Capítulo 8 - Verdades e Declarações

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Eu preciso dizer a verdade a ele.

Eu tenho que dizer a verdade a ele.

Eu não consigo dizer a verdade a ele.

Quanto mais eu pensava nisso, mais minha cabeça girava. Eu ainda estava de castigo, ainda estava apaixonada pelo Edson e ainda estava morrendo de medo da Giovanna.

E por isso, estava considerando seriamente a opção de dizer a verdade. Sabe como é, chegar nele e abrir o jogo. Embora eu não visse de que isso pudesse adiantar.

Claro que a conversa que eu havia tido com a Bela no ônibus vivia se repetindo quando eu estava distraída demais pra controlar meus pensamentos. “Ele escolheria você,” a Bela da minha mente repetia. Eu não queria acreditar, mas era nisso que eu me agarrava toda vez que pensava em ser sincera. Na possibilidade do Edson realmente largar a linda e loura Giovanna pra ficar com a menos linda, mais gorducha e loura menos brilhante Lolita.

Eu tinha as minhas qualidades. Não era esse o problema. O problema era que competir com a Giovanna em qualquer quesito era pedir pra perder, e perder feio. Não só ela gostava de ganhar como nunca perdia. Eu a admirava por isso, mas ultimamente vinha apenas invejando-a.

- Você sabe que não é disso que eu estou falando! – a Bela argumentou no ônibus, na manhã de terça-feira da semana seguinte à das recuperações – Não é por isso que ele iria te escolher. Felizmente o Edson não é o Henry e não escolhe garotas baseado nas aparências.

Henry tinha dado o fora na Suellen naquele domingo, depois que ela havia trocado o Ricardo por ele. Bela tinha me ligado exclusivamente pra comemorar o fato de que sua irmã gêmea estava trancada no quarto chorando. Muito fraternal da parte dela. A razão, aparente e obviamente, tinha sido outra garota.

Bela não sabe, mas liguei pro celular da Suellen assim que nós desligamos. Tentei conforta-la, mas não obtive muito sucesso. Ela só fazia chorar. Então, disquei o número do Daniel e mandei que fosse vê-la. Ele me agradeceu muito por isso.

- Eu sei que ele não é assim. – concordei – Mas é que... sei lá, Bela. Você fala com tanta certeza, e a verdade é que já se passou muito tempo desde que ele gostava de mim.

- Não se passou tempo nenhum, porque ele ainda gosta! – minha melhor amiga insistiu. Eu balancei a cabeça.

- Se ele ainda gostasse, ele teria feito alguma coisa, Bela. Falado comigo.

- Olha, Lolita, quando vocês voltaram a se falar, você estava toda jogada pra cima do Ricardo e a Giovanna apareceu com tudo pra cima dele. O que você queria que ele fizesse?

- Sei lá, me procurasse?

- Ele só começou a ficar com a sua prima pra te causar ciúmes.

- Funcionou! – resmunguei, e Bela riu.

- Não o bastante pra você virar pra ele e dizer, “ei, seu filho-da-mãe, eu estou apaixonada por você, sabia?” – até eu ri com a voz de mano que ela fez - Era isso que ele estava esperando que você fizesse!

- Mas eu não faço esse tipo de coisa! – exclamei. O ônibus parou pra recolher outro aluno, e eu voei pra frente. Bela riu da minha cara.

- Devia começar a fazer. Você está é perdendo tempo.

O Daniel entrou, e eu vi que ele foi direto pro banco onde a Suellen estava sentada, sozinha e parecendo triste. Ele também tinha feito isso ontem. Observei os dois por um instante, achando uma graça o jeito como se tratavam. Ele gostava dela, independente do que a relação consangüínea pudesse determinar.

- Como a Su ficou depois de domingo? – perguntei, sem tirar os olhos deles. A Bela bufou.

- Podemos, por favor, não falar da Miss Vaca do Universo? – pediu, e eu fiz uma careta.

O Diário (nada) Secreto - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora