Capítulo 2 - Jogo de Interesses

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OXIGÊNIO, ONDE DIABOS ESTÁ VOCÊ QUANDO EU PRECISO?

Eu abri a boca pra responder, enquanto ficava vermelha como um pimentão, mas o meu cérebro não conseguia processar nada coerente pra responder. Ao invés disso, ele ficava gritando repetidamente:

ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO, ELE FALOU COMIGO!!!!!

- E ai, cara? – escutei o Willian dizer, e eu o amaldiçoei por existir. O Ricardo respondeu, inicialmente sem desprender os olhos de mim:

- Beleza? – só então se virou, e cumprimentou o amigo – Fala, Dani!

- Tudo tranqüilo! – o Daniel disse, batendo na mão do Ricardo – E tu, Lolita?

Demorei alguns segundos pra perceber que o Daniel estava falando comigo. Eu me virei pra ele e dei um sorrisinho.

- Eu to legal. – minha voz saiu aguda, tímida.

Que beleza!

- Depois de dois anos... – o Ricardo disse, e eu travei – Estamos na mesma sala de novo. Legal isso, né?

- É... – foi o máximo que eu consegui dizer.

Então o professor começou a falar e todo mundo calou a boca.

Desnecessário dizer que eu não escutei uma única palavra de nada do que o professor estava dizendo. Não precisava. Não queria. Eu tinha um ser humano absolutamente perfeito bem na minha frente, que tinha falado comigo, e isso era tudo de mais importante!

O resto era o resto.

Quando o sinal tocou anunciando o intervalo e os três garotos já estavam fora da sala, a primeira coisa que eu fiz foi me virar pra Bela, enfiar o dedo na cara dela e dizer, bem alto:

- EU DISSE!

Ela deu um tapa no meu dedo e fechou a cara.

- Isso não quer dizer nada! – insistiu - Ele disse duas frases inteiras pra você e você respondeu como uma débil-mental. Maravilhoso!

- Quem era aquele? – a Giovanna perguntou, então.

- É a paixonite da sua prima. – a Bela respondeu, com um risinho sarcástico.

- Esse é o cara do primeiro beijo? – foi a vez da Sabrina perguntar, meio impressionada. Eu confirmei – Meu Deus, Lolita, ele é muito gato!

- Realmente! – concordei.

- Você simplesmente tem que ficar com ele de novo!

- Esse é o plano!

- Eu acho injusto! – a Giovanna brincou, fazendo beicinho – Se você pegar o mais gato, o que sobra pra gente?

- Os menos gatos? – sugeri, e ela me deu um tabefe na cabeça. Me levantei e nós quatro saímos da sala em direção às escadas – Tem outros nessa escola!

- Não vi nenhum até agora!

- A Gi está com crise de carência! – disse a minha outra prima – Ela quer um alvo pra chamar atenção!

- A Gi não precisa de um alvo pra chamar atenção! – exclamei, inconformada – Duvido que você não seja a mais cotada antes do fim do mês!

- Obrigada pelos elogios, mas mesmo assim. – e então suspirou – Não tem graça chamar atenção só por chamar. Eu quero chamar a atenção de alguém!

A Bela empurrou as portas do refeitório e apontou para a massa de alunos do ensino médio.

- Então sirva-se.

O Diário (nada) Secreto - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora