21. The Secret

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P.O.V Camila

Lauren parecia extremamente nervosa com o que tinha que me contar. Ela passava as mãos em minha cintura de forma ansiosa enquanto eu estava sentada em seu colo, podia observar que mordia a parte interna de sua bochecha, mas não desviava seus olhos dos meus. Até que finalmente tomou coragem para me contar o que tanto a angustiava, depois de eu afirmar em um tom obvio que jamais espalharia para alguém algo que minha namorada tanto queria preservar.

- Acontece que... Nina é minha filha. Quer dizer, minha filha biológica.

Não soube o que dizer. Meu queixo caiu, não tive reação alguma. Agora fazia sentido a semelhança tão grande das duas, aqueles olhos verdes, os traços perfeitamente desenhados e até mesmo os dentinhos de coelho que as duas tinham. Mesmo com tudo isso, eu jamais desconfiara dessa ligação entre as duas. Ficamos por quase um minuto inteiro sem dizer nada, eu queria perguntar mais sobre como isso tinha acontecido, mas simplesmente nenhuma palavra saia da minha boca, estava em choque ao saber disso. Não soube como reagir.

- Eu engravidei dele, Camz. - me explicou quando percebeu que eu não sairia do silêncio. Seus olhos já começaram a lacrimejar, não houve dúvidas para saber de quem "ele" se tratava. - Quando as meninas me adotaram, eu ainda não sabia que estava grávida. Descobri entre aqueles milhares de exames que fizeram pra checar a minha saúde. Saudável, porém, grávida. Não quis abortar, apesar de as meninas não aprovarem muito, me apoiariam caso essa fosse minha decisão. Ela nasceu prematura, mas milagrosamente sem nenhuma deficiência. Não foi difícil pra Dinah e Normani conseguirem a guarda da Nina, e não exitei em aceitar quando elas perguntaram se podiam ficar com a pequena.

Ainda meio sem palavras, abracei minha namorada. Pelo menos depois de tudo o que ela passou, alguma coisa boa saiu disso, Nina, que era uma criança doce, bem-humorada e feliz. Talvez nunca soubesse o que foi preciso acontecer para que viesse ao mundo, mas assim era melhor. Lauren a esse ponto, chorava com as lembranças, o rosto enterrado em meu pescoço.

- Lo... Eu... - comecei, mas nada saia da minha boca. Ainda estava meio em choque com todas essas informações novas.

- Tudo bem, não precisa falar nada. Eu só... Precisava te contar isso. Não acho justo esconder um segredo tão grande quanto esse de alguém que amo. Você merecia saber. Só, por favor, não conte isso pra ninguém, detesto falar nesse assunto e Nina não pode saber disso nunca.

- Não precisa se preocupar com isso, meu amor. Eu nunca contaria pra alguém.

Continuamos mais um tempo acordadas, deitamos abraçadas sob as cobertas e continuamos conversando. O assunto sobre Nina e sua adoção não durou muito, já que Lauren parecia extremamente desconfortável com o assunto e eu não queria pressionar ela em nada que trouxesse mais más lembranças. Fiquei algum tempo, olhando suas cicatrizes na barriga, aquelas que minha namorada carregava como marca de toda a crueldade que passou nas mãos de um homem que não merecia o direito de ser considerado um pai, de receber esse título e ser chamado por tal.

...

Acordamos na manhã seguinte com dois pequenos corpos pulando em cima da cama. Nina e Sofia riam descontroladas, se jogando sobre mim e sobre Lauren. Não consegui acordar de mau humor com aquelas duas ali, tão felizes e animadas por estarem perturbando nossas vidas. Nina se sentou em meu colo e Sofia fez o mesmo com Lauren. Acariciei o rostinho da garotinha, dessa vez analisando mais a fundo seu rosto e reparando em cada semelhança da pequena com a Lauren. A pequena sorriu pra mim, me dando um abraço, enquanto Sofia mexia nos cabelos de minha namorada. Dinah logo brotou na porta.

- Tentei impedir que elas invadisse o quarto, achei que tivessem passado a madrugada fodendo. Mas acho que nah, aí ela só entraram mesmo. Problema de vocês que acordaram. Tem comida na mesa, café da manhã, só vão.

Lauren ficou um pouco ruborizada quando Dinah falou sobre foder. Minha namorada ainda ficava sem graça, às vezes, quando falavam dessa forma descarada de sexo com ela. Levantamos e fomos junto com as meninas pra cozinha. Eu continuava morta de sono, já que dormimos por poucas horas essa noite. Normani percebeu o jeito que eu olhava para Nina, como se estivesse analisando a garotinha, porque eu realmente estava. Não quis ser tão explícita com a forma que olhava para a menina, mas não pude evitar.

- Sofi, pala de comer e vem brincar. - Nina falava, puxando a mão de Sofia, que estava sentada no colo da Lauren comendo uma banana.

- Ou, criatura, sossega e deixa a mini Cabello comer. - falou Lauren, bagunçando os cabelos da menina.

- Vem com a Mila, divido minha panqueca com você. - assim que ouviu falar de comida, ela pulou no meu colo, e a criaturinha comeu mais da minha comida que eu. - Normani, você alimenta a sua filha com que frequência? Parece que a criança acabou de chegar da Somália. - perguntei brincando, pelo tanto que a criaturinha comia.

- Filha da Dinah né, dá nisso. - falou olhando pra esposa, que tinha a boca cheia de comida e enfiava mais lá dentro.

- O que foi? - perguntou com a boca cheia de panqueca, nos olhando confusa. Apenas balancei a cabeça e voltei minha atenção pra Nina, que pedia mais.

Passamos a manhã toda assim, minhas duas famílias unidas. No dia que saí de casa, não esperei que as coisas iam se tornar tudo isso. Não esperava me mudar para uma nova cidade, ter uma nova vida e conhecer uma pessoa incrível, que de repente se tornou o mundo em minha vida. Mas tudo isso aconteceu. Meu pai, que podia jurar que me odiava depois que descobriu minha sexualidade, se apoiava em mim e na minha nova família para superar o luto da perda de minha mãe, que deixou bem claro o quanto me amava acima de tudo antes de partir. Papai, que me proibiu de trabalhar cuidando de uma garotinha só porque ela tinha duas mães, agora era acolhido por essas mesmas mulheres. É assim que a vida funciona, as coisas mudaram, e a cabeça dele mudou junto.

Eclipse - CamrenWhere stories live. Discover now