Capítulo 6 - Proibido é Mais Gostoso

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- Oi, mãe!

- Oi, filha.

- Como a senhora está?

- Lolita, o que você quer?

Por que toda mãe prevê automaticamente que nós queremos alguma coisa quando somos gentis? Os filhos não têm direito de usar a educação que lhe foi ensinada com suas adoráveis mamães por um mísero segundo sem serem julgados como verdadeiros sanguessugas?

Isso é uma grande injustiça, se vocês querem saber o que eu acho!

- Festa no próximo domingo? – arrisquei, com uma careta. Até fechei os olhos pra não ver a cara dela.

Ah, sim, me lembrei agora por que toda mãe acha isso. Porque, geralmente, elas estão certas.

- Num domingo, Lolita? – a sua voz era tipo “você ficou maluca?” – Você ficou maluca?

O que foi que eu disse?

- Mãe, qual é! – exclamei, fazendo beicinho – Não custa nada! Eu vou com a Sabrina e a Nana e volto com elas.

- Você tem aula na segunda-feira, mocinha, pode esquecer. Eu duvido que a sua tia vá deixar, de qualquer forma.

- Eu duvido que ela não deixe! Mãe, por favor, eu não vou chegar tarde e eu vou pra droga da escola na segunda de manhã, de qualquer jeito!

- Vai, é claro que vai. – deu as costas e começou a andar em direção ao corredor – Principalmente porque você não vai a lugar nenhum no domingo!

Bufei.

Nota: nenhuma mãe se lembra que foi adolescente. Elas adoram agir como se tivessem nascido adultas, e esquecem que uma única festa num domingo não vai destruir as nossas vidas. E que um dia dormindo na aula não vai mudar nada, porque, afinal, é isso o que a gente faz todos os dias mesmo.

Certo, e o que eu ia fazer agora? Sem chance de eu perder uma festa à qual todo mundo ia! Era a oportunidade que eu precisava pra me distrair de todo aquele monte de coisa de ciúmes e vida desmoronando à minha volta. Eu tinha que dar um jeito!

Então, na manhã seguinte, resolvi ter uma consulta básica com as especialistas em convencer mães: Giovanna e Sabrina.

Na verdade, a minha intenção inicial era pedir ajuda pra Belatriz, porque ela é minha melhor amiga e tem obrigação de me escutar e tentar me dar algum apoio. Mas ela estava ocupada demais aproveitando seu tempo com o namorado, e eu não quis interromper; afinal, se ela voltasse ao seu estado natural SEM o Willian, quem ia agüentar seu falatório incansável sobre seus problemas caseiros com a irmã gêmea nada parecida com ela, seria eu.

Então, fui procurar a Sabrina. No entanto, me esqueci que, quando se procura pela Sabrina, a Giovanna é parte do pacote. As duas irmãs super unidas que falam sobre tudo e coisa e tal. Uma ainda estava puta da vida por toda a história com a Lana. A outra tinha aquele sorrisinho prepotente que eu sabia exatamente a quem era destinado. Quase desisti, mas eu já estava enforcada mesmo, certo?

- Eu estou com um problema. – declarei, me sentando com elas. Graças a todos os santos, o Edson não estava lá ainda.

- Bem vinda. – a Sabrina resmungou e eu fiz um muxoxo. A Giovanna riu.

- O que foi? – ela perguntou, e eu me senti grata por pelo menos uma não estar de mau humor. E por ela ser capaz de fingir que não me olha como uma ameaça de vez em quando.

- Preciso de uma dica pra convencer a minha mãe a me deixar ir na festa de domingo. – respondi, e a Nana torceu o nariz.

- Na dos formandos?

O Diário (nada) Secreto - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora