Capítulo 3 - As 7 Coisas que Não Se Deve Fazer Em Uma Festa

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E aqui vai um detalhe importante pra se atentar durante esta gloriosa narrativa:

EU FAÇO SALTOS TEMPORAIS.

Com freqüência.

Sabe como é, pra não ficar enrolando no que realmente não importa e focar nos fatos que todo mundo quer saber. Não é como se todo dia fosse uma coisa impressionante de se viver, com fatos improváveis e coisa e tal.

Não, alguns dias são somente dias.

Então, vamos ao nosso primeiro pulo no tempo que nos leva da primeira e turbulenta semana de aula até a primeira semana de Março.

Viva!

Depois de mais um carnaval estúpido sem nada de interessante pra fazer, estávamos todos de volta à escola, na semana que precedia a primeira e tão ansiada festa daquele ano. Dos 300 alunos do Ensino Médio do Colégio de Ensino Católico Santa Rita de Cássia, pelo menos 200 estavam convidados. Seria uma festa grande, com cerimonial praticamente nulo e presença quase zerada de adultos.

O que era basicamente a condição padrão pra uma festa absolutamente inesquecível segundo os padrões dos alunos daquela escola.

E a Lana, é claro, estava a todo vapor.

- Ah, meu Deus, está chegando!! – ela exclamou, na segunda-feira de manhã. Eu e o Edson (nos falando ainda, calma e freqüentemente) quase rimos. Quase.

- Caramba, será que vai dar tudo certo? – ela perguntou, a ninguém em especial, na terça.

- Meninas, vocês vão, né? – foi quase uma intimação, na quarta. A Giovanna deu a entender que só iria se tivesse certeza de que algo aconteceria com certo alguém. Não tenho certeza se o certo alguém, sentado entre nós duas (aquilo estava se tornando um hábito muito estranho!) percebeu a indireta.

- Eu tenho que pedir pro Diego anotar as coisas pra mim na sexta, eu não vou vir... – comentou, ao acaso, na quinta.

E eu fico me perguntando o que ela teria dito se tivesse aparecido na sexta-feira, às vésperas da festa.

Não, melhor não imaginar.

O fato é que, na sexta-feira, não se falava em nada mais na maioria das bocas dentro da escola. Bilhetes voavam e garotas planejavam com ansiedade suas roupas, suas caronas, o que dar de presente, quem queriam conquistar.

E é claro que isso incluía...

Bem, a mim.

E à Giovanna, claro.

E à Sabrina, e à Bela. Ainda que essas duas últimas não estivessem realmente a fim a planejar o que fosse.

- Você acha mesmo que tem chance, Lolita? Sério?

Por isso eu amo tanto a Belatriz. Sempre tão positiva. Sempre me colocando tão pra cima. É emocionante, sabe?

- Sim, eu acho. – respondi, convicta e sem emoção. Ela balançou a cabeça e saiu da sala.

Estávamos na sala do meu minúsculo apartamento, que eu dividia com a minha mãe apenas. A Giovanna estava fazendo as minhas unhas enquanto a Sabrina terminava a lição de geografia de nós quatro, e a Bela se contentava em ver defeito em tudo. Era sexta-feira e nós estávamos discutindo as possibilidades da noite que viria.

A Giovanna parou de repente, com o vidro de base na mão esquerda. Ela olhou pro corredor por onde a Bela tinha entrado e monitorou, até que ouviu uma porta se fechando. Então virou-se, irritada, pra mim:

- Como você agüenta? – ela perguntou, num sussurro. A Sabrina reprimiu um riso.

- Ela só ta desse jeito porque ela ta tentando pegar o Willian há um tempão e não consegue! – sibilei de volta, igualmente irritada.

O Diário (nada) Secreto - vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora