Eclipse - Camren

13. Memories

Agradecimentos especiais pra blackispoeticXx que me deu a ideia pra escrever o capítulo. OBRIGADA MOÇA, VOCÊ É LINDA                                                                                                                              ...

P.O.V Lauren

Não queria estar naquela festa. Cheia de pessoas com quem eu não me importava, todas fazendo coisas escrotas, apenas para chamar a atenção e serem notadas. Sem contar nos casais se agarrando nos cantos, quase transando na frente de todos, o que me deixava angustiada. Fui convencida graças as insistentes súplicas de Ally e da empolgação de Camila quando soube que teria festa.

Eu estava sentada no sofá da casa da Emma, que era a garota que estava dando a festa, – uma das meninas mais populares da universidade, uma típica patricinha de filme – enquanto minha latina tentava me tranquilizar e fazer com que eu me sentisse um pouco mais confortável. Pude sentir o olhar de Brad sobre a gente enquanto trocávamos carícias, mas não me importei.

- Lo, eu vou pegar bebida pra gente. Já volto. - Camila avisou e antes de sair de perto de mim, deu um selinho nos meus lábios, fazendo-me sorrir e acompanhar seu corpo com os olhos, até perdê-la de vista.

Peguei meu celular e entrei no twitter, apenas para ficar fuçando enquanto a garota não voltava, quando senti o sofá afundar ao meu lado e percebi um forte cheiro de perfume masculino. Respirei fundo tentando me controlar. "Calma, Lauren. É só um garoto" repeti para mim mesma, me forçando a acreditar que não tinha problemas estar tão próxima de uma pessoa do sexo oposto.

Eu senti uma mão na minha coxa. E não eram os dedos macios e leves de Camila. Era uma mão áspera e pesada. Como a mão do meu pai. Minha respiração começou a ficar ofegante e eu travei. Larguei meu celular, o derrubando no meu colo. Não conseguia me mover, por mais que eu quisesse tirar a mão daquele garoto de mim. Eu comecei a tremer e suar, enquanto aqueles dedos passavam por toda a minha coxa. Fechei os olhos, tentando recuperar os sentidos, mas as lembranças invadiram novamente a minha mente como um tsunami.

- Lauren... você sabe que faz tempo que eu gosto de você, não é mesmo? - ouvi a voz de Brad perto da minha orelha, sentindo sua respiração em meu pescoço. - Aquela garota, que estava aqui com você, quem é ela? Acho que deveríamos fazer algo nós três... se é que me entende.

Minha respiração a essa altura estava totalmente desregulada e as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Bradley passava seus lábios pelo meu pescoço e eu nem tinha forças o suficiente para impedi-lo. Eu só queria que minha Camz voltasse logo. E ela voltou.

- QUE PORRA VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! - gritou Camila, puxando Brad do sofá e o empurrando para longe de mim. Eu encolhi meu corpo e abracei minhas pernas, deixando que as lembranças tomassem conta de mim e me rendi ao choro. Não fiz escândalo, apenas deixei com que as lágrimas vazassem dos meus olhos. - NÃO COLOQUE ESSA MÃO IMUNDA NA MINHA GAROTA!

- Nossa, a sapatão ficou estressadinha é? Bem que eu adoraria um showzinho particular das duas... - o garoto soltou um sorriso debochado. Camila não hesitou em estalar a mão na cara dele, fazendo o som do tapa ecoar por todo o local. Eu estava tremendo, muito.

- Camz... - chamei, em uma altura tão inaudível que nem mesmo eu fui capaz de ouvir o som da minha voz.

Brad não tirou o sorriso do rosto, mesmo com a marca dos dedos da latina em sua bochecha.

- Ficou estressadinha? Certeza que se tivesse um macho pra te controlar você não faria isso. - esse foi o ápice para a morena.

Ela avançou nele, desferindo uma série de socos em seu rosto. Nesse momento, uma rodinha se formava em volta dos dois. Eu só me encolhia no sofá, chorando. Fechei meus olhos, não vi e nem ouvi mais nada. Lembrei-me da minha mãe, quando tentou me defender do meu pai pela primeira e única vez. Pude até ouvir o som dos seus gritos quando ele bateu nela, ordenando que a mulher se comportasse. Recordei dos gritos da minha irmãzinha, que era apenas um bebê na época e não entendia o que estava acontecendo. E tudo isso me fez chorar. Chorar como se não houvesse amanhã. Então tudo ficou escuro. Retomei meus sentidos quando Camila passou os braços ao redor do meu corpo.

- Passou, passou... - repetia a de olhos castanhos enquanto me abraçava, me acariciando.

Quando abri meus olhos e olhei para a latina, Ally estava fazendo um curativo nos ferimentos nos olhos e lábios de Camila. Olhei em volta e não estávamos mais na festa. Era a sala de casa. Por quanto tempo eu estive desligada? Inerte nos meus próprios pesadelos? Inebriada pelo pânico?

- O que aconteceu? - perguntei, para as duas garotas.

- Camila brigou com o Bradley por que ele estava... Te assediando. - a baixinha contou, sem graça e evitando olhar para mim – Eles acabaram saindo na mão, e isso aconteceu – apontou para o rosto da latina – Quando olhei pra você, você estava desmaiada, mas ainda assim estava chorando. Camila decidiu parar de bater no Brad e te trouxemos pra casa.

- Quanto tempo eu fiquei apagada? - perguntei.

- Por mais de uma hora. - Normani disse, entrando no cômodo. - Você teve um ataque de pânico, Lauren. Aí você desligou.

Já faziam dois anos que isso não acontecia. Quando eu comecei a morar com Normani e Dinah, era completamente comum eu começar a chorar descontrolavelmente por qualquer coisa e depois desmaiar. Era uma maneira do meu cérebro de lidar com coisas difíceis, era bem mais fácil me desligar do que continuar vivendo as dificuldades.

Ally terminou de fazer os curativos no rosto de Camila. Eu abracei a latina, que retribuiu, acariciando minhas costas.

- Eu quero ficar sozinha com a Camila. - afirmei. As garotas assentiram e a morena segurou em minha cintura, me levando até o quarto que estávamos dividindo. Eu me deitei na cama, em seguida ela se deitou ao meu lado, abraçando-me.

- Quer conversar? - perguntou.

- Amanhã. - deitei a cabeça no peito da morena, e com muitos minutos de silêncio, acabei pegando no sono.