dúvidas tínhamos herdado a beleza e os lindos olhos dele. Da minha mãe só herdamos a loucura mesmo. Era a única coisa que eu lembrava da dona Mia: ela é louca.

Talvez eu recordasse mais sobre a minha vida se eu tivesse o sossego de ficar sozinha, mas graças ao ogro do Dylan não seria possível. Quando sai do banheiro ele estava deitado na minha cama, usava uma regata preta que deixava seus bícipes, tríplices, quatrípices e todos os ípices do seu braço bem visíveis, o short branco de malha revelava metade da sua coxa devivo a uma das pernas um pouco erguida, e ele estava mexendo no celular. EM MEU CELULAR, percebi segundos depois.

Fiquei furiosa por ele invadir toda a minha privacidade, porém não entrei em pânico, pois fazia poucas horas que meu irmão tinha dado o aparelho a mim e a única pessoa com a qual conversei foi meu pai.

- Eu não lembro de ter dado permissão para você mexer nas minhas coisas. - resmunguei.

- O imbecil do Aaron disse que já está com saudades de você, eu fiz o favor de bloqueá-lo. Não precisa me agradecer. - comentou com naturalidade, sem olhar para mim. Ele tinha lido minhas mensagens e bloqueado meus contatinhos? Eu o mataria.

- Largue meu celular! - ordernei severamente e, surpreendentemente, ele obedeceu.

Dylan ergueu o olhar para mim. Seus olhos percorreram todo o meu corpo antes de encarar meus olhos e um sorriso de deboche surgir em seu rosto.

- Esse pijama não é de criança? Ah, espera. Você ainda é uma! - constatou, como se tivesse descoberto o Mundial do Palmeiras.

A primeira coisa que passou por minha cabeça foi dizer "Eu não era uma criança ontem quando você estava sarrando em mim", entretanto decidi não revidar sua provocação. A intenção do meu pijama de unicórnio (com um chifre no capuz e um rabo atrás) era justamente para ele se tocar que eu não tentava ser atraente caso ele tivesse segundas intenções, afinal eu não era inocente a ponto de achar que ele estava ali apenas para me fazer companhia e nada mais. Não depois das sarradas de ontem.

- Ganhei no meu aniversário de 8 anos, não faz muito tempo. - disse, com ironia.Ele parou de sorrir. Mel 1 × 0 Dylan.

- As comidas já chegaram. - apontou para o criado mudo onde estava minha pizza e a comida japonesa dele, além de duas latas de refrigerante. Minha barriga roncou alto.

Ele sentou na cama apoiando as costas na cabeceira e passou a comer em silêncio. Sentei o mais distante possível dele e devorei uma fatia de frango com catupiry. Dylan acabou sua refeição quando eu ainda estava na terceira fatia, incomodada com o silêncio e notando seu olhar atento em mim, levantei e procurei o controle da TV, após encontrá-lo dentro de um tênis em cima da escrivaninha, liguei a TV em um canal qualquer, ao menos eu teria isso para me distrair. Ao voltar para a cama, minha pizza tinha desaparecido. Um segundo depois, percebi que na verdade ela tinha ido parar no colo do Dylan e o mesmo estava comendo-a. O fuzilei com o olhar.

30 Dias Com Eles |PAUSADO|Onde histórias criam vida. Descubra agora