Nightmares and Trepidations

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Galhos, árvores, folhas...mata. Era tudo que eu conseguia enxergar a minha frente. Se moviam constantemente, como se eu os visse da janela de um carro. Barulhos fortes de folhas quebrando assombravam minha cabeça, que latejava.

Plac! Plac! Plac! Plac!

Era quase infinito.

De repente senti que ia vomitar, eu estava enjoada. Me apoiei em qualquer coisa que fosse para tentar a sorte quando percebi que era um ombro, ou melhor, eram ombros. Ombros morenos desnudos e duros como pedra. Foi quando me dei conta, eu estava sendo carregada. Tentei erguer a cabeça mas uma dor fina se descarregou pela minha espinha, fazendo com que eu soltasse um rosnado baixo e abaixasse-a novamente. Eu sentia o impacto toda a vez que o sujeito tocava o pé no chão, ele corria assustadoramente rápido. Eu iria vomitar...

Ergui apenas os olhos e vi, não era apenas um...eram vários. E vários e vários. Correndo na mesma direção, na mesma velocidade. Tive a impressão de que não era para deixar que vissem que eu estava acordada, entretanto foi tarde demais. Um deles me viu. Arregalei os olhos. Seu rosto era um pouco borrado, o rosto de todos. Todos se vestiam com roupas que mais pareciam trapos, rasgadas e encardidas.

O sujeito, ao me ver, saltou para trás, virando-se para mim e gritou. Não foi um grito qualquer. Foi um forte e ensurdecedor grunhido. Tão alto que parecia ter engolido qualquer outro barulho ao redor. Fechei os olhos com força, apavorada. Foi tudo muito rápido.

Quando abri os olhos de novo não estava mais no mesmo lugar. Tudo havia sumido. Ainda era floresta e eu ainda me movimentava rapidamente. Só que dessa vez eu estava no chão, correndo feito louca de algo que eu não fazia ideia do que era. Algo me dizia que, independente do que fosse, nunca parasse de correr, em hipótese alguma. E eu continuei.

Então as árvores e os arbustos começaram a chacoalhar a minha volta. Estavam chegando perto! Olhei para trás por um segundo e continuei correndo, o mais rápido que meus pés me permitiam. Eu poderia perder a força e cair a qualquer segundo mas essa nem era a pior coisa.

Eu os vi outra vez. Os mesmos de antes. Os mal trapilhos. Selvagens velozes. Eles estavam a beira de me alcançar. Eu iria morrer, não tinha outro fim.

Então o sujeito de antes, aquele que grunhiu, se projetou em minha frente, me atacando como um monstro faminto, abrindo sua boca com dentes surpreendentemente afiados e seus olhos cristais. Eu gritei, não tinha como parar, desacelerar. Ele estava ali para me fisgar. Foi como um baque. Nós colidimos e eu gritei, tão alto que quase me auto ensurdeci. Tudo ficou preto.


Me sentei como um trovão. Meu coração parecia um tambor e eu parecia ter dado a volta ao mundo. Estava completamente suada, alguns fios de cabelo grudados na testa e no pescoço. Olhos e corpo em alerta e aquela fodida sensação ruim de quem acaba de acordar de um pesadelo.

Fechei os olhos, tentando me acalmar e dizer ao meu cérebro que estava tudo bem. Lágrimas escorreram.

Deus...parecia tudo tão real.

Contei até dez, vinte, cinquenta. E, quando achei que havia melhorado me permiti concentrar apenas ao redor. Eu não estava reconhecendo nada do meu quarto. Mas...esse não é o meu quarto...

Meus olhos estranhavam tudo, completamente. Só sabia dizer que era um quarto. O chão feito de algo duro e não muito liso, as paredes tinham madeira velha, pregos grossos e outras coisas que não consegui dizer. Era pouco arejado e sujo. Lembrei do sonho e voltei a ficar mal. E se...e se não tivesse sido apenas um sonho?! Olhei para os lados horrorizada, quando vi algo que me acalmou no mesmo instante.

She Wolf [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora