Abril.
Mês da Páscoa. Do Dia da Mentira. Exatamente o meio do primeiro semestre letivo.
E também o mês em que as coisas escolhem para dar errado, ou fugir da sua ordem natural. O que vier primeiro.
Começando por...
- Lolita! – a Lana quase gritou, pela quarta (ou quinta?) vez naquele dia.
Era sábado, dia 4 de Abril, e eu, a Sabrina, a Giovanna, o Diego e a Bela estávamos na casa da Lana preparando o nosso seminário de Geografia sobre as nações subdesenvolvidas.
Melhor dizendo, a Sabrina estava pesquisando na internet, o Diego estava enfiado nos livros, a Lana e a Bela estavam recortando fotos, a Giovanna estava no outro sofá abraçada com o Edson sem fazer absolutamente nada, e eu estava encarando os dois.
Disfarçadamente, claro.
Tomei um susto – de novo – quando a Lana me chamou, e olhei rapidamente pra ela. Ela e a Bela tinham parado o que estavam fazendo e estavam olhando para mim, a Bela parecendo prestes a gargalhar, a Lana parecendo irada.
- Pro meu quarto. – ordenou – Agora!
Eu nem ameacei discutir. Bufei e acompanhei as duas até o quarto da Lana, onde o Diego ainda estava sentado na cama lendo um almanaque antigo sobre geografia mundial e a Sabrina ainda estava no computador pesquisando. A Lana bateu a porta e sentou no chão junto comigo.
- Lolita. Querida. – o tom dela não sugeria nada do tipo “querida”, então eu só pude imaginar aonde ela queria chegar – Vamos conversar.
- Sobre? – indaguei, e a Bela se sentou também.
- Sobre essa sua obsessão ridícula pelo meu irmão. – a Lana me respondeu, e eu comecei a corar enquanto soltava:
- Eu não to obsessiva por ninguém! Meu Deus, de onde saiu isso?
- Lolita, nós estamos aqui faz só uma hora e eu não vi você tirar os olhos deles nem por uma droga de segundo! – a Bela exclamou, rindo da minha cara como se eu estivesse sendo absurda.
- E antes disso, na escola. – a Lana prosseguiu, me deixando ainda mais boquiaberta – Você passa meia hora encarando os dois e a outra meia hora fingindo que ignora! Você ta achando que eu sou tonta?
- Não! – eu teimei, indignada – Claro que não! Eu não faço nada disso!
- Faz! – as duas insistiram.
Eu me virei para a Sabrina, como que para pedir ajuda. Ela suspirou e me olhou com ar de culpa.
- Desculpa, prima, mas faz sim. – e torceu o nariz – A Giovanna faz de conta que não vê nada, só que ela também já percebeu. Todo mundo já percebeu, Lolita.
- Gente, não, beleza? – e me deitei no chão, cobrindo os olhos com as mãos – Eu não fico encarando os dois de propósito. Não tem nada, é sério!
- Você está com ciúmes.
E, pra minha surpresa, não foi nenhuma das garotas que falou. Me sentei, e vi que o Diego tinha tirado os óculos e fechado o almanaque que estava lendo.
- Não, Diego, não to. – afirmei, sem nenhuma certeza.
- Lolita, eu já vi, ta legal? – ele girou os olhos – Pelo amor de Deus, você é péssima pra disfarçar qualquer coisa! Você ta com ciúmes dos dois.
- Por que eu estaria com ciúmes deles? Eu nem gosto do Edson!
- Ta legal... - a Bela murmurou, e eu lhe dei um tapa no braço pra que ficasse quieta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Diário (nada) Secreto - vol. 1
Teen FictionLolita e sua turma de amigos acabaram de entrar no primeiro ano do colegial, e é claro que isso implica mudanças. Mas agora, além de ter que lidar com o colégio católico cheio de regras e garotas nada puritanas, as complicações da vida amorosa que a...