Capítulo 9 - Junina

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Junho é uma época feliz!

Ok, na verdade, não tanto. Junho é o aniversário da minha mãe, o aniversário da Sabrina, e a época tenebrosa em que nós, do Colégio de Ensino Católico Santa Rita de Cássia, tínhamos que nos desdobrar e virarmos mutantes na hora de arrumar uma festa junina de arromba.

Porque assim eram as festas juninas do Santa Rita. Lotadas. Duradouras. Legais.

E a missão de arrumar a festa era dos alunos do primeiro ano.

Eu.

Nós.

Que beleza.

A parte boa era que ninguém tinha que enfiar a mão no bolso pra nada, porque o colégio fornecia tudo de que a gente viesse a precisar pra decorar e todas essas coisas. Além do mais, eu perdia as contas de quantas aulas a gente perdia desde o primeiro dia de aula do mês de Junho, até o dia da festa junina, que era sempre o primeiro final de semana depois do dia 13.

Que naquele ano, era o dia 16.

E, cá pra nós, dezesseis dias pra fazer tudo o que a gente precisava fazer era tipo uma tarefa ninja.

- A partir de hoje, eu quero ver todo mundo dessa classe trabalhando como nunca! – exclamou a nossa coordenadora mala – Todos os anos, a Festa Junina do nosso colégio é tradicional e movimentada. Eu realmente espero poder contar com vocês pra que esse ano não seja diferente!

Ninguém respondeu. Não havia muita opção quanto a isso.

Eu esqueci de mencionar que isso valia nota?

- Vocês irão dispor de todas as aulas de artes, educação física, religião e português para os preparativos, contando com o auxílio dos professores. – continuou – Começando na próxima aula.

Era uma segunda-feira, e a segunda aula era português. Fiquei aliviada de saber que teríamos tanto tempo por dia. Porque tínhamos aula de artes de segundas e quartas, educação física nas terças, e português e religião todos os dias.

Era bastante tempo.

Todo mundo estava cochichando e tendo idéias, e aguardando ansiosamente a hora em que o sinal iria bater e nos levar ao início de um trabalho absurdo que nos deixaria com calos nas mãos, dor nas costas e notas a mais.

Mas, pra falar a verdade, eu não estava nem um pouco preocupada com isso.

Olhei pra trás e vi a Sabrina e a Giovanna conversando. Unidas e fingindo sorrir. Desde o início daquela manhã, a Giovanna estava fingindo como nunca. Deu oi pra todo mundo como se nada tivesse acontecido, e não olhou pro Edson do instante em que ele sentou à nossa mesa até a hora do sinal pra primeira aula bater.

E, embora ela estivesse bancando a forte muito bem, e eu não a tivesse visto sequer ameaçar começar a chorar, eu sabia muito bem que ela estava aos pedaços. E a culpa que batia em mim por causa disso era uma droga.

Então o sinal bateu e eu respirei fundo. Lá vamos nós.

Local: ginásio do colégio.

Status: bagunça completa.

Resultado: nenhum ainda.

Já haviam se passado 40 minutos de aula, dos 50 dos quais nós dispúnhamos, e nada havia sido decidido.

Os materiais estavam aguardando para serem usados, eu estava ficando impaciente, e ninguém era capaz de decidir por uma coisa.

Porque alguns queriam desenhos, e outros achavam que as palavras estavam boas, alguns pensavam que as barracas precisavam de uma reforma, e outros que não estavam nem aí.

O Diário (nada) Secreto - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora