Capítulo 34 - Não quero voltar

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Hey meninas, surpresa! Vamos para mais um cap?

Boa leitura :)

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POV ISABEL

Eu estava no carro olhando a paisagem perdida em meus pensamentos. Amy dirigia em direção ao Rio e minha cabeça era um turbilhão enorme de sentimentos. Meus olhos encheram de lágrimas quando lembrei que Caio estava parado ao final da escada quando Amy e eu, finalmente havíamos nos livrado de Milena. Meu pai segurava a criança no colo e minha mãe tinha uma expressão de pura agonia. Caio passou as mãos na cabeça, como ele fazia sempre que estava nervoso, pelo menos eu ainda achava que sim. Eu desci os degraus da escada olhando para ele e eu não sabia dizer que tipo de sentimento eu carregava comigo: Ódio? Mágoa? Decepção? Tristeza? Amor?

Nos olhamos por longos segundos e eu pensei como foi que meu amado irmão se tornou um estranho para mim. Quando foi que a gente simplesmente deixou que a pior coisa do mundo acontecesse entre a gente? Que uma ferida tão profunda fosse aberta? Eu apenas não sei. Mas não tinha mais aquele pesar comigo, aquela sensação de que foi tudo apenas minha culpa. Senti quando lágrimas quentes escorreram pelo meu rosto enquanto eu olhava as que escorriam pelo dele. Ele pareceu querer falar alguma coisa, mas fechou a boca em seguida e suspirou derrotado.

Eu senti quando a mão de Amy repousou sobre o meu ombro, me lembrando que ela ainda estava ali. E incrivelmente aquela sensação de segurança que ela me transmitia apenas com um toque, foi o bastante para que minhas pernas continuassem a descer a escada. Eu passei por Caio em silêncio, apenas com a dor no peito e a sensação de que talvez nunca mais fosse vê-lo de novo.

- Filha, não vai assim... Vamos conversar! Minha mãe disse com a voz trêmula.

- Não tem mais nada a ser dito mãe...

Eu olhei a criança de perto, finalmente, ainda no colo do meu pai e ele tinha os mesmos olhos meus e de Caio. Verdes e translúcidos. Eu soube ali que não havia outra explicação. Eu era tia afinal. Tia do filho da minha ex-mulher com meu irmão. As lágrimas desceram sem controle e Amy apertou meu ombro tentando consolar-me. Ela pareceu ter chegado a mesma conclusão que eu. Era óbvio, mas talvez inconscientemente, eu tivesse evitado encarar a criança para negar tudo aquilo.

Minha mãe chorou quando viu que eu finalmente me permiti assimilar aquilo tudo e tentou me puxar para um abraço, mas eu simplesmente não pude. Eu não podia estar ali, não mais. Talvez nunca mais. Eu não podia abraçar minha mãe agora. Eles não haviam me dito nada quando cheguei. Eles não haviam me dito nada por três miseráveis anos. Eu voltei a Teresópolis para encarar meu passado, mas nada que eu tivesse em mente e nenhum medo que eu tivesse se compararia a isso. A criança elevou os olhos verdes e encarou-me pela primeira vez. Ela era linda, parecia um anjo e eu não podia culpa-la por nada daquilo. Eu poderia me afeiçoar a ela se não fosse a dor que me causava estar ali. Ela estendeu-me o chocalho que segurava nas mãos e pronunciou palavras ainda enroladas. Sua voz infantil era doce e calma. Eu não podia mais permanecer ali.

- Vamos Amy...

Eu disse com a voz trêmula e passei por eles. Minha mãe ainda tentou protestar e meu pai apenas manteve-se em silêncio, como ele sempre fazia. Entramos no carro em silêncio e já estávamos descendo a serra enquanto eu ainda pensava em como meu fim de semana foi do paraíso ao inferno.

Eu tive Amy pela primeira vez e foi incrivelmente mágico. Eu ainda podia sentir o cheiro dela em mim e o calor dela na minha pele. Tentei não deixar que isso fosse apagado pelas coisas ruins que eu tinha descoberto. Pensei em Milena tentando falar comigo e não senti nada mais do que raiva.

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