Abro os olhos lentamente e não vejo o Felipe. Tomo banho, faço minha higiene e coloco uma roupa qualquer. Vejo minha mãe na sala e vou falar com ela.
- Vai voltar pro hospital?-pergunto.
- Sim, vim pegar umas coisas pra sua vó.-ela joga o celular na bolsa e sai.
- Posso ver ela?-pergunto de costas pra ela.
- Mando o Rodrigo levar vocês lá depois.
Sento no sofá com as mãos no bolso do casaco e fico pensando em tudo que aconteceu ontem. Sinto o sofá afundar e olho pro lado vendo o Nathan.
- Você já comeu?-ele pergunta e eu balanço a cabeça.
- Eu não sinto fome.
- Depois que você dormiu o Felipe foi embora, até porque meu tio nunca deixaria ele dormir no seu quarto, mas ele disse que ia voltar hoje, mas eu disse pra ele ir pra escola e voltar depois.
- Tudo bem.
- Vou pegar alguma coisa pra você comer.-ele levanta e sai da sala.
- Fica tranquila, ela vai ficar bem.-Sophia e Bruno sentam do meu lado.
- Espero.-suspiro.
- Desculpa por ter gritado com você ontem, eu estava nervoso.-diz Bruno.
- Eu não devia ter quebrado meu celular.
- Eu faria o mesmo.-diz Sophia.
Encosto minha cabeça no ombro do Bruno. Nathan volta e me obriga a comer um pouco.
- Cadê o Brayan e a Milena?-pergunto.
- Estão no hospital, eles acordaram bem cedo e pediram pro meu pai levar eles.-diz Bruno.
Chegamos no hospital no horário do almoço e abraço minha tia Jessica bem forte.
- Eu quero ver ela.-minha voz sai abafada por causa do abraço.
- Seu tio está lá dentro, fique calma.-diz ela.
Solto ela e limpo as lágrimas.
- Chegaram hoje?-pergunta Nathan abraçando ela.
- Ontem á noite.-diz tio Vini.
Ficamos esperando por notícias, eu quero ver ela e pedir desculpas, não pode acontecer nada a ela, ela é minha única vó viva.
- Nós vamos comer alguma coisa, querem ir?-pergunta tia Jennifer. - Eu vou também.-Brayan e Milena vão junto com eles.
Sento e espero meu tio Jonathan aparecer.
- Esse café é ruim ou é minha boca?.-Nathan faz uma careta e joga o copo de café no lixo.
- Tio.-levanto e abraço ele.
- E minha vó?-pergunta Sophia.
- Ela está descansando, vocês querem ver ela?-ele pergunta e nós assentimos.
- Venham comigo.-diz ele.
Entramos no elevador, andamos por um corredor. Ele conversa com outro médico depois vira e abre uma porta.
- Vai ser rápido.-diz ele.
Entro no quarto e paro perto da cama olhando pra ela, sua aparência está abatida e ela só está aqui a um dia. Encosto na mão dela e as lágrimas começam a escorrer.
- Vó.-Sophia passa a mão no cabelo dela.
- Vamos deixar ela descansar.-meu tio coloca a mão no meu ombro. Saímos do quarto e voltamos pra recepção.
- Eu não trabalho aqui, então não posso fazer muito.-diz meu tio.
- Ela vai ficar com alguma sequela?-pergunto com medo da resposta. Ele suspira e manda a gente sentar.
- Ainda é cedo pra saber.-diz ele.- Estou fazendo de tudo para me manter informado.
- Vocês estão aonde?-pergunto.
- Em um hotel, vamos ficar aqui até ela sair do hospital.-ele responde.
- O senhor já comeu?-pergunta Sophia.
- Não.-ele levanta.- Vou comer alguma coisa, vocês fiquem aqui, eu já volto. Assentimos com a cabeça e ele sai.
- Pelo menos ela tá bem.-diz Nathan.
Ficamos conversando até nossos tios voltarem.
- Bianca vem cá.-meu tio Vítor levanta e eu sigo ele até um corredor onde tinha um bebedouro.
- Que foi?-pergunto.
- Sua mãe contou o que aconteceu. Eu acho muito errado o que você fez com a sua vó.
Levanto a cabeça e olho pra ele que tem uma expressão séria no rosto.
- Eu já estou me sentindo culpada o bastante.
- Tem que se sentir mesmo, ela pede ajuda e você fica olhando como se fosse uma piada.
- Eu pensei que era uma piada, ela sempre fazia brincadeiras desse tipo comigo.
- Vai dizer que a culpa é da sua vó agora?
Olho pra ele com os olhos marejados, eu não acredito que ele tá falando isso pra mim, ele nunca foi assim.
- Eu não jogo os seus erros na sua cara.
Eu sei que ele é meu tio, mas eu estou sem paciência.
- Que erros? Eu mereço respeito.
- Não se faça de desentendido, eu sei que a Sophia é adotada mas vocês nunca contaram pra ela.
Ele olha pra mim com uma expressão surpresa e depois confusa.
- A Sophia não é adotada.
- Não minta, eu descobri tudo, juntei as peças, chega de mentiras.- digo um pouco mais alto que antes.
- Não é a Sophia que é adotada, é o Nathan.-ele fala no mesmo tom que eu.
- O que?-diz Nathan.
Meu tio levanta o olhar e arregala os olhos, viro pra trás e vejo o Nathan olhando pra nós com uma expressão de pânico.
- Nathan.-tio Vitor anda até ele e ele se afasta.
- Por que você nunca me disse?-ele sussurra com os olhos marejados.
- Nós iriamos contar, só esperamos o momento certo, eu não queria que você descobrisse assim.-Vitor coloca a mão no ombro do Nathan.
Ele balança a cabeça e olha pra mim com uma expressão de raiva.
- Você também mentiu pra mim?-ele pergunta.
- Eu.. Não sabia, eu pensei que era a Sophia.-respondo confusa.
Ele tira a mão do Vitor do braço dele e sai correndo.
- Nathan.-Vitor vai atrás dele.
Fico ali parada um pouco atordoada com a revelação e vou andando pra recepção.
- O que aconteceu?-pergunta minha mãe.
- Nathan descobriu a verdade.-sinto as lágrimas caírem.
Todo mundo olha pra mim esperando uma explicação.
- Você contou pra ele?-Dani levanta.
- Não venham me culpar, culpem a si mesmos por esconderem isso dele.
Vou até a saída do hospital e coloco o capuz do meu casaco e as mãos no bolso, saio correndo sem rumo virando em várias direções por minutos e acabo parando em um banco de madeira. Fico ali olhando as pessoas passarem por não sei quanto tempo, só sei que está mais frio que antes e eu estou congelando. Um carro para na minha frente e a porta se abre.
- Graças a Deus te achei.
Não lembro o que aconteceu depois disso. Mas cheguei em casa de algum jeito.
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Nada normal
Teen FictionBianca, uma adolescente de 15 anos, que tem uma família completamente pirada. Ela só queria ter uma vida normal com pais responsáveis e uma vó que não seja loucona. Entre aventuras e confusões ela se vê indecisa sobre o garoto que ela gosta. (Plági...