10. Support

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P.O.V Camila

Um mês havia se passado desde que eu passei a morar em Miami quando eu recebi a primeira ligação da minha família. Não fui atrás deles por nada desde que me mudei, eles me queriam fora de suas vidas e eu só estava cumprindo esse desejo. Assim que atendi o telefone, a voz do meu pai fez com que meu coração disparasse. Ele parecia que estava chorando. Papa nunca chora. O mais velho não enrolou pra me contar a verdade, a qual fez com que tudo piorasse e aquela voz de choro passasse a ser a minha.

Minha mãe, apenas alguns dias depois de eu ter ido embora, tinha descoberto que estava com câncer em um estágio já avançado. Ela começou com quimioterapia mas o tumor não estava diminuindo. Sinuhe estava morrendo e meu pai queria que eu tivesse a chance de me despedir, quem sabe até mesmo esquecer de nossas diferenças por algum tempo.

Quando desliguei a chamada, já era incapaz de conter as lágrimas, e chorava expulsando todas as lágrimas do meu corpo, em desespero. Não demorou muito para que as meninas ouvissem meus soluços, e logo Lauren, Dinah, Normani e até mesmo a pequena Nina estarem me abraçando, sem ousarem perguntar o motivo da minha agonia. Me larguei nos braços delas, tentando controlar a dor que eu estava sentindo em meu interior.

Quando finalmente estava mais calma, me senti a vontade para contar para elas o porquê do meu choro frenético.

- Minha mãe tá com câncer. Meu pai disse que ela não tem mais do que algumas semanas de vida. - limpei as lágrimas que insistiram em escorrer pelo canto dos olhos com as pontas dos dedos – Eles descobriram tarde demais – enfiei minha cabeça no pescoço de Lauren, sentindo a garota me abraçar.

Nessas últimas semanas desde que Dinah e Normani começaram a desconfiar de nosso envolvimento, nem eu e Lauren fizemos questão de esconder. Não estávamos namorando, mas sempre estávamos lá uma pela outra, com beijos e carícias como bônus. Claramente, o casal Hensen-Kordei e a mini criatura, vulgo, Nina, não paravam de encher o saco.

As garotas não falaram nada, só continuaram me dando suporte, que era tudo o que eu mais precisava nesse momento, acredito que nada do que elas dissessem seria capaz de me confortar mas do que os abraços que eu recebi.

- Eu vou visitá-la. Preciso me despedir, vê-la por uma última vez, independente do que ela pensa sobre mim, ainda sou sua filha. Até meu pai quer que eu vá. - contei para Lauren, assim que as outras nos deixaram sozinhas.

- Você deveria ir mesmo. Não acho que deveria fazer isso sozinha. Digo, depois de tudo o que te disseram. Gostaria de ir com você, Camz. - ela acariciava o meu rosto, e me fez sorrir.

- Você não precisa fazer isso, Lo. Aquela cidade é horrível, pode perguntar pras suas irmãs.

- Na verdade, acho que elas vão querer ir junto também. Sua família antiga deveria conhecer sua família nova, não acha? - ela sorriu.

- Saio amanhã, de qualquer jeito. Se quiserem ir comigo, serão bem-vindas em meu carro. Já não posso dizer o mesmo sobre aquela cidade de merda.

...

Estava a poucos quilômetros da minha antiga casa. Eu estava nervosa com a ideia de encarar novamente minha mãe, com medo de como ela reagiria a minha presença. Será que me abraçaria e me perdoaria por eu ser tudo aquilo que ela me criou para odiar, pedindo para que curtíssimos seus últimos momentos juntas, como na família que fomos um dia? Ou será que ela me olharia com ódio me mandaria sair da frente dela e nunca mais aparecer na cidade? Mas também, estava nervosa ao pensar em como a encontraria. Ela ainda estava falando? Andando? Se alimentando sozinha? Talvez ela estivesse viva apenas por estar conectada a aparelhos, sem estar consciente. E eu me perguntava o que eu preferia: Vê-la em coma em uma cama de hospital, ou encará-la em sua plena sanidade, me olhando com ódio e repulsa.

Eclipse - CamrenWhere stories live. Discover now