A culpa é minha

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- Vamos Bianca.-grita Bruno.
- Calma.-grito de volta. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e desço.
- Demorou pra tá essa merda? Pensei que estaria toda arrumada e bonita.-diz ele.
- Vai se ferrar.-digo dando dedo pra ele.
- Vamos logo.-diz ele.
Entramos no carro e meu pai leva a gente pra escola antes de ir pro trabalho.
- Tchau coroa.-diz Brayan saindo do carro.
- Tchau.-diz Bruno saindo do carro.
- Tchau pai.-dou um beijo na bochecha dele e saio do carro.
- Vamos, não quero levar ocorrência.-corro pra dentro da escola. Ainda bem que o professor de história era legal se não já viu.
- Bom dia professor.-sorrio e entro na sala.
- Senta logo Judith.-diz ele. Não sei porque ele me chama de Judith, só pra me irritar.
O único lugar disponível era do lado do Nathan.
- Professor, tem outro lugar não?-reclamo.
- Não, senta logo Cláudia tá atrapalhando minha aula.-ele aponta pra mesa.
- Se o senhor quer vê a terceira guerra mundial, então eu sento aqui.
Sento do lado do Nathan e evito olhar pra ele, ainda tô magoada. Coloco meu material em cima da mesa e abro meu livro na página que estava escrito no quadro.
- Nathan, cadê seu livro?-pergunta o professor.
- Esqueci em casa.-ele responde.
- Então use o da Bianca pra acompanhar.-o professor manda.
Ah não, não, não, não, mil vezes não. Ele se aproxima de mim em silêncio e eu continuo olhando pra baixo. Agora tenho que sentir a respiração dele no meu rosto também. Depois de um tempo o sinal toca e eu jogo meu material dentro da mochila e saio rapidamente da sala.
- Ei tá tudo bem?-pergunta Felipe.
- Sim.-sorrio e abraço ele.
Eu queria ficar assim pra sempre nos braços dele, me sentindo bem e feliz, ele me dá uma paz e uma felicidade inexplicável só pelo simples fato de está por perto. Olho pra cima ainda abraçada nele e ele me beija. É tão bom a sensação que eu sinto quando ele me beija, como se meu coração aquecesse e os problemas sumissem. Quando o ar some paramos o beijo e ele beija minha testa.
- Vamos comer?-pergunto e ele ri.
- Agora você está bem.
Vamos até a lanchonete e sento em uma mesa vazia enquanto ele vai comprar alguma coisa para nós.
- Nossa que dificuldade te achar.-reclama Anne sentando na mesa que eu estava.
- Eu disse pra procurar primeiro na lanchonete.-Sophia senta do lado dela.
- Cadê o pessoal?-pergunto.
- Sei lá.-Sophia da de ombros.
- Bruno tá na diretoria.-diz Anne.
- O que ele fez dessa vez?
- Melhor nem saber.-ela ri.
Não sei como ele ainda não levou suspensão.
Felipe chega com duas pizzas pequenas, duas latinhas de coca cola e uma barra de chocolate.
- Hm também quero.-diz Sophia.
- Compra lá, é logo ali.-ele aponta pra lanchonete.
- Idiota.-ela levanta e vai comprar alguma coisa.
- É muito bom irritar ela.-ele ri e senta do meu lado.
- É mesmo.-Anne concorda.- Sophia, compra pra mim também.-ela grita e Sophia vira dando dedo pra ela.
- Ela é tão meiga.-debocho.
- Se demorasse pra nascer seria uma égua.-Anne ri.
- Que falsidade falar dos outros por trás.-Felipe balança a cabeça.
- Quando ela voltar a gente fala na frente de novo.-coloco um pedaço de pizza na boca. Continuo comendo e conversando com eles, Sophia volta e senta no lugar de antes.
- Obrigado amiga.-Anne pega o sanduíche da mão dela.
- Olha a falsidade.-Felipe sussurra no meu ouvido e eu começo a rir.
- Nossa Felipe, você falou tão baixo.-Sophia revira os olhos.
- Come aí e fiquem quietos.-reclamo. Nós vivemos brigando e se xingando mas nos amamos , a amizade de nós três é assim. Não imagino minha vida sem elas.
- Sério, meus pais odeiam ela.-Sophia bufa.
- Quem não odeia?-pergunta Anne.
- O Nathan.
- Não sei como ele namora essa garota, nem os animais devem gostar dela.-diz Felipe.
Nem os extraterrestres gostariam de abduzir ela, ela é insuportável. Odeio Eduarda Müller. Termino de beber minha coca cola e levanto pra jogar as coisas da mesa no lixo. Volto pra mesa e abro minha barra de chocolate.
- Gorda, obesa.-grita alguém. Me levanto pra ver quem era e vejo a Duda bitch rindo com algumas pessoas e o Nathan estava rindo junto com ela.
- Não sei aonde ela é gorda, só porque você é uma magrela sem sal, inveja mata querida.-grita Felipe e ela fica séria.
- Ficou quieta foi?-grita Anne.
Sento de novo e começo a rir acompanhada deles.
- Felipe migo, rei lacrador.-Sophia bate palmas.
- Ain assim eu fico com vergonha.-ele coloca a mão no rosto e rimos mais ainda.
- Vou ter que ficar na escola até mais tarde.-reclama Bruno pegando uma cadeira e sentando do lado da Anne.
- Se ferrou.-ela ri.
- Ai amor, coitado de você, por quê você tem que ficar até mais tarde?-ele imita a voz dela.
- Eu não vou falar isso.-ela cruza os braços.
- Você é ruim.-ele cruza os braços e eles dois ficam se encarando e do nada começam a se beijar.
- Que casal mais retardado.-Felipe ri.
- Vai entender.-diz Sophia.
- Eu gosto deles, meu shipp.-faço coraçãozinho com a mão.
- Até que são fofos.-concorda Sophia.
- Alguém quer?-ofereço meu chocolate pra eles. Só ofereço por educação porque não quero que ninguém aceite, mas é claro que eles vão aceitar, é chocolate. Dou um pedaço pra eles e volto a comer.
- Nathan seu gostoso.-grita Bruno e Nathan vem andando na nossa direção seguido pela namoradinha dele.
- Levou suspensão?-ele pergunta.
- Sim, você nem me ajudou.-Bruno reclama.
- Você disse que era cada um por si.-ele ri.
- É mas se eu soubesse que iria me Ferrar não teria dito isso.-Bruno bufa.
Nathan pega uma cadeira e coloca do lado da Sophia enquanto a Duda lerdona fica em pé.
- Eu vou no banheiro.-diz ela pro Nathan e ele balança a cabeça enquanto conversa com os meninos.
Começo a conversar com as meninas e acaba ficando uma enrolação, eles falando de uma coisa é nós de outra.
- Cadê o Brayan e a Milena?.-pergunta Bruno.
- Sei lá.-dou de ombros.
Eles devem estar conversando com os outros amigos deles. Ou aprontando alguma coisa por aí. Só pode.
O sinal toca e eu não quero voltar pra sala, eu quero ir embora. Me levanto e me despeço deles, vou pra sala e abaixo minha cabeça. Ainda bem que não fiz nada porque a professora de filosofia passou um filme, mas não pude dormir porque ela queria um resumo sobre o filme então eu tinha que assistir.
As horas passaram voando e fui pra casa. Depois do almoço estava na sala de estar sozinha com a minha vó conversando com ela.
- Ai que dor no peito.-ela coloca a mão no peito.
- Não vou cair nessa de novo, a senhora já fez isso comigo um milhão de vezes.-reviro os olhos.
- É sério.-ela fala com a voz fraca. Ela merece o prêmio de atriz, sabe atuar muito bem. Não sei porque elas faz essas brincadeiras sem graças, não vou mais cair nessa.
- Pode parar de fingir.-bufo.
- Chama sua mãe.-ela deita no sofá com a mão no peito.-Não tô conseguindo respirar direito.
- Que coisa feia, fica enganado sua neta.-levanto do sofá e vou até ela.-Vó, não gosto dessas brincadeiras.-balanço ela. Ela tá pálida, como assim? Coloco a mão na frente do nariz dela e sinto a respiração fraca. Me afasto com os olhos marejados e abaixo perto dela.
- Mãe!.-grito desesperadamente várias vezes.
Ela aparece na sala junto com o Bruno e o Brayan e corre na minha direção.
- Liga pra emergência.-grito com a voz embargada por causa do choro.

Ela foi levada pro hospital na ambulância e minha tia Dani também foi junto e eu fiquei aqui sentada no chão olhando pro nada, é tudo minha culpa, eu não acreditei nela. Abraço minha perna e choro mais ainda, não sei a quanto tempo estou aqui mas eu ouvi a Sophia e o Nathan conversando com o Brayan e com o Bruno.
- O que aconteceu?-Nathan senta do meu lado com os olhos cheio de lágrimas.
- A culpa é minha, eu pensei que era só mais uma brincadeira.-digo com a voz falha e olho pra frente.
Ele me abraça e eu escondo a cabeça no ombro dele enquanto choro.
- Você não sabia.-ele sussurra.
Fico abraçada com ele até escutar meu celular tocar e atendo, era minha tia Jessica. Conto pra ela o que aconteceu e depois desligo. Eu não quero falar com ninguém, eu quero ver minha vó, eu preciso saber como ela está. Taco meu celular na parede e coloco a mão no rosto.
- Você tá doida? E se minha mãe ligar?-Bruno grita.
- Não vai.-grito de volta. Se ele visse o jeito que ela me olhou quando eu contei o que aconteceu.
Fico andando pra lá e pra cá sem nenhuma notícia, por quê eles não ligam pra falar como ela está?
-Vocês precisam comer alguma coisa, já tá tarde.-diz Laura.
- Obrigado Laura.-Sophia da um sorriso fraco.
Meu pai aparece na sala e olhamos pra ele.
- Como ela está?-sou a primeira a perguntar. Ele suspira e senta no sofá olhando pra nós.
- Ela teve um infarto, o estado é instável.-diz ele.
Depois disso não ouvi mais nada, subi correndo pro meu quarto e me joguei na cama chorando tanto que nem conseguia enxergar direito por causa das lágrimas. Depois de um tempo alguém bate na porta.
- Vai embora.-grito. Felipe deita na cama e me encara.
- Por quê não me disse antes?-ele pergunta e eu abraço ele. Ele não diz nada, apenas passa a mão no meu cabelo e beija minha cabeça. Estava tão cansada de chorar que acabo dormindo nos braços dele.



Esse capítulo :(  ❤



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